sexta-feira, 19 de abril, 2024
29.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

RN perde 96 linhas intermunicipais

- Publicidade -

Ricardo Araújo
Repórter

Em 15 anos, o Rio Grande do Norte perdeu metade das empresas de ônibus do transporte intermunicipal de passageiros. Até o início dos anos 2000, uma dezena delas explorava o mercado potiguar, cobrindo os 167 municípios e a maioria dos distritos e comunidades rurais. A popularização dos veículos próprios, cuja facilidade na aquisição expandiu o número da frota no período, aliada à falta de fiscalização que deveria impedir a ação dos transportadores clandestinos, também chamados de loteiros, fez com que 300 ônibus saíssem de circulação e, pelo menos, 1.500 postos de trabalho fossem cortados no mesmo intervalo de tempo, segundo dados da Federação das Empresas de Transporte de Passageiro do Nordeste (Fetronor).

Apenas cinco empresas operam, hoje, linhas intermunicipais (Foto: Alex Régis)
Apenas cinco empresas operam, hoje, linhas intermunicipais (Foto: Alex Régis)

O resultado: 96 linhas intermunicipais foram simplesmente abandonadas, pois as empresas que as exploravam  faliram. A maioria delas, afogada em dívidas trabalhistas. Das cinco que ainda resistem, duas estão sob intervenção judicial e o prognóstico do presidente da Fetronor, Eudo Laranjeiras, não é dos melhores. “Se não houver, por parte do Governo do Estado, ajuda às empresas com fiscalização mais rigorosa, com licitação técnica, as empresas não resistirão mais cinco anos”, disse. No período analisado pelo presidente da Fetronor, as empresas Trans Salineira, Queiroz e Melo / Trans Sul, Unidos, Brandão e Auto Viação Oeste deixaram de existir. A causa apontada pela Federação: a clandestinidade desenfreada. Hoje, somente cinco empresas atuam no transporte intermunicipal rodoviário de passageiros: Alves, Cabral, Jardinense, Nordeste e Riograndense.

E quem recorre ao transporte intermunicipal, independente se para viagens próximas ou distantes da capital, não está satisfeito. “Em uma semana, três ônibus da empresa que faz o itinerário aqui para Pirangi do Norte quebrou três vezes. A população fica a mercê desses ônibus que nunca passam na hora, não são novos, as passagens custam caro e nunca sabemos se iremos chegar no destino na hora certa. É sempre um problema. As passagens só aumentam, não há segurança, os ônibus são velhos e não há melhorias no serviço”, declarou o estudante Leonardo Júlio. Somente no ano passado, ele passou por 17 episódios diferentes de pane mecânica nos ônibus que fazem o trajeto Pirangi do Norte – Natal. Por ser um caso comum, ele compartilha nas redes sociais quando há qualquer problema nas viagens e as reclamações quanto ao serviço proliferam.

DER reconhece problemas
Para fiscalizar todas as rodovias estaduais que cortam o Rio Grande do Norte, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/RN) conta com 35 agentes de fiscalização. “É impossível dar conta. O cobertor é muito curto e o Estado é impedido de realizar concurso público”, disse o diretor presidente do órgão, Jorge Ernesto Fraxe. Sobre as declarações do presidente da Fetronor, Eudo Laranjeiras, acerca da fragilidade da fiscalização para combater a atuação de transportadores clandestinos de passageiros, Fraxe disse que concorda com algumas delas. “Eu também acho que falta fiscalização. Concordo com ele (Eudo Laranjeiras). Nós não temos estrutura para fiscalização. Mas eu faço um esforço enorme para combater os clandestinos”, ressaltou.

Além disso, o diretor presidente afirmou que o DER não poderia ser responsável pela gestão e fiscalização do sistema de transporte intermunicipal e sugeriu que um órgão com status de Secretaria ou Superintendência, com capacidade de arrecadação e independência financeira, fosse criado pelo Governo do Estado. Até os anos 1970, existia um órgão chamado Superintendência de Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte que tinha justamente tal função. “A gestão deveria ser através de uma Secretaria ou Superintendência específica. Um órgão para gerir o setor e buscar um solução sustentável, arrecadando mais e se sustentando. O DER é, hoje, incapaz de fazer uma boa fiscalização”, declarou Jorge Fraxe.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas