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RN perde Luzia Dantas, uma de suas maiores escultoras

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Considerada uma das maiores escultoras do Rio Grande do Norte, Luzia Dantas de Araújo faleceu no último sábado (12), aos 85 anos, em Currais Novos. A obra dedicada em boa parte às imagens sacras lhe rendeu o título de ‘santeira’, apesar de outros personagens típicos do Nordeste também fazerem parte de seu rico acervo.  A artesã seridoense era contemplada com o Registro do Patrimônio Vivo (RPV), uma lei criada no estado para auxiliar artistas populares e mestres do folclore para que possam manter sua produção. O detalhismo de Luzia Dantas e sua franca inspiração no barroco são fatos que tornaram memoráveis a obra da artista. 
Luzia Dantas de Araújo faleceu no último sábado (12), aos 85 anos, em Currais Novos. A obra dedicada em boa parte às imagens sacras lhe rendeu o título de santeira
Luzia começou a entalhar ainda na infância, no sítio Cachoeira, município de São Vicente, onde nasceu em 1937. Fazia os próprios brinquedos, como cachorros, gatos, coelhos, etc. A inspiração pode ter vindo dos bonecos que a mãe fazia com cascas de melancia. Aos poucos, começavam a chegar as primeiras encomendas. Primeiro, da própria vizinhança, mais brinquedos para a meninada, logo vieram as encomendas de santos e Luzia aprendeu a afiar os olhos e as ferramentas para esculpir tudo o que via ao seu redor.
A artista fez tentativas de esculpir na pedra, mas optou definitivamente pela madeira. Sua madeira preferia era a umburana, bastante comum na caatinga sertaneja. Ela iniciava a obra com um facão para conseguir o tamanho ideal, depois usava trinchas e sovelas para dar forma à nova escultura. Só depois da peça lixada é que começava o acabamento. 
A escultora Luzia Dantas já havia sido contemplada como Registro do Patrimônio Vivo (RPV)
As peças de Luzia não ficaram restritas ao RN. Foram para o mundo: Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Estados Unidos, Portugal. Dizem que até o Papa tem uma escultura assinada por ela. No começo dos anos 2000, Luzia Dantas esteve no Museu Câmara Cascudo para receber o catálogo com a sua obra no acervo da instituição. A arte de Luzia é objeto de pesquisas na instituição desde os anos 1960, no então Instituto de Antropologia.
A arte de Luzia Dantas teria sido “descoberta” pelos pesquisadores Veríssimo de Melo e Câmara Cascudo ainda nos anos 1960, com direito a citação em seus livros. No final da década de 1970, participou das pesquisas do programa Bolsa Trabalho Arte. Volta no ano 2000, na pesquisa “Santeiros e Devoções”, da professora Wani Pereira e no projeto Vernáculo, de 2012.
Suas obras formam uma das mais antigas coleções no acervo do MCC. São 25 obras, incorporadas entre os anos 1960 até a primeira década dos anos 2000. Os trabalhos retratam na madeira, o cotidiano do sertanejo como “Mula com Barris” (1962), “Vaqueiro com boi”(1963), “Casa de farinha” (1965) e “Construção de açude” (1965), com um estilo realista, quase como a fotografia daqueles momentos.
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