Os produtores rurais do Mato Grande estão aborrecidos e impacientes com os freqüentes furtos de transformadores e cabos elétricos na região. Os delitos vêm prejudicando a produção na terra e causando prejuízos enormes, não só aos empresários, como também à Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern). A polícia vem recebendo inúmeras queixas, mas as investigações são consideradas lentas pelos produtores.
É o que diz o empresário Bira Rocha, que já foi vítima dos ladrões por três vezes, em uma mesma propriedade, na cidade de Ceará-Mirim. Segundo o ex-presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), os casos têm ocorrido com uma freqüência assustadora, causando a revolta dos produtores locais. “Esse roubos estão virando uma normalidade na região. Vemos uma verdadeira letargia por parte da polícia”, reclama.
O empresário conta que os furtos ocorrem nos arredores de Ceará-Mirim, Touros e Taipu. Os meliantes se aproveitam da escuridão da noite e da escassez de policiamento ostensivo para retirarem os equipamentos dos postes. Segundo informou um funcionário da Cosern, que falou com Bira Rocha por telefone, os transformadores são desmontados para a retirada do cobre das bobinas e dos fios, além do alumínio.
Bira Rocha explica que a instalação elétrica nas propriedades tem dupla importância, pela iluminação e por gerar energia para os equipamentos de irrigação e é por isso que os agropecuaristas vêm amargando prejuízos. Segundo ele, a falta de providências e a sensação de impunidade vêm fazendo com que o número de quadrilhas esteja aumentando nos últimos tempos.
“Penso que a polícia só vai ter uma atitude quando ocorrer uma tragédia. Ou quando alguém morrer eletrocutado, ou quando um empresário reagir e for morto, ou quando algum, tentando defender sua propriedade, mate o ladrão”, disse Bira Rocha. Segundo ele, várias reuniões já foram feitas com a cúpula da Secretaria de Segurança do Estado, mas as promessas de que os furtos diminuiriam ainda não foram cumpridas.
Bira Rocha dispõe de uma lista de todas as propriedades roubadas desde 2005 e de quantas vezes o crime já foi realizado em cada uma delas e diz que o motivo principal do problema é a falta de iniciativa política. “Acho que a segurança é uma boa área para a governadora dar o choque de gestão de que fala. Porque os projetos a curto e médio prazos da autoridades do Estado são todos pessoais”.
O diretor do policiamento do interior (Dpcin), Ben-Hur Cirino de Medeiros, reconheceu que tem conhecimento dos furtos de transformadores e cabos ocorridos no Mato Grande, mas rebateu as declarações de Bira rocha, de que a polícia não vem trabalhando para a solução do problema. “Todos os delegados das cidades atingidas estão trabalhando com empenho para as prisões destas quadrilhas”.
Segundo o delegado, o ritmo das investigações é normal para este tipo de caso, já que os grupos são disseminados. Mas garantiu que a polícia civil está empenhada no intuito de prender os ladrões e os receptadores do produto. “Claro que nem sempre os resultados são imediatos. Mas creio que teremos boas notícias nos próximos dias. Espero apresentar bons resultados em breve”.
