Valdir Julião
Repórter
Com infestação predial de mosquitos Aedes aegypti classificada como de risco ou em situação de alerta para 90,54% dos 167 municípios do Rio Grande do Norte, as autoridades de saúde pública começam a se preocupar para a possibilidade de um surto ou epidemia de arboviroses em todo o Estado. O primeiro Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de 2018, feito em março pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), indica que apenas 14 municípios ou 8,38% estão com índice abaixo de 1,0%, o que os colocam em situação satisfatória na questão de infestação predial, enquanto 43 estão em situação de alerta (25,74%) e 108 (64,67%) em situação de risco.
Entre janeiro e maio deste ano, a Sesap já autorizou a circulação do carro fumacê em 17 cidades
#SAIBAMAIS#A subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, Maria de Lima Alves, diz que apenas dois municípios estão sem informação, Umarizal, na região Oeste, porque não enviou nenhum dado, e Natal, “porque utiliza metodologia diferenciada, o monitoramento por ovitrampas”.
Mesmo com o número de casos bem abaixo de 2016 e um pouco acima do ano passado, Maria de Lima disse, ainda, que se tem no Rio Grande do Norte alto índice de municípios com infestação predial, “o que necessita um olhar mais atento das prefeituras para o controle vetorial”.
Maria de Lima explica que, por conta disso, já se começa a ter uma demanda pelo carro fumacê, que só é indicado em localidades onde existe alto índice de infestação do mosquito e transmissão das arboviroses com casos notificados e confirmados, de acordo com normas do Ministério da Saúde.
Entre janeiro e maio, a Sesap já autorizou o deslocamento de carros fumacês para espalhar inseticidas em 17 cidades, em algumas delas com mais de uma intervenção, como é o caso de Natal, quatro vezes, e Campo Redondo, na região do Trairí, e Mossoró, na região Oeste, em duas ocasiões.
Maria lima, subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Sesap, diz
que é preciso que as condições ambientais estejam favoráveis para
interromper o ciclo do mosquito
Na avaliação da Sesap, segundo Maria Lima, existem muitos problemas em relação ao controle vetorial nos municípios, mas o carro fumacê só é liberado em última situação, entretanto se precisa avaliar o índice de infestação casa a casa e como isso ocorre. “Infelizmente, o que a gente vem verificando nessa avaliações, o trabalho não vem sendo feito com qualidade, que é passar de casa em casa, eliminando focos, tratando com larvicidas nos locais em que não pode ser eliminada a água, recolhimento de lixo em casa, que é responsabilidade dos moradores e nas ruas, onde a responsabilidade é dos gestores públicos”, exemplificou. Segundo ela, “um conjunto de situações contribui para que esse ciclo do vetor (mosquito) não seja interrompido, e para interromper é preciso que as condições ambientais estejam favoráveis”.
Em relação ao número de casos de dengue, chikungnya e zika no Rio Grande do Norte, dados referentes à semana epidemiológica 17, com informações coletada até 28 de abril, mostram que desde janeiro de 2018, já foram notificados 7.332 casos suspeitos de dengue, com 2.278 casos confirmados (31,07% dos casos). Em 2017, no mesmo período, o número de casos suspeitos era 4.092 e os confirmados 707 (17,3%).
Já os casos suspeitos de chikungunya em 2018 chegaram a 805 e os confirmados 52, contra 792 casos suspeitos no mesmo período de 2017, sendo 239 casos confirmados. Quanto ao casos suspeitos de zika, este ano foram 143 e 19 confirmados. Em 2017 foram 231 casos suspeitos e apenas três confirmados. A Sesap informa que este ano não se tem morte confirmada por arboviroses, mas há dez óbitos notificados em investigação.
Raio-X no RN e Natal
Dados sobre infestação no Estado e casos das doenças em Natal
Índice de infestação predial por pesquisa larvária – RN
Em março de 2018 – Aedes aegypti/albopctus
Situação entomológica em 167 municípios
Satisfatório 14 (8,38%)
Alerta 43 (25,74%)
Risco 108 (64,67%)
Sem informação 2 (1,19%)
Maiores Índices
Jucurutu 24,80
Acari 23,50
Pilões 21,20
Canguaretama 21,00
Marcelino Vieira 20,50
Pedro Avelino 19,20
São Rafael 19,10
Caiçara do Rio dos Ventos 18,80
Santo Antonio 18,40
Rodolfo Fernandes 18,20
Pedra Preta 18,00
Guamaré 17,50
Caicó 17,70
Nova Cruz 17,10
Patu 16,60
Zona Leste
Chikungunya 36
Dengue 282
Zika 01
Zona Norte 1
Chikungunya 39
Dengue 1.072
Zika 08
Zona Norte 2
Chikungunya 75
Dengue 1.380
Zona Oeste
Chikungunya 33
Dengue 695
Zika 04
Zona Sul
Chikungunya 20
Dengue 510
Zika 00
Número total de casos
Chikungunya 203
Dengue 3.939
Zika 45