Mais saboroso que uma degustação de jerimum com bode: ao seu melhor estilo, é a comparação gastronômica que o poeta, escritor e prosador Jessier Quirino usa para introduzir seu novo show, “Xerém com Graxa”, que ele vai apresentar no próximo dia 19 de agosto no Teatro Riachuelo. O bardo paraibano tem 20 anos de carreira, e sempre traz algo novo a cada apresentação.
Jessier Quirino faz novo show no Teatro Riachuelo
O atual recital solo de Jessier traz a simplicidade e a graça (ou “graxa”) da gordura sadia que alimenta a vida do nordestino do campo. O olhar minucioso do poeta para as coisas simples do dia a dia, seja na poesia ou nos causos sertanejos, com voejos de contemporaneidade e renovação no dizer literário, é o diferencial que faz de Quirino um nome a ser lembrado quando os assuntos são poesia popular, Nordeste, sertão e alegria.
Sobre o show, o artista já definiu no seu melhor estilo: “Aqui pra nós e pro padre que nos confessa, não há nada melhor no mundo do que comer batata-doce (quente) depois dum banho de chuva.” Essa expressão popular, dita por um legítimo sertanejo, traduz uma visão completa do viver simples do homem do campo. É, na maioria das vezes, asseverada com outros ditos: “bom feito jerimum com bode” ou: melhor do que xerém com graxa e cebola roxa.
Quirino se especializou em recitais de contações de histórias ditas, cantadas, e declamadas, que leva seu espectador a revisitar as origens sertanejas do Nordeste. O sertão desse artista é erudito e ao mesmo tempo cheio de poesia, humor e musicalidade. O show alia causos, poesias e canções autorais, que vão do interior ou litoral. Ele, que já foi chamado de “domador das palavras”, declama poesia matuta com muitos neologismos, cocos, cantorias, piadas, lirismo e saudosismo.
Durante o show, Jessier Quirno conduz sua plateia como se estive num bate-papo de alpendre, uma conversa de cozinha ou prosa de fim de feira. O poeta exalta os valores do homem do campo, mas também acena para o presente, com várias temáticas contemporâneas, onde cabem oposições entre cidade e anterior, passado e futuro, em comentários críticos. O poeta adota expressões modernas para poder usá-las ao seu estilo de texto.
Jessier se formou em arquitetura, mas a vocação para arte falou mais alto. Aprendeu a tocar violão sozinho, e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. “Eu sou um prestador de atenção. Observo as coisas com olhos e faro de rastrejador e vou escolhendo palavras para colocar na minha poesia, nos meus escritos”, já declarou o artista em entrevistas anteriores.
Serviço
Jessier Quirino em “Xerém com Graxa”. Dia 19 de agosto, no Teatro Riachuelo. Assinante da TN tem desconto de 50% em até dois ingressos.
