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Rodas de conversa exercitam idiomas

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Yuno Silva
Repórter

Há três meses, o estudante universitário Rubens de Azevedo Maia Júnior, de 26 anos, decidiu que era hora de começar a se comunicar com parentes que moram na Espanha. Até meados de maio, seu vocabulário estava limitado ao pouco que aprendeu durante os ensinos Fundamental e Médio: “Não conseguia me comunicar, não sabia falar nada”, lembrou Rubens, que hoje faz ligações internacionais sem ajuda de intérpretes e já é considerado fluente pelos familiares mesmo sem ter feito um curso formal.

Mesas reúnem brasileiros interessados em aprender um idioma adicional e estrangeiros intercambistas interessados em falar português

Mesas reúnem brasileiros interessados em aprender um idioma adicional e
estrangeiros intercambistas interessados em falar português

A proeza de aprender um idioma adicional em pouco tempo foi conquistada por Rubens na base de muita disciplina, força de vontade, e – sobretudo – a partir da interação com pessoas de outros países que falam espanhol. “Quando comecei a frequentar o Salão Poliglota e aprender de verdade, me apaixonei pela língua e passei a estudar em casa por conta. Se depender de mim não pe4rco nenhum encontro”, contou o pai do pequeno Lorenzo, de 2 anos, que ainda está aprendo a falar (português) mas já pronuncia algumas palavras em espanhol só por ver o pai praticando. “Ouvir uma pessoa falando por duas, três horas, é mais eficiente que todas as aulas que tive”, garantiu.

Rubens é um, entre tantos interessados, que buscam o Salão Poliglota para aprender e/ou exercitar não só o espanhol, mas também o francês, o inglês e o italiano. Projeto de extensão do IFRN Natal-Central, a iniciativa tem atraído cada vez mais pessoas e os resultados surpreendem.

Coordenado pela professora Vitória Régia Silva de Oliveira, o Salão Poliglota realiza encontros quinzenais gratuitos e abertos ao público interno (alunos, professores e servidores) e externo à instituição.

A dinâmica é simples, e não há nada rígido: as pessoas que vão chegando procuram vaga em uma das oito mesas que reúnem brasileiros interessados em aprender um idioma adicional e estrangeiros intercambistas (do Rotary, e das organizações AFS e AIESEC) interessados em falar português. Boa parte do público é formada por estudantes com idade entre 15 e 20 anos, mas não há restrição de faixa etária. Das oito mesas, três são dedicadas ao inglês, duas ao espanhol, outras duas ao francês, e mais uma de italiano – a inclusão do alemão também está nos planos.

Os grupos são acompanhados por um mediador, ora bolsistas voluntários ora professores de línguas do próprio IFRN, que mantém a conversação ativa. Assunto não falta, e se faltar cartões sobre as mesas com palavras chaves como “esporte”, “cinema”, “viagem”, “política”, “música” alimentam o papo. Um caderno com vocabulário também está disponível para auxiliar na interação.

Na noite que a reportagem da TRIBUNA DO NORTE apurou a matéria, cerca de 50 brasileiros se misturaram a intercambistas vindos da Bélgica, doas Estados Unidos, Finlândia, Paraguai, Alemanha, Porto Rico e Groenlândia. Muitos estrangeiros, aliás, estão aprendendo o português como quarta, quinta ou sexta língua.

Além das rodas de conversa, o Salão Poliglota ainda promove momento cultural para reforçar a integração de forma lúdica; e disponibiliza material didático e paradidático (CDs, DVDs, livros) gratuito aos frequentadores – doados pelo próprio público que também frequenta o espaço.

O clube
A proposta começou a ser pensada há cerca de sete anos, quando a professora Vitória Oliveira viajou para a Bélgica e tomou ciência de uma projeto semelhante. “Foi quando tive a ideia de trazer para cá para Natal. Mas o projeto só ganhou corpo quando estive em Brasília e fui a um outro encontro de poliglotas. Lancei a proposta para meus alunos do curso de Comércio Exterior, trabalhamos para tornar a proposta um projeto de extensão, e hoje estamos aqui já com convite da direção do IFRN para dar segmento à iniciativa”, comemorou Vitória.

A professora avisa que os encontros são gratuitos e abertos a qualquer pessoa interessada. “Articulamos a participação dos intercambistas, sempre com foco na prática. Também temos recebido pessoas querendo exercitar um idioma adicional, gente que, por falta de prática, acaba esquecendo o que havia aprendido, por exemplo, em um curso particular”. O nível da conversação varia de acordo com cada mesa. 

Um outro clube de poliglotas que já se reunia periodicamente no Natal Shopping, também se integrou ao Salão. “É um espaço para socializar e aprender, e quem está vindo já percebe resultados”, assegurou a professora Vitória de Oliveira, coordenadora do projeto de extensão Salão Poliglota.

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