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“Saramandaia” termina com recorde de efeitos especiais

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João Fernando/(AE)

Antes de sobrevoar a fictícia cidade de Saramandaia por alguns segundos no último capítulo da novela homônima, que vai ao ar nesta sexta-feira à noite, o personagem João Gibão passou semanas parado na tela dos computadores do Centro de Pós-Produção da Globo. Nesse tempo, os responsáveis pelos efeitos visuais quebravam a cabeça para deixar as imagens impecáveis.
João Gibão, personagem ícone no encerramento de Saramandaia
“É tudo virtual, mas tem de ser crível”, reforça o diretor geral Fabrício Mamberti. A cena do personagem vivido por Sergio Guizé marca o desfecho da trama, e sua edição foi feita por profissionais da emissora, que desenvolveram a tecnologia a partir de uma parceria com o Institute of Creative Technology, de Los Angeles.

“Nós desenvolvemos os softwares. Não há formação universitária para isso. Aqui, somos engenheiros de computação e também há um arquiteto trabalhando conosco”, explica Pablo Bioni, do departamento de pesquisa de efeitos visuais.

Em um prédio silencioso, cheio de corredores escuros e em meio ao vai e vem de artistas no Projac, zona oeste do Rio, 14 profissionais dedicaram-se às imagens de “Saramandaia” desde outubro de 2012, oito meses antes de a novela ir ao ar. A primeira etapa foi criar a cidade virtualmente. “Marcamos todos os planos e as posições de câmeras que faríamos. Não poderíamos perder tempo”, relembra Mamberti.

No começo deste ano, Vera Holtz, Gabriel Braga Nunes e Sergio Guizé, respectivamente, Dona Redonda, o lobisomem Aristóbulo e João Gibão, foram a Los Angeles e tiveram os corpos escaneados, procedimento comum em produções de Hollywood como “O Homem de Aço”. Com as imagens capturadas pelos computadores, a equipe do Brasil criou os efeitos sobrepostos nos atores ou totalmente virtuais.

Nas sequências em que Aristóbulo se transforma em lobisomem, por exemplo, parte dos efeitos é feita a partir de imagens do ator. Em seu rosto, foram adicionados pelos, e seus olhos tiveram as cores alteradas. Entretanto, nas cenas em que o personagem se mexe na tela, tudo é feito digitalmente. “Se um efeito não funciona, vou para outro detalhes (da anatomia)”, conta Bioni.

Em outras cenas, o elenco atua com poucas peças no cenário e o restante é inserido em 3D. Para a cena do capítulo final, em que a casa de Zico Rosado (José Mayer) desaba, os móveis foram gravados previamente, e o ator entrou num estúdio sem nenhum objeto, com fundo de chroma key (painel que permite que as imagens sejam inseridas posteriormente). Por meio de computação, o teto começará a ruir em meio a uma colagem.

Um dos desafios de pós-produção é o render, etapa em que os computadores processam os efeitos no vídeo. “Tem cena que leva um dia nisso. Temos cem máquinas para fazer o render”, entrega Eduardo Halfen, produtor-executivo de efeitos visuais.

Segundo Fabrício Mamberti, apesar de toda a movimentação e desenvolvimento de tecnologia, os efeitos são um bom negócios. “É sete vezes mais barato do que gravar em uma locação. Isso amplia o lado criativo”, diz. O diretor já havia experimentado os efeitos na novela “A Vida da Gente” (2011), quando criou um estádio virtual que pareceu real até para quem trabalha com TV. “Perguntaram que lugar tínhamos alugado.”

Ele diz que não pode abusar nos efeitos. “Trabalho com orçamento, tem de ser viável.” Por conta disso, cenas foram adaptadas ou eliminadas. “Tem esse diálogo com o Ricardo (Linhares, autor). Vemos se é melhor fazer uma cena durante o dia ou a noite e tenho o direito de cortá-la.”

Para a diretora de núcleo, Denise Saraceni, o que chamou a atenção em “Saramandaia” foi o desempenho dos atores, que precisavam trabalhar sem nenhum elemento no estúdio. “Eles são bem preparados. Com essa opção pela emoção que fizemos, você não precisa de ambiente. Está tudo dentro dos personagens”, avalia ela, que tem em mãos outro projeto no estilo. “Estou preparando Assombrações. Ainda não sei o que será, mas vai ser cheio de… assombrações. Essa produção não pode parar.”

Mesmo com o investimento pesado em tecnologia, o remake de “Saramandaia” teve uma média de audiência menor do que “Gabriela”, que ocupou a faixa das 23 horas no ano passado. Até quarta-feira, a média de todos os episódios foi de 15 pontos, contra 19 de sua antecessora.

(*) O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA TV GLOBO

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