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RN tem 3ª maior taxa de desemprego

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Rio (AE) – A taxa de desemprego no Brasil atingiu 8,3% no segundo trimestre de 2015 e no Rio Grande do Norte foi ainda maior: 11,6%, no período. No país, foi o pior resultado da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012. No estado, foi o pior para o segundo trimestre.  A taxa potiguar também ficou acima da registrada no primeiro trimestre deste ano, de 11,5%. Os dados foram divulgados ontem.

Apesar do aumento, o Rio Grande do Norte, que de janeiro a março ficou com a maior taxa de desocupação entre os estados, neste trimestre ficou em terceiro lugar no ranking, atrás da  Bahia (12,7%) e de Alagoas (11,7%).
Atendimento no Sine, que encaminha trabalhadores para empresas: Geração de vagas é insuficiente
Os dados se referem a pessoas com 14 anos ou mais. E a taxa significa o percentual de pessoas desocupadas em relação às pessoas na força de trabalho.

O economista e chefe do IBGE-RN, Aldemir Freire, destaca que o rendimento médio real do trabalho principal no estado fechou o segundo trimestre em R$ 1.309,96. Houve queda de 0,85% sobre o trimestre anterior, em 2015, e aumento de 3,55% na comparação com o segundo trimestre de 2014.

Já a massa de rendimento real mensal habitualmente recebido no RN no segundo trimestre de 2015 ficou em R$ 1,82 bilhão – foi 6,37% superior à do primeiro trimestre do ano passado.

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No Brasil, com a renda em queda e sem a segurança do emprego com carteira assinada, um número cada vez maior de brasileiros tem saído em busca de trabalho. Só que a quantidade de vagas criadas está longe de acomodar todos os candidatos. O resultado é o aumento da taxa de desocupação.

“O aumento da desocupação vem da maior procura por trabalho. A geração de vagas é bem inferior ao que seria necessário para manter a taxa estável”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Em todo o País, 8,354 milhões de pessoas procuraram emprego sem encontrar entre abril e junho deste ano. O contingente é o maior já observado na pesquisa e 23,5% superior a igual período de 2014.

O avanço do número de desempregados pode estar apenas no começo. Hoje, muitas pessoas que tinham carteira assinada e foram dispensadas ainda contam com o seguro-desemprego e os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e podem não estar atrás de trabalho. “Mas não sabemos quanto tempo essa rede de proteção vai durar. Se o cenário não se modificar, ou seja, desemprego continuar aumentando e carteira continuar caindo, pode ter pressão maior”, reconheceu o coordenador do IBGE.

Mesmo antes de isso se concretizar, a velocidade da deterioração do mercado de trabalho já tem chamado a atenção. No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego subiu 1,5 ponto porcentual em relação a igual período de 2014 (6,8%), algo inédito na pesquisa. Esse ritmo deve continuar até o fim do ano, prevê o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo.

“Havia muita gente que não estava trabalhando e que não estava buscando emprego. Hoje, com um aumento dos gastos, as pessoas estão voltando ao mercado de trabalho à procura de um emprego”, explicou Melo.

Situação no estado piora para homens
A queda do emprego em atividades como construção civil e agropecuária, em que os homens predominam entre os trabalhadores, levou a taxa de desocupação entre “eles” a crescer. A das mulheres, por outro lado, diminuiu e as duas acabaram se equiparando no Rio Grande do Norte, observa o economista Aldemir Freire, em seu blog “Economia do RN”, publicado no site http://www.riograndedonorte.net/

Freire calcula que, juntas, a agropecuária e a construção tenham registrado uma redução de 108 mil postos de trabalho nos últimos trimestres e chama a atenção para  a “progressiva convergência da taxa de desocupação entre homens e mulheres” por esse e outros motivos.

“No primeiro trimestre de 2012 a taxa de desocupação das mulheres no RN era de 14,3%, contra uma taxa de 9,6% para os homens. Progressivamente ao longo dos trimestre seguintes essas taxas foram convergindo, com queda da desocupação feminina e aumento da masculina. No segundo trimestre de 2015 essas taxas estão rigorosamente iguais: 11,6%”.

No Brasil essa igualdade não ocorre. No período de abril a junho de 2015 a taxa de desocupação das mulheres no Brasil foi de 9,8%, contra 7,1% para os homens. O mesmo ocorre para o Nordeste. Nesse mesmo trimestre a desocupação do sexo feminino ficou em 11,9% e na população masculina em 9,1%.

“Uma primeira explicação que eu tenho para o caso do RN está no comportamento do emprego setorial no período. Ultimamente duas atividades tem registrado forte queda nas ocupações no estado. O primeiro deles é a construção civil, que entre o primeiro trimestre de 2014 e o segundo de 2015 perdeu 59 mil postos de trabalho no estado. Outro setor relevante é o da agropecuária: entre o começo de 2012 e a última divulgação da PNAD Contínua o setor perdeu 49 mil ocupações. Assim dois setores com predomínio de trabalhadores masculinos tiveram uma redução de 108 mil postos de trabalho nos últimos trimestres. Esse movimento fez com que a taxa de desocupação masculina crescesse no período”, diz Freire e acrescenta: “Por outro lado, como são setores que demandam trabalhadores de mais baixa qualificação, o pessoal que foi dispensado dessas atividades teve dificuldade de ingressar em outras”.

“O outro lado da moeda”, segundo o economista, é que “nos últimos trimestres o setor de serviços, notadamente a atividade de “administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais”, foi a que se destacou na geração de ocupações no estado”. “Nesse setor a presença feminina é bem mais expressiva do que na agropecuária e na construção civil. Com isso as mulheres foram mais beneficiadas pela dinâmica setorial do mercado”.

Cresce busca por emprego e pelo próprio negócio
São Paulo (AE) – Em um ano, 971 mil pessoas que tinham carteira assinada no setor privado, no Brasil, perderam esse vínculo, um sinal de que a qualidade do mercado de trabalho brasileiro está diminuindo. Para correr atrás do prejuízo, houve quem apostasse em abrir o próprio negócio, seja como vendedor ambulante ou como prestador de algum serviço, por exemplo. São os chamados “conta própria”, modalidade que aumentou em 989 mil no período.

Só que os trabalhadores por conta própria costumam viver na informalidade, e seus ganhos acabam sendo menores. Para tentar evitar perdas no poder de compra da família, outros membros passam a correr atrás de emprego – principalmente os jovens. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego na faixa de 18 a 24 anos saltou de 15,3% para 18,6% em um ano.

“Os jovens são os primeiros a sentir a pressão do processo de (aumento da) desocupação, isso já é histórico”, disse Azeredo.

O aumento da procura por emprego também se espalhou em quase todas as regiões. Quatro Estados registraram suas máximas históricas na taxa de desocupação, entre eles São Paulo (9%). Os demais foram Rio Grande do Sul, Paraná e Goiás. No Rio Grande do Norte, a maior taxa foi atingida no primeiro trimestre de 2013 (12,1%). A segunda maior foi registrada no primeiro trimestre de 2014 (11,7%) Entre as grandes regiões, Sudeste, Centro-Oeste e Sul bateram recordes de desemprego.

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