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‘Se for o melhor para o país, apoio a reeleição de Dilma’

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A governadora Rosalba Ciarlini aposta nas parcerias com o Governo Federal para executar, neste ano, obras de infraestrutura no Rio Grande do Norte. Ela afirma que, nos dois primeiros anos da administração, as dificuldades financeiras, combinadas com a ausência de projetos foram os principais entraves para firmar os convênios que garantem investimentos ao Rio Grande do Norte. Na lista de obras que a governadora Rosalba Ciarlini apresenta nesta entrevista, a maioria envolve construção ou melhorias em estradas, reforma de aeroportos regionais, construção de barragens, instalação de adutoras e redes de saneamento básico. Em Natal, estão alguns destes principais investimentos, como a ampliação da rede de coleta de esgoto para 80% das residências.
Rosalba: Não convivo com improbidade, mas o Hospital da Mulher tem que funcionar. E essa foi a forma encontrada para funcionar
Ao responder sobre as reclamações de aliados e as perspectivas para 2014, a governadora evita tratar de detalhes sobre as articulações em andamento. Ela afirma que a falta de diálogo apontada por alguns políticos da base aliada pode ter ocorrido, em algum momento, porque o Governo exige dedicação às questões administrativas. Rosalba Ciarlini também vê com normalidade e rotina as conversas sobre sugestões para o secretariado. A governadora observa que não é o momento de pensar ou conversar sobre uma possível candidatura à reeleição. Mas, apesar de ser a única governadora do DEM, ao responder sobre o relacionamento administrativo e político com a presidenta Dilma Rousseff, admite apoiar a candidatura da petista à reeleição.

Foi aprovada uma série de projetos recentemente no PAC Grandes Cidades. Quais obras  estão confirmadas e serão executadas este ano?
A novidade é a Via Norte-Sul, em Natal, que acabou de ser aprovado no PAC Grandes Cidades, com investimento de R$ 130 milhões. Essa obra, que vai ser licitada até o final de 2013, foi solicitada há cerca de um ano. Terá 17 quilômetros de extensão, que vão ligar o KM 6 à Rota do Sol, passando por  Pitimbu, Cidade Satélite, Capim Macio, Ponta Negra, com ciclovias, faixa exclusiva de ônibus. Isso deve desafogar bastante o trânsito das avenidas Bernardo Vieira, Roberto Freire e Salgado Filho. Uma obra que começa no meu Governo e não sei se dará para terminar nele. O Pró-transporte terá, no dia 27, abertas as propostas para o processo de licitação, com perspectivas de começar a execução em maio. No Diário Oficial deste sábado, deverá ser publicado a licitação da obra da duplicação da Avenida Engenheiro Roberto Freire. As dúvidas que havia sobre esse projeto foram sanadas, em audiências públicas, as adequações foram discutidas. Outras obras previstas para serem concluídas este ano são, em Mossoró, o complexo viário da Abolição, a duplicação do contorno, a BR-304. Foi incluído no PAC, a duplicação da Reta Tabajara. O Dnit já está solicitando as licenças necessárias para o processo de licitação, ainda este ano. Como também a BR-226, uma obra que estava paralisada desde 2009 e terá a implantação de 36 quilômetros asfaltados, que beneficia toda a região do Alto Oeste. A duplicação  e urbanização da entrada  de Assu está sendo concluída. Teremos ainda a retomada do prolongamento da Avenida Prudente de Morais, nos próximos dias e deve ser concluído em mais 60 dias.

As obras dos acessos do Aeroporto de São Gonçalo também foram contempladas?
A ordem de serviço para o acesso ao aeroporto de São Gonçalo do Amarante será assinada, até o final da próxima semana. Com isso, esperamos que o aeroporto seja inaugurado até abril de 2014, dentro da previsão, com essa infraestrutura. É uma via relativamente rápida de construir, porque não tem pontes e outras estrutura que demoram. E, em infraestrutura aeroportuária, temos também outras novidades.

Quais?
O Rio Grande do Norte foi inserido, especificamente Mossoró e Caicó, dentro desse plano de  aviação regional. O Governo Federal está inclusive prevendo um investimento grande para os dois aeroportos, que precisaram se adequar. Foram feitos estudos, diagnósticos e estamos esperando resposta (a aviação regional está orçada em R$ 7,6 bilhões, sendo R$ 260 milhões do Fundo Nacional de Aviação Civil). Mossoró inclusive vai começar com o atual aeroporto recebendo algumas adequações, mas a proposta é que se construa um novo aeroporto. Em Caicó, que também vai receber esses investimentos para ter estrutura de embarque e desembarque, a pista já foi reformada.

Um marco do governo será essas obras em rodovias e transporte?
Não. Eu diria que o marco da minha gestão é em infraestrutura. Além dessas obras em rodovias, temos outras em sistemas de abastecimentos de água e saneamento básico. Estamos num esforço de convivência com esta realidade de seca, vivemos inseridos no Semiárido. E algo que todo norte-rio-grandense entende. Nosso clima é esse e precisamos encontrar soluções. Desde menina que a gente escuta falar sobre a Barragem de Oiticica e essa obra, finalmente, vai começar este ano. Esperamos em 15 dias estar com o convênio assinado, ter a licitação, para começar as obras ainda este semestre.

Todos esses investimentos serão feitos com recurso federal?
Nós temos pouca coisa com recursos próprios. Encontramos o Estado com uma dificuldade grande. A receita própria fica comprometida quase totalmente com pessoal, o custeio é uma dificuldade imensa e para investimento há muito pouco. Mas estamos fazendo as obras de reformas em 12 hospitais com recursos próprios. Sempre temos que dar contrapartidas para viabilizar os recursos federais. E  é uma luta muito grande nesses dois anos para conseguir viabilizar esse recurso federal.

