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Rodriguinho dando a volta por cima

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Felipe Gurgel – Repórter

No final de 2009, o meio campo Rodriguinho, que na época tinha apenas 20 anos, tomou uma decisão radical: abandonar o futebol. Os eram do pouco espaço que vinha tendo no time do ABC e também as constantes perseguições da torcida, toda vez em que ele entrava em campo. Decidiu, então, retornar para o futsal, esporte onde começou a carreira. Mas, foi naquele mesmo ano que as coisas começaram a mudar para o jovem atleta. Em decisão com o seu empresário, o habilidoso meio campo foi tentar a sorte em algum time do futebol paulista. Com pouco mais de 10 dias em São Paulo, conseguiu acertar um contrato com o Bragantino, para disputar a principal divisão do futebol paulista, o mais rico do Brasil.

“Fui para São Paulo no dia 14 de dezembro de 2009, sem nenhuma perspectiva de clube. Não sabia se ia ser contratado, se ia apenas fazer testes, não tinha nada planejado. Graças a Deus consegui ser contratado pelo Bragantino e foi ali, que tudo mudou para mim dentro do futebol”, relembra Rodriguinho.
Rodriguinho,  com toda sua família, sabe que o apoio deles foi de extrema importância para alcançar o sucesso no América/MG
Mas, o meio campo não teve apenas momentos de alegria no final daquele ano. Pela primeira vez na sua vida, ele passou o Natal e Reveillon longe de seus familiares. “Esse foi o momento mais difícil da minha chegada em São Paulo. Desembarquei no dia 14 e não tinha como retornar para Natal para passar as festas de fim de ano e depois, voltar para lá. Foi uma saudade muito grande que me deu, mas, essa foi a profissão que escolhi e não tinha como abrir mão da oportunidade.  Ainda bem que suportei todas as dificuldades e agora atravessando esse grande momento na minha carreira”, afirma.

Na equipe de Bragança Paulista, o jogador potiguar ficou durante uma ano e seis meses, o suficiente para chamar a atenção de grandes clubes do Brasil. Entre eles, o Santos, de Neymar. Mas, as  sondagens não se transformaram em contratos e depois do campeonato paulista dessa temporada, Rodriguinho recebeu uma proposta do América/MG, clube que estava retornando para a divisão de elite do futebol brasileiro. Pouco conhecido no cenário nacional, o meio campo começou a competição como reserva. Mas, sempre que entrava nas partidas, conseguia se destacar. Foi assim, que assumiu a titularidade no “Coelho” e, por um bom tempo, ficou na equipe principal.

Com a péssima campanha que a equipe mineira fazia na competição, ocupando a zona de rebaixamento durante quase todas as 38 rodadas e com constantes trocas de técnico, o jovem potiguar ficava alternando entre o time principal e o banco de reservas. Mesmo assim, ele continuava se destacando e, dessa vez, a sondagem não veio de nenhum time brasileiro. E sim, de um dos maiores clubes do mundo, o Milan, da Itália.

“Na verdade, eu não estava sabendo de nada. Foi meu irmão, Alexandre, que viu a notícia na internet e ligou me avisando. Fiquei surpreso e assustado ao mesmo tempo. É uma honra ter seu nome ligado a um clube como o Milan. Mas, disse para mim mesmo, que não adiantava ficar sonhando com isso, sem render nada dentro de campo. Por isso que me esforcei mais para ajudar o América no campeonato, para poder merecer essa chance na Itália”, disse.

A sondagem não se tornou realidade e pior, o América/MG acabou sendo rebaixado para a série B do Brasileiro. Situação que o jogador não entende até agora. “Nosso time era bom, tinha jogadores de qualidade. Conseguimos vencer o Corinthians, Vasco, Fluminense, Botafogo, todos os times que estavam brigando pelo título. Infelizmente, as derrotas no começo da competição atrapalharam muito o América/MG e acabamos rebaixado”, revela.

Sobre o futuro, Rodriguinho ainda não definiu em que tima vai jogar, mas, continuar em Minas Gerais é um boa opção. “Devido ao meu bom trabalho no América, a direção está pensando em adquirir 50% dos meus direitos federativos. Vamos ver o que acontece. Mas, se os campeonatos começassem hoje, meu destino seria o América”, afirma.

Meio campo aconselha jovens a sair de Natal

Com coragem e esperança, Rodriguinho deixou Natal para trás, na tentativa de fazer sucesso fora de sua cidade. Oriundo das categorias de base do ABC, o meio campo sabe das dificuldades que os jogadores formados aqui, passam para alcançar o reconhecimento. “Souza só foi ídolo aqui, depois do sucesso que conseguiu no Corinthians. Acho que apenas Wallyson conseguiu se destacar, nesses últimos anos, sem ser cobrado pela torcida, como acontece com a maioria dos jovens da base. Isso atrapalha muito”, afirma o jogador.

