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RN está em baixa na rota de cruzeiros

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Yuno Silva
Repórter

O cenário é mais que favorável: praias de águas mornas distribuídas em 410 quilômetros de litoral, dunas de fama internacional, um sol que brilha majestoso quase que o ano todo, gastronomia sofisticada e atrações naturais que agradam turistas de qualquer parte do mundo. Mesmo com todos esses atributos, incluindo a disponibilidade de um terminal de passageiros inaugurado há pouco mais de quatro anos, o Rio Grande do Norte figura de forma tímida na rota dos principais transatlânticos que atracam nos portos brasileiros durante a temporada de cruzeiros marítimos de turismo que se inicia neste mês de novembro e segue até o início de abril.

Na temporada passada, de acordo com informações da Codern (Companhia Docas do RN), Natal recebeu apenas cinco cruzeiros entre novembro de 2017 e março de 2018, que totalizaram cerca de dois mil turistas, e as perspectivas para o verão 2018/2019 não são animadoras. Até o momento, ainda conforme a Codern, estão confirmados quatro desembarques – o primeiro navio com turistas atraca na capital potiguar no dia 7 de dezembro.

Em termos comparativos, Recife receberá 18 escalas e cerca de 30 mil turistas durante a atual temporada. O Ministério do Turismo (MTur) assegura que o mercado de cruzeiros marítimos está aquecido no País: nos próximos meses serão ofertadas 496 mil vagas, para 585 escalas em 14 portos de sete estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará e Santa Catarina. O MTur registrou 13% de incremento na oferta de leitos e 30% nas vendas para a temporada 2018/2019.

Porém, por aqui, tudo indica que a situação não deverá melhorar no curto e médio prazos. A divulgação do destino entre as operadoras de cruzeiros marítimos não é maior porque esbarra em limitações físicas que impedem a entrada de navios de grande porte na foz do Rio Potengi. “A altura da Ponte Newton Navarro (55 metros no vão central) é nosso principal entrave para a atração de grandes cruzeiros. Esse seria o principal motivo do Estado não investir nesse segmento”, declarou a Secretaria Estadual de Turismo (Setur) através de sua assessoria de Imprensa.

O calado aéreo, distância entre a linha da água e o ponto mais alto de uma embarcação, mínimo exigido por órgãos internacionais parte dos 60 metros. A ponte Rio-Niterói, por exemplo, tem 72 metros de altura no vão central. No período da Copa do Mundo de 2014, vários navios deixaram de vir a Natal justamente por conta da altura da ponte Forte-Redinha.

Outro ponto alegado pela Setur para justificar a falta de investimento nesse tipo de turismo diz respeito à relação de custo-benefício: “O turista dos cruzeiros que atracam aqui passa no máximo 10 horas em Natal. Os demais passam, em média, sete dias. Sem falar que os cruzeiros possuem sistema ‘all inclusive’, que inibe os gastos na cidade. Então, por ser mais estratégico e inteligente, temos empregado os poucos recursos disponíveis de forma a melhorar o fluxo turístico do nosso Estado” em outras modalidades.

Fernando de Noronha
Para contornar as limitações impostas pela altura da Ponte Newton Navarro, a Codern tem negociado a inclusão de Natal nas escalas de navios que fazem a rota para Fernando de Noronha. “O diálogo está avançado, e a partir de fevereiro de 2019 poderemos ter 38 escalas ao longo do ano”, adiantou a Companhia Docas do RN através da assessoria de imprensa. Os navios que circulam entre a costa continental e Noronha são de grande porte, mas ficam abaixo dos 55 metros de altura.

Enquanto essa possibilidade não se concretiza, o investimento de R$ 72,5 milhões em recursos oriundos do governo Federal na construção, restauração (do antigo imóvel) e estruturação do Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Natal está sendo recuperado de forma alternativa: para evitar a depreciação do terminal por falta de uso, a Codern passou a alugar o espaço para eventos a partir do mês de agosto de 2018 por valores que variam entre R$ 4 mil e R$ 30 mil – dependendo da ocupação do equipamento, que dispõe de salão que comporta até 1.500 pessoas, e um mirante no segundo piso para até 600 pessoas. De agosto para cá, já foram promovidos quatro eventos de grande porte e outros sete estão agendados para ocorrer até fevereiro de 2019.

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