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Santos e Palmeiras, de verdade

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Rubens Lemos Filho
No dia 30, decisão da Libertadores no Maracanã horroroso de arena, sem a geral do povo, a concentração estará no ancestral  dos tempos. Nem Lucas Braga, do Santos, nem Rony Rústico, do Palmeiras, valem  sono tardio. 
As emoções são eternizadas nos dois homens da fotografia. Os dois comandavam clássicos e o Verdão era o único paulista a dar beliscões no Santos. Ostentava a timidez beneditina de Ademir da Guia, na suavidade erudita a desafiar a plenitude do Rei Pelé. Eram opostos ortodoxos. 
Pelé dominava cada fundamento em primeiro lugar. Ele e a  teoria que desprezava por ser maior. Que a regra. Ademir da Guia impunha a nobreza da aparente lentidão em trote longilíneo, bailarino, como a se apropriar do gramado a cada passada. Superior a qualquer vivente metido a jogar bola, Pelé respeitava Ademir da Guia, que o reverenciava sem temê-lo.
A maior peleja dos anos 1950 e 60 foi o Clássico da Saudade. Em 1959, Palmeiras ainda sem a classe de Ademir da Guia, ganhou o campeonato paulista já em 1960, em clássico considerado o maior de todos entre os dois clubes. Foi o último de três jogos guardados nos arquivos do firmamento, da eternidade das glórias artísticas em quatro linhas.  
O campeonato decidido em 1960, foi antológico e a vida me permitiu um naco da partida, na comovente beleza do Canal 100, aqueles cinco minutos mágicos de jogos em close antes de o filme começar. Menino, ia ao cinema  para ver o Canal 100, não o filme. 
Pacaembu lotado, Pelé, no furor das panteras, invade a área palmeirense, simplesmente indomável  e fuzila o goleiro Valdir de Moraes, um dos melhores da história nacional. 
Pelé em transe, em apetite sexual, contava 19 anos – faria 20 em outubro e ninguém ousava duvidar que Deus o colocou no berçário após fazer o parto de Dona Celeste. 
O Palmeiras era a Primeira Academia. Quem corria atrás de Pelé era o volante Zequinha, bicampeão do mundo em 1962 na reserva de Zito. Abençoados foram os dribles de Pelé em Zequinha. Não havia o gosto amargo do tripudiar, era o recurso comum do garoto que, à época, servia o Exército fielmente como sentinela. Já imaginaram Neymar fardado, na porta do quartel recebendo ordens? Por isso, Pelé, nunca haverá dois. 
O majestoso ponta Julinho Botelho, segundo maior do mundo após Garrincha, empatou aos 42 minutos em erro do goleiro Laércio. E o Palmeiras  venceu.  Uma bomba do atacante Romeiro, cobrando falta, decretou  o supercampeonato de 1959. 
De 1959 até hoje, redefinidos os critérios para o ranking dos campeões brasileiros, o Palmeiras é o primeiro, com 10 títulos, o Santos vem com oito. Nenhuma surpresa. Pelé e Ademir da Guia lideravam constelações e a supremacia do Definitivo Crioulo é indiscutível enquanto existir uma terra redonda igual a uma bola. 
De Divino também passou a ser chamado o camisa 10 do Palmeiras. Era filho do Divino Mestre e dos maiores beques do futebol, Domingos da Guia. Ou, segundo o jornalista Armando Nogueira, tinha nome, sobrenome e futebol de craque. Em todo o repertório de adjetivos, o mais contundente será cromossomo para Pelé. 
O último ano em que se enfrentaram foi 1973. O Santos de Pelé sagrou-se campeão pela metade graças à lambança do insuportável árbitro Armando Marques. 
Contou errado as cobranças de pênalti – faltava um para a Portuguesa de Desportos e os dois foram proclamados campeões. Ademir da Guia ganhou o Brasileiro de 1972 e venceria o de 1973. 
O jogo do dia 30 nas minhas fantasias, teria, pelo Santos: Gilmar; Carlos Alberto Torres, Mauro, Ramos Delgado e Dalmo; Zito e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Palmeiras: Leão; Djalma Santos, Luís Pereira, Djalma Dias e Mazinho; Dudu, Ademir da Guia e Alex; Julinho, Vavá e Edmundo. Sei,  sei que é impossível. Deixem-me sonhar. O sonho é minha janela de liberdade. 
Paysandu paga 
O Paysandu precisava que o Remo, seu maior rival no Pará,  ganhasse do Londrina para manter chances de acesso à Série B.  O Remo perdeu de 1×0, gol contra aos 42 minutos do segundo tempo. 
Vingança 
Depois de 30 anos, ABC está vingado do Roubo da Curuzu. Curuzu é o Estádio do Paysandu onde, em 1991, o ABC foi assaltado pelo árbitro  Serapião Filho. A arquibancada atrás do gol do ABC caiu e ele manteve o jogo, anulando ainda um gol legal do alvinegro. 
Arquiteto 
O Paysandu “venceu” por 3×1 e tirou o ABC que, se fosse esperto, teria deixado o gramado. Aqui se faz, aqui se paga. 
Secretária 
O prefeito Álvaro Dias nomeou a nova Secretária de Esportes de Natal, Jódia Melo Menezes, que atuava no órgão. Álvaro confia e cobra. Jódia terá missão de empreender  política de esportes na cidade, formando talentos. 
Iranilson 
Homem do América para a lateral-direita. 
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