A lista dos jogadores da base que não conseguem espaço ou não contam com o apoio da torcida, no time principal, principalmente em clubes como ABC e América, é grande: Gabriel, Édson, Sorato, Wlademir, Richardson, David, Delano, Soares. Todos tiveram chances como titulares, mas acabaram ficando em segundo plano.

Com Rodriguinho, a situação foi quase a mesma dos outros. Sendo que, quando o jogador foi alçado para o time profissional, em 2008, ele era tido como substituto de Wallyson, que tinha sido o grande destaque do ABC na temporada de 2007.   Mas, a pressão da torcida, alguns problemas extra campo e desentendimentos com dirigentes e técnico, fizeram com que o jogador deixasse o clube.

Atitude da qual ele não se arrepende e ainda dá conselhos para os jovens que estão esperando uma oportunidade nos clubes potiguares. “Quando as coisas dão erradas, a culpa sempre acaba sendo dos jogadores de casa. Então, o que posso dizer é que, quando surgir um chance de jogar no sul do país, o jogador tem que ir, sem nem pensar. Os jogadores da base, aqui em Natal, são pouco valorizados”, revela.

Apoio da família foi fundamental

Para conseguir alcançar destaque nacional, Rodriguinho teve que abrir mão do conforto de casa e também do convívio com sua família. Desde que se transferiu para o Bragantino, em 2010, o meio campo teve poucas oportunidades de vir a Natal. Em 2011, a única chance só veio a acontecer, com o término da temporada. Ele ficou quase um ano sem ver sua mãe, Salete Marinho, seu pai, João Marinho e seu irmão, Alexandre. Apenas sua esposa, Emiliana Gonçalves, morava com o jogador, primeiro em São Paulo, depois em Minas Gerais.

“A saudade é muito grande, mas a satisfação de ver meu filho realizando seu sonho, de alcançar o sucesso fora daqui, é muito maior do que a distância. É uma felicidade sem tamanho”, afirma a mãe de Rodriguinho.

O pai, seu João, pela experiência de vida, de ter viajado muito quando era mais jovens, sempre trabalhando, sabe das dificuldades de viver longe da família. “Eu passava muito tempo da família e seu o quanto é difícil. É preciso ter uma base muito grande para não fazer besteira. Acredito que o Rodrigo tem essa base e por isso está conseguindo atingir seus objetivos. Tudo começa pela família”, revela.

Se os pais são só elogios, o mesmo não pode se dizer do irmão Alexandre. Fã número 1 do irmão, ele também é um do seus maiores críticos. “Vejo tudo que sai na televisão, jornal, internet, do Rodriguinho e deixo ele informado com tudo. Mas, se jogar mal, cobro também. Não é apenas porque ele é meu irmão, que vou dizer que ele jogou bem sem ter jogado. Se fizer errado, eu reclamo”, brinca Alexandre.

Mas, Rodriguinho sabe que as críticas que escuta da família, são para o seu bem. Ao contrário de sua época no ABC. De acordo com o jogador, existia uma corrente no clube e também na torcida, que sempre criticava o jogador. “Sei que tinha gente dentro do ABC que recebia apenas para me criticar. Infelizmente, dentro do futebol, essas coisas existem. Mas, não me preocupo mais com isso. Estou conseguindo me destacar no cenário nacional. Espero que meus críticos de antes,  possam me aplaudir agora”, disse.

Sonho é ser ídolo de um grande clube

A adaptação ao futebol mineiro foi tão rápida, que o jogador não pensa em retornar para os clubes do Rio Grande do Norte tão cedo. Mesmo que não fique no América/MG, a vontade dele é ser ídolo de um grande clube do Brasil. “Vou ser bem sincero: não tenho vontade de jogar nesse ou naquele clube. Com todo respeito que tenho ao América/MG, quero defender o clube como Flamengo, Corinthians, Santos, que sempre disputam as primeiras colocações. Espero que isso aconteça. Primeiro, quero me destacar no Brasil, ser campeão, para depois pensar em sair do país”, revela.

Sobre a possibilidade de voltar a defender o ABC, Rodriguinho disse que não tem pressa. Mas, pensa como isso poderia acontecer. E, poderia contar com ajuda de dois ex-companheiros de clube. “Quem sabe eu não volte um dia e, ao lado de Wallyson e João Paulo, que são meus amigos, levamos ao ABC para a primeira divisão do Brasileiro? Essa é uma vontade que tenho”, encerrou.

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