Ricardo Araújo
Editor de Economia
No Rio Grande do Norte, puxado pelo avanço dos parques eólicos e fotovoltaicos, a instituição bancária aplicou R$ 4,99 bilhões distribuídos em 282,8 mil operações, registrando evolução de 6,4% em termos de quantidade e de 34% em valores, em relação ao exercício anterior. Com recursos do FNE, o Estado alcançou R$ 4,32 bilhões em 32,4 mil contratações. Para este ano, as expectativas são ainda melhores. Na entrevista a seguir, o presidente do BNB, Romildo Carneiro Rolim, detalha o balanço 2019 e as perspectivas para este ano. Leia a seguir.
O Banco do Nordeste bateu mais um recorde em aplicações ao longo de 2019. A que se deve esse feito e quais áreas lideraram esse recorde?
O Banco do Nordeste investiu R$ 42,16 bilhões na economia regional, em 2019. Esse valor corresponde a 5,3 milhões de operações distribuídas nos 1.990 municípios de nossa área de atuação, que engloba os nove estados da região Nordeste, o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. No Rio Grande do Norte, o BNB aplicou R$ 4,99 bilhões, distribuídos em 282,8 mil operações, no ano de 2019. Isso representa uma evolução de 6,4% em termos de quantidade e de 34% em valores, em relação ao exercício anterior. Com recursos do FNE, o Estado alcançou R$ 4,32 bilhões em 32,4 mil contratações. Em termos de quantidade de contratações, no geral, o Banco contabilizou um crescimento de 6,5% em relação ao ano passado, expressando a capacidade do Banco de levar crédito ao maior número de empreendedores, o que traduz forte impacto social amparado nas políticas públicas do Governo Federal. Atribuímos este feito a um trabalho coletivo e focado de todo corpo funcional, que tem como diretriz estratégica “Fazer o FNE cada vez melhor”. Para nós, isso significa aplicar os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) com a máxima eficiência seguindo todas as regras de compliance. Aliado a este esforço, há também sinais de recuperação da economia regional, que contribuíram para que o empreendedor retome os investimentos em seus negócios. Assim, registramos, em 2019, mais de R$ 29,5 bilhões de aplicações com recursos oriundos do FNE. Outra diretriz interna de trabalho é “Avançar na liderança do microcrédito” e o resultado é a contratação de mais de R$ 13,1 bilhões para microempreendedores. Somente o programa urbano, o Crediamigo Banco do Nordeste, desembolsou R$ 10,6 bilhões. Os números de aplicações refletem, antes de tudo, o compromisso da instituição em implementar políticas e programas voltados para a promoção do desenvolvimento e o empreendedorismo de nossa área de atuação. É isso que impacta diretamente na vida das pessoas, na medida em que o crédito fortalece as empresas, cria empregos e gera renda.
Com base no volume financiado em 2019, quais são as perspectivas para este ano? O senhor acredita num novo recorde, qual o percentual de crescimento estimado?
Nossa perspectiva é sempre de crescimento. Para este ano, temos a perspectiva de investir R$ 29,3 bilhões de recursos do FNE e R$ 13 bilhões de nosso programa de microcrédito urbano, o Crediamigo. Vamos atender as demandas de crédito de todos os setores da economia de nossa área de atuação: comércio, serviços, indústria, agricultura familiar, agronegócio, financiamento estudantil e infraestrutura. As estratégias de negócios do Banco do Nordeste foram definidas a partir das principais tendências do macroambiente econômico, das indústrias financeira e bancária, das evoluções tecnológicas e das principais inovações dos segmentos de atuação do Banco.
Em relação ao Rio Grande do Norte, como o Estado tem se comportado em comparação aos demais atendidos pelo BNB? Qual a importância do RN para o Banco?
