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Roubos de veículos crescem

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O número de roubos a veículos (carros e motos) em Natal está crescendo. Os criminosos estão se aprimorando. Mas a estrutura de repressão a esse tipo de crime não tem melhorado. Em 2004, foram 1.377 assaltos e furtos de veículos. Em 2005, 1.732. Em 2006 (janeiro e fevereiro) já foram 332 roubos. A média mensal é de 150 unidades por mês. Em geral, 50% são recuperadas. Na maioria, os veículos só voltam para os donos porque foram abandonados após serem depenados.

Enquanto os criminosos têm avançado, se preocupado inclusive em saber se os carros têm GPS (Sistema de Posicionamento Global); os policiais não têm boas condições para investigar os crimes. Índice dessa situação é que o delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas e Veículos (Deprov) de Natal, Odilon Teodósio dos Santos Filho, está querendo deixar do posto que ocupa. “Eu venho pedindo para sair porque por onde eu passei o meu nome ficou como bom profissional. Eu não quero minha imagem maculada por falta de estrutura”.

O delegado explica que as dificuldades no trabalho começam pela falta de preparo dos Policiais Militares, quem geralmente encontram os carros furtados. A situação mais comum é não isolar os carros, o que compromete a investigação. Outro problema diz respeito ao Fisco estadual. Segundo  Odilon Santos, as operação nos sucatões (principais receptadores de peças roubadas) seriam mais eficientes se contassem com o apoio o órgão. Ele esclarece que é o Fisco quem pode dizer se há compras irregulares ou não através da verificação das notas fiscais.

Essa avaliação poderia revelar a aquisição de peças roubadas. “Se o Fisco acompanhasse os sucatões, a história era outra”, afirma. Outro problema refere-se ao Departamento de Trânsito o Estado (DETRAN). Mostrando a foto de um carro com o número de chassi visivelmente transplantado, o delegado diz que as vistorias precisam melhorar para evitar a legalização de carros roubados. Ele indica que também há falta de fiscalização nas empresas que trabalham com kits gás, peça que motiva muitos furtos e possui numeração fácil de falsificar.

Especificando a situação da Delegacia, o delegado informa que atualmente apenas quatro agentes estão aptos a trabalhar na investigação. Para fazer isso eles contam com apenas dois veículos: “um Gol que se arrasta e um Santana velho”. “A Deprov é desestruturada. Tudo que é feito aqui é por esforço dos policiais”, acrescentou. Há outros quatro agentes para a investigação, mas eles chegaram há pouco tempo e precisam ser preparados.

Para Odilon Santos, a situação vai continuar difícil enquanto a Secretaria de Defesa do Social não perceber que “o crime evoluiu e a Deprov está diminuída”. Na opinião do delegado, tudo poderia começar a mudar se a delegacia ganhasse melhores condições de investigação e os problemas externos fossem corrigidos. “O que fazer? Colocar um delegado na rua com pelo menos oito homens e com a Polícia Militar abordando os carros e com um computador conectado para verificar o veiculo. Em dois meses desse trabalho, ia haver muito abandono de carro e flagrante”, acrescentou.

Odilon Santos avalia que os primeiros números desse início de ano indicam uma tendência ruim. “Se continuar nesse rojão, vamos chegar aos dois mil carros roubados em 2006”, diz. Ele informa ainda que esse crescimento se deve em grande parte ao aumento no roubo de motocicletas. “Motos são roubadas para serem vendidas no interior do Estado. Hoje deve ter de 150 a 200 motos rodando no interior porque não há a devida fiscalização”, denuncia. Odilon Santos também acumula a atribuição de delegado de cargas roubadas, área que também não possui estrutura de investigação.

Delegado diz que Polícia tem feito o que pode

O delegado geral adjunto da Secretaria de Defesa do Social, Antônio Marcos Abreu Peixoto, disse que o problemas na Deprov estão sendo resolvidos. Ele informou que recentemente foram enviados para a delegacia quatro agentes e um veículo novo. O delegado explicou que numa operação, o veículo sofreu “perda total”. Também estão sendo enviados à Deprov mais dois computadores.

Antônio Peixoto disse ainda que foi construído na Deprov um dique para periciar os veículos apreendidos. “O que podemos fazer estamos fazendo”. Ele informou ainda que estão sendo planejadas operações para combater melhor os roubos a carros. Com relação à cooperação do Fisco, o secretário adjunto da Tributação, João Batista Soares de Lima, explicou que o Fisco está à disposição para realizar operações com a polícia. “É só chamar”, disse.

No Detran, o coordenador do setor de registro, Marcelo brito de Medeiros Galvão, explicou que o departamento tem mantido um procedimento especial para avaliar veículos de outros estados e que nos casos de adulteração de números de chassis, tudo é enviado à Deprov. Nas situações que a dúvida permanece, o Itep é convocado para indicar se houve ou não adulteração.

Além da Deprov de Natal, o Estado conta com uma delegacia similar em Mossoró, responsável pelos casos naquela região e em todo o Alto Oeste. O delegado José Cleiton Pires de Souza disse que as condições de trabalho estão razoáveis. Em Mossoró, o Fisco ajuda; e a Polícia Militar comete o mesmo erro que em Natal. Em 2004 foram roubados na região 212 veículos. Em 2005, 179. Em 2006, 55. A recuperação oscila nos 50%. Em Mossoró, o delegado também acumula a investigação de roubos de carga. No Nordeste, apenas o Rio Grande do Norte e o Ceará não possuem delegacia específica para isso. Segundo Antônio Peixoto, há planos de mudar essa situação.

Ladrões não escolhem vítimas

“Será que eu coloquei em outro local?” Foi isso que a jornalista Carolina Evelin Ferreira Moura, 27, se perguntou minutos antes de perceber que seu carro havia sido roubado, em janeiro passado. “Aí a ficha caiu e eu comecei a me tremer”. O veículo era um Fiat Uno, o preferido dos que furtam. Dias depois ele foi encontrado depenado. “Tive muita raiva quando encontrei”, contou. Após o furto, a jornalista vendeu o carro e deu baixa da queixa feita na Deprov.

Hoje ela possui um Pálio e pretende colocar um alarme em breve. A polícia aconselha o uso de alarmes e também evitar estacionar na rua. Esse não foi o caso da jornalista. Outra informação: o crime não escolhe a vítima. Além da jornalista também integram o conjunto de vítimas de veículos roubados o presidente da Assembléia legislativa, Robinson Faria, que perdeu uma Mitsubishi Pajero; e pelo menos três juízes potiguares (um Honda Civic, um Toyota Corolla e um Ford Eco Sport).

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