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Ruth Escobar

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O teatro brasileiro chora a morte de Ruth Escobar, ocorrida quinta-feira, 5, em São Paulo. Tinha 82 anos e sofria de Alzheimer. Portuguesa, nascida na cidade do Porto em 1935, mudou-se para o Brasil quando tinha 15 anos de idade. Pouco tempo depois já estava nos palcos dando vida ao Novo Teatro, sua primeira companhia teatral. Foi atriz, produtora, ativista política, líder feminista e deputada estadual em São Paulo, eleita pelo PMDB. Teve atuação destacada na campanha das Diretas Já, na luta contra a ditadura militar.

Instalou em São Paulo um teatro que foi batizado com o seu nome e que se tornou um ponto de referência do teatro brasileiro, atraindo para o bairro da Boa Vista, celebridades artísticas e intelectuais (políticos, também) do país inteiro. Leio na Folha de S. Paulo:

 “O Teatro Ruth Escobar, um endereço que entraria para a história recente do Brasil tanto pela ousadia e ineditismo das produções ali apresentadas quanto por sua inclinação para polo de resistência à ditadura militar, foi inaugurado com um texto de Bertolt Brecht, “A Ópera dos Três Vinténs”, dirigida por José Renato. Em julho de 1968, durante uma das apresentações da peça “Roda Viva”, de Chico Buarque, o teatro foi invadido por 20 integrantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), que destruíram o cenário da peça, danificaram equipamentos e espancaram os atores. ”

O diretor Gerald Thomas em um artigo publicado ontem em O Globo disse que Ruth Escobar “foi a mãe do moderno teatro brasileiro”. E foi dizendo mais: “Ruth conseguia tudo. Numa quase loucura imperativa, fundou o teatro que lançou a luta do pós-modernismo estético e político, milhas a frente de onde ela se encontrava”.

O teatro de Ruth Escobar tem uma ligação importante com Natal. Foi ela quem convenceu Henfil, que morava por aqui (1977/78), adaptar para o teatro uma peça inspirada em seus quadrinhos, em seus personagens, nas histórias criadas pelo grande brasileiro.  Eu já contei essas coisas aqui quando da morte do ator, autor e diretor teatral   Fauzi Arap, registrado na coluna de 12 de setembro de 2013. Foi Ruth Escobar quem mandou Fauzi abordar Henfil. Transcrevo, agora, alguns trechos da coluna:

– Fauzi Arap andou por Natal, quando o conheci. Isso foi no começo de 1978. Veio no rasto de Henfil, a mando de Ruth Escobar que queria montar uma peça baseada nos quadrinhos do grande cartunista. Henfil morava na avenida Amintas Barros, do lado que dá para o Morro Branco, passando da Salgado Filho. As conversas ali – foram várias – avançavam pela noite. Na verdade, eu era mais ouvinte diante de dois caras geniais. A peça “A Revista do Henfil”, que seria montada em São Paulo, começou a ser desenhada ali, na silenciosa noite de Natal.

– Dênis de Moraes, no seu livro O Rebelde do Traço (José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1977), que precisa ser reeditado, conta assim:

“Em dezembro de 1977, a produtora teatral Ruth Escobar propôs a Fauzi Arap roteirizar e dirigir uma peça baseada nos quadrinhos de Henfil. O humor ancorado na conjuntura política e carismático na sua aparente simplicidade oferecia, segundo Ruth, rico manancial para o teatro.

“Na companhia de Woden Madruga, Henfil discutiu as sugestões trazidas a Natal por Fauzi Arap para adaptar os quadrinhos à linguagem do teatro de revista. O pressuposto era de que uma peça musical com esquetes de humor poderia desviar a vigilância dos censores e escolar críticas à situação do país. Não fora assim no Estado Novo, com o dr. Getúlio Vargas, de charuto na plateia? Além do mais, reviveriam um gênero de forte apelo popular. Fauzi retornou a São Paulo com cópias de centenas de cartuns para dali extrair o sumo do roteiro”.

Continuo:

– A Revista do Henfil foi montada em São Paulo, no Teatro Ruth Escobar, mas sem a direção de Fauzi Arap. Dênis de Moraes conta:

“A dez dias do início dos ensaios, o diretor Fauzi Arap, responsável pela adaptação teatral, desentendeu-se com Ruth e afastou-se da companhia. Num passe de mágica, Ruth refez a equipe: Ademar Guerra assumiu a direção e convidou Oswaldo Mendes a reestruturar o roteiro.  Os esquetes seriam montados a partir de sugestivas ‘efemérides da caatinga.’”

Tempos depois de sua estreia em São Paulo, Ruth Escobar (além de produtora da peça, ela fazia parte do elenco) trouxe o espetáculo para Natal, se apresentado no Teatro Alberto Maranhão lotado. Ruth Escobar andou uma outra vez por Natal, agora integrando a comitiva de Ulysses Guimarães na campanha pelas Diretas Já, que tinha também a participação de Henfil, derna da primeira concentração em São Paulo.

Juiz proibindo
Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo:

– Alô, seu juiz!

– O juiz da Vara de Execuções Penais, Rafael Estrela, proibiu, ontem (quarta-feira, 4), que os presídios do estado recebam presos que estejam em cadeias federais sem que, antes, a Justiça do Rio concorde. É que o corregedor do presídio de Mossoró (CE), o juiz federal Walter Nunes da Silva Jr., despachou, sexta, para cá, dois presos – sem falar nada para a turma daqui. ”

Notinha de WM: Ancelmo Gois, que é sergipano de nascença, andou trocando as bolas do mapa nordestino. Em sua nota (entre parêntesis) Mossoró aparece como cidade cearense.

Isso acontece. Tem mossoroense, sim senhor, que gostaria de ser cearense.

Festa do Boi 
Começa hoje, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, a Festa do Boi, incluída no calendário das grandes exposições agropecuárias do país. Na solenidade de abertura, finalzinho da tarde, a ANORC, promotora do evento em parceria com a Secretaria de Agricultura do Estado, homenageia o ex-governador Geraldo José de Melo e o ex-senador Fernando Bezerra que muitos contribuíram para o desenvolvimento da agropecuária do Estado.

A Festa do Boi vai até o outro domingo, 15.

Fabião das Queimadas 
Entre tantas novidades, a Festa do Boi tem este ano uma muito especial: O Sebo Vermelho montou um estande para a venda de livros, entre eles, algumas joias da literatura do Rio Grande do Norte.

Amanhã, por exemplo, haverá o lançamento de Fabião das Queimadas – De vaqueiro a cantador, de autoria do poeta e escritor Irami Medeiros. Trata-se de um ensaio biográfico do maior poeta popular do Rio Grande do Norte, nascido em Lagoa de Velhos. A orelha do livro é de Thiago Gonzaga, apresentação de José Nunes.

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