O Rio Grande do Norte destaca-se com obtenção de resultados expressivos e aplicação integral dos recursos do FNE disponíveis. Em 2019, aplicamos R$ 4,32 bilhões, somente com recursos do FNE. Para 2020, certamente teremos uma aplicação de recursos superior a esse montante. Historicamente, os resultados conquistados pelo BNB no Rio Grande do Norte são muito positivos e apontam para o perfil empreendedor do povo potiguar. É um Estado que dispõe de uma dinâmica econômica muito interessante e que tem se destacado, inclusive nacionalmente, por ser uma potência na produção de energia limpa. O Banco tem atuado fortemente no Estado nos diversos segmentos econômicos e alcançado os objetivos corporativos traçados ano após ano. Um desses segmentos é o de comércio e serviços, especialmente no âmbito das micro e pequenas empresas, reconhecido pela geração e manutenção da maior parte dos postos de trabalhos no país.
O financiamento para as energias renováveis tendem a crescer em 2020? Quanto o BNB deverá destinar ao setor?
O BNB destinará aos financiamentos de Infraestrutura volume em torno de R$ 10 bilhões para toda a sua área de atuação. Neste setor, incluem-se os financiamentos às energias renováveis, saneamento e projetos de mobilidade urbana, dentre outros. Para o Rio Grande do Norte, prevê-se, inicialmente, somente para o setor de infraestrutura, em torno de R$ 1,3 bilhão.
Quais setores, além das renováveis, deverão se destacar no RN ao longo de 2020 em relação aos pedidos de financiamento junto ao BNB?
Energia eólica e fotovoltaica devem se destacar ao longo do ano, conforme o potencial que identificamos. As micro e pequenas empresas devem, mais uma vez, contribuir para o amplo grau de pulverização do nosso crédito, especialmente nos setores de comércio e serviços. Em 2019, somamos R$ 300 milhões, só com recursos do FNE em investimentos em MPEs. No tocante aos negócios de maior porte, estimamos fortes investimentos nas áreas de mineração, fruticultura e turismo. A agropecuária é outro segmento que vem em uma curva ascendente de desenvolvimento, com destaque para mandiocultura e aquicultura. A bovinocultura de leite, com a produção de queijos, e a avicultura, com a criação de galinha caipira, são exemplos que têm se apresentado bons resultados nesse cenário. Nesse ponto, é importante destacar o papel do BNB enquanto um grande apoiador da agropecuária nordestina, incentivando a adoção de modelos de produção cada vez mais eficientes e responsáveis do ponto de vista social e ambiental.
O Banco reconhece, todos os anos, as empresas que mais se destacam em empreendedorismo, inovação. Qual a importância desse reconhecimento e o que muda nas empresas premiadas?
A importância desse reconhecimento está justamente no incentivo às empresas a investirem no crescimento de seu negócio, fortalecendo a sua competitividade e inovando em seus processos produtivos. Este é o objetivo do Banco ao acreditar nesses empreendimentos: incentivar nossos clientes a investirem no crescimento de suas empresas, gerando assim mais empregos e elevando a renda. É estratégia do Banco do Nordeste estimular a cultura de inovação entre empresas dos mais diversos segmentos da economia nordestina. Sem inovação capaz de conferir competitividade às empresas da Região, torna-se mais complexo inserir-se nos mercados altamente globalizados. Por acreditar nisso, é que o Banco do Nordeste criou o Hub de Inovação, implantando o primeiro núcleo em Fortaleza, em 2016, e o segundo, em Salvador, em 2018. Recentemente, inauguramos a terceira unidade em Recife, expandindo ainda mais o raio de influência desse fluxo de troca de experiências no Nordeste. Ademais, o Governo Federal, por meio do Banco do Nordeste e do Ministério do Desenvolvimento Regional, criou uma nova linha de crédito voltada para as startups. Serão quase R$ 3 milhões, oriundos do FNE, destinados a projetos inovadores em toda região Nordeste e norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Cada startup poderá financiar até R$ 200 mil. Podem acessar o financiamento micro e pequenas que se encaixem na categoria startup. São operações de crédito que facilitam aquisições de bens, despesas administrativas e capital de giro.
O acesso ao crédito está mais fácil e menos caro no Brasil? Como é possível comprovar isso?