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RN possui apenas nove CAPS-AD

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Apesar da nova lei antidrogas já estar oficialmente em vigor desde sua publicação no Diário Oficial da União, sua implementação nos serviços de saúde, na prática, ainda deve demorar para acontecer. Ao todo, no Rio Grande do Norte, existem nove Centros de Atenção Psicossocial da modalidade Álcool e Outras Drogas (CAPS-AD), dos quais dois deles são tipo 3, organizados para funcionar durante 24h e oferecer leitos de acolhimento para os pacientes. 

De acordo com a nova legislação, os CAPS-AD tipo 3 poderiam estar habilitados para receber as internações involuntárias de usuários. Para os gestores, no entanto, o momento é de discutir e avaliar os novos pontos da lei, ao invés de apressar sua implementação.
CAPS-AD II Norte trabalha dinâmicas individuais e em grupos com utilização de recursos didáticos pelos usuários para promover a aprendizagem e o exercício da cidadania em situações de convívio social

CAPS-AD II Norte trabalha dinâmicas individuais e em grupos com utilização de recursos didáticos pelos usuários para promover a aprendizagem e o exercício da cidadania em situações de convívio social

#SAIBAMAIS#“A lei está muito fresca, e algumas representações já estão se opondo a ela, então acho que não é o momento de pensarmos como vamos implementar. É o momento de discutir, escutar as críticas e ver o que os especialistas estão pensando sobre o tema. Esse primeiro momento não é de implementar, e sim de discutir”, afirma a psicóloga Nietsnie de Souza, que atua no Departamento de Saúde Mental do município de Natal.

Na capital potiguar, há dois CAPS-AD: um localizado na zona Norte, que ainda não funciona durante 24 horas, apesar de possuir a estrutura física para tal, por falta de recursos humanos, e um na zona Leste, esse com 10 leitos de acolhimento habilitados. Ao todo, os dois CAPS fazem uma média de 800 atendimentos mensais, entre grupos terapêuticos, triagens, acolhimentos e oficinas de arte e leitura.

Criados especificamente para atender às pessoas que buscam o serviço através de uma equipe multidisciplinar, com psicólogos, médicos, enfermeiros e assistentes sociais, eles atualmente são uma das principais estratégias para o tratamento de dependentes de drogas no País, mas estão longe de ser os únicos necessários para resolver o problema.

Para Nietsnie, é preciso compreender que as pessoas não estão “tuteladas aos CAPS”, e que os dependentes devem transitar por toda a rede de atenção em saúde. De acordo com ela, o atendimento deve vir desde a atenção básica, considerando a série de problemas de saúde que podem ser ocasionados a partir do uso abusivo de drogas.

O tema, no entanto, ainda é um tabu até mesmo para os profissionais de saúde, que acabam encaminhando grande parte da demanda que poderia ser atendida na atenção básica para os Centros.

“Há muita resistência. Muitas vezes, é só ouvir o nome “álcool” ou “droga” que as pessoas já encaminham para o CAPS”, afirma Nietsnie. De acordo com ela, muitas demandas já estabilizadas, como pessoas que já passaram mais de seis meses sem utilizar substâncias, acabam sendo encaminhadas ao CAPS, quando poderiam ser atendidas pela atenção básica. “A gente está no momento de fazer a atenção básica conseguir dar conta dessas demandas”, completa.

Atualmente, a maior demanda dos CAPS diz respeito a dependência do uso de álcool. No CAPS-AD Zona Norte, 47% procuraram o serviço em decorrência do álcool, e 43% pelo uso combinado de álcool e outras drogas, e apenas 8,3% dos pacientes consumem apenas drogas ilícitas. A média, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, é um demonstrativo verossímil do perfil de atendimentos do município.

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