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Samba é tema do primeiro Diálogos Criativos de 2011

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O  projeto cultural Diálogos Criativos está de volta. Realizado há um ano e meio no auditório da livraria Siciliano, o projeto já tem seu espaço na agenda do público que frequenta a vida cultural da cidade, como um dos poucos espaços para a troca de ideias sobre  diferentes áreas do conhecimento. Na edição de amanhã, os Diálogos serão focados na música brasileira, mais especificamente num encontro-show musical intitulado “O samba como identidade cultural brasileira”. “Será um diálogo aberto e polifônico entre o pesquisador de cultura popular brasileira Múcio Procópio e os sambistas potiguares Pedro Neto e Carlos Peru”, disse o realizador do projeto, Antônio Condorelli. O diálogo estará entremeado por apresentações destes últimos que, no final da conversa, realizarão um show de samba de uma hora interpretando clássicos do gênero.

Procópio diz que migração da mão de obra da Bahia para o Rio foi o impulso que faltava ao sambaO  jornalista Múcio Procópio é  bancário aposentado e pesquisador autodidata aqui do Estado. Especialista em movimentos sociais brasileiros, Múcio já percorreu as trilhas deixadas por Antônio Conselheiro e acabou descobrindo a verdadeira origem do samba

O samba é uma dança popular brasileira de origem africana, cantada e muito saracoteada, de compasso binário e acompanhamento obrigatoriamente sincopado. O nome vem de Semba que, em um dialeto falado pelos escravos originários de Angola e do Congo, significa “Umbigada”, gesto que se utiliza cada vez que o dançarino, no meio da roda, escolhe alguém para substituí-lo na dança.

A palavra Samba foi utilizada pela primeira vez em 3 de fevereiro de 1838 pelo Frei Miguel do Sacramento Lopes Gama em um artigo publicado na revista pernambucana  O Carapuceiro, onde chamou o ritmo de origem africana de “Samba d’Almocreve”. Em 12 de novembro de 1842, a mesma revista publicou a quadra: “Aqui pelo nosso mato / qu’estava então mui tatamba / não se sabia outra coisa / senão a dança do Samba”.

Embora o primeiro registro se tenha em Pernambuco, sabe-se que em todo lugar do Brasil onde houve uma significativa presença negra, principalmente na faixa que vai do Maranhão a São Paulo, a música e a dança dos escravos foram se transformando, perdendo alguns dos seus elementos e adquirindo outros, impostos ou sugeridos pelo ambiente. Com os nomes genéricos de Lundu e Baiano espalhou-se por toda esta área, recebendo por sua vez em cada estado uma denominação diferente: Tambor de Crioula no Maranhão; Samba e Milindô no Piauí; Coco no Ceará e na Paraíba; Bambelô no Rio Grande do Norte; Samba, Coco de Parelha Trocada, Coco Soldo, Coco Trocado ou Coco de Parelha em Pernambuco; Samba de Roda e Bate Baú na Bahia; Samba em Minhas Gerais; Samba, Partido Alto, Jongo e Caxambu no Rio de janeiro; Samba de Roda, Samba Rural, Samba de Lenço e Jongo em São Paulo. Entre o final do século XIX até aproximadamente 1920, no Rio de Janeiro surgem os primeiros arremedos de uma música urbana tipicamente brasileira: o lundu, a modinha, a música de choro e o maxixe.

Os estudos de Múcio Procópio contam que a transferência de mão-de-obra baiana, essencialmente negra, dos cafezais do Vale do Paraíba para o Rio de Janeiro, com a crise do café no mercado internacional, teve uma influência importante no desenvolvimento da música carioca. A segunda grande influência foi o fim da Guerra de Canudos em outubro de 1897, que provocou grande êxodo da Bahia para o Rio de Janeiro por parte de combatentes das forças republicanas, que foram em busca da recompensa (emprego público) prometida pelo Governo Federal pela vitória sobre os rebeldes de Antônio Conselheiro. Os baianos, com suas festas e suas músicas, deram grande impulso à musica popular da capital fluminense. Alguns deles se destacaram, como Hilário Juvino Ferreira que fundou o primeiro rancho do carnaval carioca, O Rei de Ouro, em 1893.

Serviço

Diálogos Criativos, amanhã, 19h30, auditório da livraria Siciliano, no auditório do Midway Mall, Lagoa Seca.  A entrada é gratuita.

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