Romário alerta: o futebol mundial está “decadente” e a seleção argentina hoje é melhor tecnicamente que a do Brasil. O veterano atacante garantiu que pára de jogar até o final do ano.
Aos 41 anos, Romário teve sua marca de mil gols reconhecida na terça-feira pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter. Agora, além de continuar defendendo o Vasco no Campeonato Brasileiro, ele ainda exerce um papel de embaixador da candidatura do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 – mesmo assim, avisa que 90% dos estádios do País não tem condições de receber um jogo de Copa.
Você foi escolhido como uma espécie de embaixador da candidatura do Brasil para sediar a Copa de 2014. Mas o Brasil tem estádio para sediar uma partida do Mundial?
Teremos de fazer uma melhora de 90% dos estádios que existem no Brasil. A CBF, governadores dos estados e prefeitos sabem disso. Mas com a possibilidade de sediar daqui a sete anos, temos com certeza tempo para deixar os estádios impecáveis.
O problema maior será a infra-estrutura dos estádios ou gramado?
O gramado é o menos importante. Os estádios pré-selecionados têm bons gramados. Mas o principal agora é ajustar a infra-estrutura. Alguns estádios são muito antigos e construção não está adequada.
Além de estádios, o Brasil terá de montar uma equipe competitiva, já que a pressão por uma vitória da seleção será grande. Como fazer isso?
Na verdade, os jogadores que tem 28 anos hoje não conseguirão chegar a 2014. É verdade que o futebol nem sempre segue regras claras em termos de idade e eu posso dizer isso pela minha experiência. Mas o foco de um trabalho devem ser os jogadores de 17 a 23 anos, que é quem devem estar em 2014. Precisamos fazer um importante trabalho de base para que, em sete anos, o País faça uma boa apresentação e que possa ganhar uma Copa em casa, que é o que falta a nosso futebol.
A Copa América provou que a seleção não precisa dos astros?
Tecnicamente o futebol mundial está muito ruim, em comparação ao que existia há alguns anos. Por isso, aquele grupo que tiver disposição e objetivos firmes pode obter conquistas. Além disso, no Brasil, um jogador novo aparece por dia. Mas todos nós sabemos que a seleção que estava na Copa América não foi a ideal e Dunga reconheceu isso. Acho que o Brasil pode melhorar com a volta dos atletas que não estiveram lá. Na seleção precisam jogar os melhores. Hoje, existem seleções tecnicamente melhores que a do Brasil. Tecnicamente e pegando jogador por jogador, a Argentina é melhor que o Brasil. Mas no nosso País futebol envolve vários aspectos outros e, por isso, ainda somos campeões. Nas horas decisivas, quando pesa a camisa, o Brasil consegue superar dificuldades.
Como você explica essa piora na qualidade do futebol mundial?
Eu acho que os treinadores de base não tem mais como objetivo dar prioridades ao jogadores técnicos. Eles acreditam que a força e preparo físico precisam vir em primeiro plano, afastando os mais técnicos. Reconheço que hoje o futebol não se joga mais apenas com a técnica. Tem que ter tática e físico. Mas o espaço aos jogadores técnicos precisa ser mantido. Infelizmente, isso não acontece e estamos vendo uma decadência da técnica no futebol.
Quando você encerra sua carreira?
Na verdade, eu acho que já parei. Vou jogar mais alguns jogos e começar a pensar no que vou fazer depois. Tenho um contrato com o Vasco até o final do ano, mas não passará disso. Com certeza esse é o ultimo ano.
E qual será seu plano para 2008?
Eu já estou meio de férias e acho que vou precisar descansar. Vou dedicar parte de meu tempo ao futebol.
Onde você estará em 2014?
Nunca parei para pensar sobre isso. Mas quero estar envolvido no futebol. Técnico não serei, mas espero estar na organização do Mundial no Brasil em 2014.
