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RN já registra 61 casos de estupro este ano

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Maria Emília Tavares
subeditora do TNonline

As Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs) já registraram 61 casos de estupro no Rio Grande do Norte no período de janeiro a agosto deste ano. O número representa 68,5% dos casos que aconteceram em todo o ano passado, quando foram registrados 89 crimes sexuais no Estado, de acordo com dados da Coordenadoria de Defesa dos Direitos das Mulheres e da Minoria (CODIMM). O Estado possui cinco DEAMs, sendo duas em Natal – na Ribeira e no Conjunto Potengi -, uma em Parnamirim, uma em Mossoró e outra em Caicó.
Medo e a vergonha de denunciar a violência, além do receio no atendimento nas delegacias, resulta em subnotificação dos crimes
O número, porém, pode ser maior, já que o medo e a vergonha de denunciar esse tipo de violência resulta em uma subnotificação dos crimes. Para a delegada titular da DEAM de Parnamirim, Paoulla Maués, a cultura do machismo em todo o mundo contribui para isso. “A mulher não quer por uma série de razões. Ela teme que isso seja espalhado, não ter apoio da sociedade, não ser acreditada dentro da própria família. E isso se agrava mais entre mulheres casadas, que ficam envergonhadas por ser um crime tão íntimo e tão grave”, explicou a delegada Paoulla Maués.

Para Maués, o atendimento diferenciado nas delegacias especializadas encoraja as mulheres vítimas de estupro. Na DEAM de Parnamirim, uma parceria com uma universidade particular disponibiliza atendimento psicológico inicial para as vítimas das violência e a iniciativa deverá se estender para as outras delegacias.

Segundo a pesquisa “Percepção sobre violência sexual e atendimento a mulheres vítimas nas instituições policiais”, divulgada ontem (21) pelo  Fórum Brasileiro de Segurança e Datafolha, 50% dos entrevistados acreditam que a Polícia Militar não está bem preparada para atender vítimas de violência sexual;  42% acredita que a Polícia Civil não está preparada e 53% da população acredita que as leis protegem os estupradores. De acordo com Maués, esse receio no atendimento nas delegacias não é só no Brasil e existe também nos outros serviços para onde a vítima é destinada. “Nossos profissionais estão sendo constantemente qualificados. É claro que precisamos avançar mais, mas estamos bem encaminhados”, explica.

Culpa
Os números da pesquisa do  Fórum Brasileiro de Segurança e Datafolha, que ouviu 3.625 pessoas com 16 anos ou mais, em 217 municípios brasileiros, revelam que uma grande parcela dos entrevistados considera as próprias mulheres vítimas de agressão sexual como responsáveis por não se comportarem de acordo com uma “mulher respeitável” e que, caso tivessem tomado as “precauções” necessárias, as vítimas não teriam sido atacadas pelos criminosos.

Pela pesquisa, 30% dos entrevistados culpam as vítimas de estupro pelo crime. O resultado mostra que 42% dos homens e 32% das mulheres concordam com a afirmação de que “mulheres que se dão ao respeito não são estupradas”, enquanto 51% dos homens e 63% das mulheres discordam da afirmação.

As pessoas mais novas, com menos de 60 anos, tem um olhar menos preconceituoso e não tendem a culpar as vítimas. Por exemplo, a pesquisa mostra que 44% dos brasileiros com 60 anos ou mais acreditam que uma mulher que use roupas provocativas não pode reclamar se for estuprada. A firmação é considerada verdade apenas por 23% dos brasileiros com idade entre 16 e 34 anos.

A educação também é um diferencial importante e uma pista para transformar a realidade brasileira. Enquanto 47% das pessoas que cursaram o ensino fundamental acreditam que são estupradas mulheres que não se dão ao respeito, apenas 19% daqueles que cursaram o ensino superior compartilham da mesma visão. Um dado positivo, que indica um futuro mais promissor em relação à conscientização da não violência contra a mulher, é o fato que 91% dos brasileiros acreditam que temos que ensinar meninos a não estuprar.

A pesquisa também revelou que 65% dos brasileiros temem ser vítima de violência sexual. O medo é mais intenso entre as mulheres, atingindo 85% das brasileiras. O porcentual também varia de acordo com a região, chegando a 87,5% das mulheres no Norte e 90% no Nordeste. No Centro-Oeste e no Sudeste, 84% das mulheres afirmam ter esse medo e no Sul, 78%.

O que é estupro
Estupro é um tipo de violência sexual em que as vítimas são alvo de humilhação controle sobre o corpo que se expressa pelos meios sexuais. A experiência deixa sequelas nas vítimas nas esferas físicas e/ou mental a curto e longo prazo. De acordo com a pesquisa, 85% das mulheres brasileiras têm medo de sofrer violência sexual.

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