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RN é uma fábrica de campeões

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Que o Brasil é a maior referência no Jiu-Jítsu mundial não é novidade, mas dentro desse ramo das artes marciais o Rio Grande do Norte vai despontando como uma dos principais centros. Prova disso foi a excelente participação dos atletas potiguares na disputa do Pan-americano, realizado no último final de semana em Salvador/BA, onde a academia Kimura-Nova União sagrou-se campeão por equipe com destaque para as medalhas de ouro de Diego Quadros (que se sagrou tricampeão continental), Fábio Luís e Hérico Pereira. O sucesso nos tatames já está fazendo a prática se transformar em produto de exportação, uma vez que a Kimura abriu filiais na Suíça, na Noruega e nos Estados Unidos.
Diego Quadros, Bolinho e Hérico Pereira mostraram a força do jiu-jítsu potiguar
Luta de solo originária do Japão, onde Jigoro Kano desenvolveu um novo método para as lutas de solo, a luta que visa a imobilização do adversário chegou ao Brasil onde as técnicas de combate foram aperfeiçoadas pela família Gracie, que se notabilizou mundo afora vencendo lutas diante de adversários dos mais variados pesos e estilo de luta. O reconhecimento foi tão estrondoso que hoje o modelo desenvolvido no país ganhou um capítulo a parte no mundo das artes marciais sendo taxado como Jiu-Jitsu do Brasil, onde as técnicas de estrangulamento são consideradas as mais viris e praticamente não oferece chance de reação aos adversários. O estrangulamento é o golpe considerado perfeito, assim como o Ippon está para o judô.

Tal técnica fez com que os brasileiros se tornassem referência e o alto nível competitivo chegou ao RN onde a arte reúne mais adeptos a cada dia. Se há alguns anos praticantes mal intencionados mancharam a imagem do esporte através de envolvimento em distúrbios urbanos, principalmente em Natal onde gangues de lutadores passaram a se enfrentar de forma feroz pelas ruas, a nova geração do jiu-jítsu potiguar foi obrigada a lutar bravamente para retirar esse esporte das páginas policiais dos jornais, para transformá-lo em motivo de orgulho entre a população, trazendo conquistas de todos os tipos e ajudando a difundir de forma positiva a imagem do RN.

Nova geração

Diego Quadros, 23 anos, que ingressou nesse mundo apenas há cinco anos, é um dos que ajudaram a mudar a imagem do jiu-jítsu no estado. Estudante de Educação Física, ele só fez acumular títulos importante em sua curta carreira e está comemorando a sua mais recente conquista: o tricampeonato Pan-americano. O mais interessante na carreira desse atleta da categoria até 64 kg é que as conquistadas foram se sucedendo com faixas diferente. “Na primeira vez fui competir com a faixa azul e fui campeão, depois me sagrei bicampeão do Pan lutando com a faixa roxa e esse ano fui promovido para faixa marrom e voltei com o tricampeonato. Por decisão do meu técnico só recebi a nova graduação dias antes do campeonato para dificultar a situação dos meus adversários, uma vez que pelo retrospecto chegaria a Salvador como favorito ao ouro”, afirmou Diego.

Das três lutas que realizou para chegar a essa nova conquista, o atleta potiguar disse que a mais complicada foi a primeira. “Não sei da nacionalidade dos meus adversários por que evito saber detalhes sobre eles, mas o combate de estreia foi o mais complicado devido ao nervosismo. No final consegui vencer com um estrangulamento pelas costas e isso me deu confiança para continuar minha jornada”, disse o atleta que recentemente assinou um patrocínio com a empresa Queijo Di Búfalo e já faz planos para, em dezembro, participar do primeiro Mundial da Liga Profissional, uma categoria nova que está surgindo no esporte e que tende a tornar a situação mais rentável para os atletas.

Na esteira do sucesso também vem Fábio Luís (Bolinho), 26 anos, que é lutador da categoria meio-pesado, mas que na competição realizada na Bahia foi obrigado a enfrentar adversários da categoria pesado e surpreendeu. Bolinho conquistou a medalha de ouro entre os lutadores de faixa preta, vencendo seus dois primeiros combates também com por estrangulamento. “Bati um baiano e um pernambucano nas lutas iniciais e na final enfrentei o paulista Marcelo Copa, que é considerado um dos grandes nomes brasileiros, por pontos”, frisou Fábio Luís, que tem no cartel um título mundial de faixa roxa, conquistado em 2004.

Solidificação

A conquista veio num momento de solidificação da carreira do atleta, que devido a uma contusão no joelho passou quatro anos afastados dos combates, aos quais regressou apenas no início da atual temporada. Bolinho também participa de alguns combates de Vale Tudo, onde está invicto e por isso, negocia participação no Platino Fight, que será realizado no Rio de Janeiro e irá reunir alguns dos grandes nomes mundiais da modalidade.

Veterano dessa turma, Hérico Pereira, 28 anos, tem nove anos de dedicação ao jiu-jítsu e colocou no peito pela primeira vez a medalha de ouro numa competição internacional. Campeão da categoria galo, na faixa preta, ele também teve uma história de superação, originalmente faixa marrom, ele foi obrigado a competir com oponentes uma faixa acima da sua e teve de demonstrar muita competência para deixar Salvador como primeiro lugar do pódio. Essa temporada Hérico que divide o tempo de treino estudando e trabalhando como professor de jiu-jítsu, já havia conquistado medalhas de bronze no Campeonato Brasileiro e na última edição do Campeonato Mundial.

“Gostaríamos que esse nosso trabalho fosse reconhecido pelas autoridades locais que isso se transformasse em algum tipo de ajuda. Arranjar patrocínio é muito difícil e precisamos de auxílio para participar de competições importantes. O Acre já ajuda seus atletas, a Paraíba também, só falta desenvolver um projeto esportivo de incentivo no RN. Nós trazemos resultados, mas não temos qualquer incentivo e seria bom que isso fosse diferente”, ressaltou Hérico Pereira.

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