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Roupa (como) nova

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Tádzio França
Repórter

Comprar, vender ou reciclar roupas seminovas e usadas é uma prática antiga, mas que sempre adquire novo fôlego em tempos de crise. Além de alternativa para movimentar o guarda-roupa quando o dinheiro anda curto, recorrer a brechós, bazares e ateliês de reforma também pode ser uma questão de estilo. Peças de grife costumam aparecer com frequência em alguns espaços, a preços bem menores que os originais. Aos mais criativos, também é possível misturar e criar novos visuais sem gastar muito. É sustentabilidade para todos os estilos.

Usado de grife ou novas fora de coleção
Grifes não são exclusivas da loja cara do shopping ou de maisons. A empresária Elisângela Câmara traz várias para o Bazar Flordeliss, que ela mantém há cinco anos para uma seleta clientela. Formada em marketing, Elisângela havia trabalhado em lojas badaladas da cidade e percebeu que muita coisa voltava para o estoque quando as coleções passavam. “Resolvi pedir às lojistas que me cedessem as peças em consignação, assim eu também não teria custo com estoque”, conta.
Elisângela Câmara, do Bazar Flordeliss, leva a experiência no mundo da moda para seu negócio, elegendo peças de bom corte e conceito
O bazar Flordeliss entrou em cena oferecendo uma seleção de peças em bom estado, novas e seminovas. Boa parte delas, de material exclusivo. “São roupas em estado perfeito, não causam dor de cabeça ao cliente. As peças têm conceito, cortes diferenciados, estampas únicas”, descreve Elisângela. E tem de tudo, entre roupas, acessórios, bolsas, brincos, relógios, sapatos, cintos, bijuterias. Da roupa de festa ao casaco de frio pra viagem. Ela trabalha apenas com peças femininas, já que ainda é o maior público consumidor de bazar e brechó em Natal.

O preço? “Claro, é bem menor que o das lojas. Uma peça de 300 reais pode sair por até 100 no bazar”, exemplifica. Atualmente, a Flordeliss recebe material de cinco lojas da cidade, além de doações de particulares. Elisângela conserva um network bem diversificado, a alma do negócio. Outra iniciativa é utilizar as redes sociais para personalizar o atendimento.  “Temos listas de transmissão que selecionam os clientes por gostos e estilos, assim podemos trabalhar de forma dirigida com cada um”, diz. O Flordeliss conta com espaço fixo há três anos, atualmente numa galeria na Cidade Alta. As visitas ao bazar devem ser agendadas via Whatsapp. Tel.: 98734-2041.

Desapego é o lema do Mistura
Wendell Lopes era gerente num salão de beleza quando percebeu que as clientes donas de lojas não sabiam o que fazer com as coleções antigas. Ele pediu pra vender essas peças no salão e assim surgiu o Brechó Mistura, há quatro anos. “Além de lojistas, também tenho roupas daquelas pessoas que descartam após usar algumas vezes em público. Trouxe esse material que ficava parado nos guarda-roupas e passei pra frente”, conta. Após anos de brechó itinerante, ele conta com espaço fixo há um ano, na avenida Afonso Pena, Tirol.
No brechó Mistura, Wendell faz um triagem exigente, algo que considera a alma do negócio
As peças novas e seminovas vendidas no Mistura passam por uma triagem rígida, garante Wendell. “Nada de mancha, furo, e fio puxado. É importante manter a qualidade, porque ainda há um leve preconceito com roupa usada”, diz. O acervo do brechó inclui vestidos, calças, blusas, chapéus e bonés, bolsas, roupas de frio, etc. A loja também pratica o reaproveitamento.

“Muitas pessoas só usam roupas de festa ou de frio uma vez, portanto, é possível revender esse material novamente no próprio brechó”, afirma. O comerciante ressalta que nesse negócio é preciso estimular o desapego. “Há quem ponha valor emotivo numa roupa para vender a preços altos. Eu peço que pratique o desapego, pois brechós devem ser acessíveis”, diz. O Brechó Mistura funciona de segunda a sexta, das 11 às 19h. Mais informações pelo 2226-8534 e 99670-6840.

Brechós virtuais tem achados exclusivos
O mundo virtual também passou a ser um território livre para o comércio de roupas e objetos antigos. Muita gente já dispensa o espaço físico e mantém brechós e bazares apenas em território online. Em Natal, dois espaços virtuais de destaque são o  Old is Cool e o Xodó Bazar, que exibem seu material em fotos sempre atualizadas no Instagram. O Old is Cool não faz troca e nem compra peças, tendo roupas, calçados, acessórios e utensílios domésticos. As peças são todas femininas. O Xodó Bazar, além de roupas e acessórios, inclui livros. Há algumas peças masculinas, como camisas. Os brechós virtuais mais famosos atualmente no Brasil são o enjoei.com.br e o pegueibode.com.br, de marcas de luxo, que remetem para todo o país. 

Nova roupagem: reforma e customização em alta
Transformar uma roupa em outra ou até em duas, é alternativa cada vez mais praticada em território nacional. O mercado de conserto, reforma e customização cresceu 30% em 2016. E claro, a tendência é aumentar. O Ateliê Nova Roupa, instalado no subsolo de um supermercado em Lagoa Nova, põe agulhas e máquinas a serviço de ajustes, reformas e transformações no vestuário da clientela. A empresa, franquia de Manaus, está há dois anos em Natal.

O proprietário Raimundo Andrade afirma que a transformação de roupa é um serviço ideal para a época. “É um trabalho técnico mas também criativo. A gente transforma uma camisa de manga comprida em curta, calça vira bermuda, uma saia longa vira um vestido, ou um vestido se torna blusa e saia. Uma nova roupa com o mesmo tecido e qualidade. A economia é certa”. Segundo ele, os serviços mais procurados ainda são os de ajustes: para homens, nos quadris das calças, e as mulheres, ajustes em blusas e vestidos. “Trocar os botões de uma peça já causa uma transformação nela”, diz. Tel.: 3212-2227.

Fã de brechó tem como arma a informação
A jornalista Ulyana Lima não resiste aos apelos dos brechós. Dos mais simples aos mais refinados, há sempre algo para se (re) aproveitar. “Minhas primeiras fontes de garimpo foram os guarda-roupas da minha mãe e da minha avó. Hoje, o mercado de brechós e bazares são fontes de peças exclusivas, cheias de estilo, verdadeiras pérolas”, diz ela, que está sempre em contato com lojas de São Paulo e Rio de Janeiro.

Apesar de considerar que o  segmento em Natal ainda é muito discreto, Ulyana não deixa o espírito garimpeiro de lado em nenhuma ocasião. “Adoro frequentar  bazar de igreja, mas é preciso paciência e criatividade. A dica é olhar cabide por cabide, analisar o estado da peça, sua versatilidade e seu potencial de transformação. Dia desses garimpei um blazer de linho e transformei num maxi colete”, conta.

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