O que tem previsto na área de saneamento?
Precisamos ainda de mais investimentos para ter a infraestrutura de abastecimento de água e saneamento. Eu tenho uma obsessão para fazer mais esgotamento sanitário. Em Natal, vamos começar um programa de saneamento audacioso. Para passarmos de 36% e cobrir 80% ao final do mandato. Em algumas ruas já começamos a trabalhar. São R$ 700 milhões em investimentos, destes já temos garantidos no PAC R$ 504 milhões e, com o que tínhamos, dá esta soma.

A senhora disse que demorou para conquistar a garantia de que esses projetos serão executados. Qual a dificuldade? Faltou articulação política? Apoio da bancada? Entraves por ser de um partido de oposição?
Não. Não faltou apoio da bancada, também não houve dificuldades pelo fato de ser de outro partido. A presidenta Dilma Roussef tem dado, como ela mesmo diz, um tratamento republicano. O que precisa são bons projetos. Se você chega e os apresenta é mais fácil conseguir a aprovação.

Não havia projetos?
Não. Não existiam os projetos, tivemos que recuperar, fazer muitas modificações e adequações, muitas obras paralisadas. E o que vai ser uma marca minha será essa busca de retomar e concluir essas obras que estavam paradas.

Então, também houve demora por parte da atual gestão para elaboração e apresentar os projetos?
Foram dois anos para se fazer ajuste fiscal, reorganizar, dentro de uma demanda de muitas necessidades do Estado. A burocracia emperra. Não é só fazer projetos, mas ter credibilidade e foi isso que fizemos. Tivemos que fazer ajustes, pagamos as dívidas para esta credibilidade junto aos órgãos federais e internacionais, como o Banco Mundial. Estamos com uma séria de sistemas de adutoras sendo concluídos, outros começando. Já temos 700 quilômetros implantados. Temos aprovadas as adutoras Umari-Campo Grande em processo de licitação, e a de Parelhas-Carnaúbas dos Dantas.

Esta semana, houve uma mobilização no chamado Grito da Água, para pedir melhorias no sistema de abastecimento com a expansão da Adutora Monsenhor Expedito, que está em colapso. O que tem previsto para resolver esse problema?
Estamos com a perfuração de 12 poços para dar condições de ampliar a oferta de água na adutora Monsenhor Expedito. Quando a adutora foi construída, a demanda era menor, as comunidades eram menores. Hoje temos necessidades de mais água, a demanda é crescente e foi feito estudo técnico para suprir esse déficit. Já estão em execução esses poços para uma vazão maior de água. Infelizmente estava projetado para o ano passado, mas coincidiu com uma seca violenta. Além das obras estruturantes, estamos atuando nas ações emergenciais para atender a esses pleitos.

A Federação da Agricultura e Pecuária do RN, a Faern, fez um levantamento dos prejuízos do setor causados pela estiagem e anunciou que  vai solicitar o aval do Governo do Estado para um empréstimo de R$ 235 milhões. O Governo vai dar o aval?
Eu não conheço esse estudo. Nós estimamos que esse prejuízo seja bem maior, chegue a R$ 4 bilhões, porque não é só a questão do rebanho, mas o que já perdemos, o que é necessário para recuperar, a agricultura familiar foi extremamente prejudicada. Mas temos que ter como fundamental é que precisamos de obras estruturantes de recursos hídricos para, nas próximas secas que virão, estarmos mais preparados. A situação é bastante calamitosa, 146 cidades em estado de emergência. Temos 700 poços perfurados e não equipados. Estamos equipando 470, com investimentos de R$ 5 milhões, mas também estamos perfurando mais.

A senhora ver viabilidade financeira e legal para atender essa reivindicação de aval à Faern? E, atendendo, haveria o risco de outros setores criarem demanda semelhante?
Não recebi essa proposta, estou sabendo pela imprensa. O que sabemos é que a Faern quer apresentar um trabalho que fizeram, visitando o interior do Estado. Mas acredito que eles devem apresentar solicitações. Não sei se legalmente isso é possível. Até porque o Governo Federal disponibilizou linhas de financiamento, por meio do Banco do Nordeste, que atende tanto os pequenos, quanto os grandes produtores. Vamos aguardar também a reunião da Sudene, prevista para acontecer aqui no estado, para tentar pleitear a ampliação dessa linha de financiamento.

Em segurança pública, foram apresentados dados sobre a queda do número de homicídios, que na verdade seria uma redução da taxa de crescimento…
Desde 2001 havia um crescimento de 15% e conseguimos em dois, de 2010 para cá, diminuir o ritmo de crescimento para algo em torno de 6%.

Mas a senhora não considera ainda um indicativo muito grave, considerando que continua crescendo o número de homicídios, que passou de cerca de 200 para 900 por ano?
Isso é como a inflação. Primeiro você tem que controlar para depois conseguir  a deflação. E é o que estamos fazendo na tentativa de zerar. Para isso estamos fazendo investimentos, procurando equipar, trazendo mais armamentos, viaturas, melhorando a questão salarial. E uma reivindicação com a força da bancada, do presidente da Câmara, conseguimos antecipar o programa Brasil Seguro. Não somos o Estado mais violento. O ministro  garantiu o Brasil Seguro, que vai integrar a polícia federal,  estadual, dar condições de maior estrutura. A segurança pública hoje não pode ser tratada de forma isolada, já que está ligada a questão das drogas, à impunidade. É um trabalho que não é só do governo do Estado e órgãos federais, mas é preciso envolver os órgãos de justiça para que possamos reduzir não só a taxa de crescimento como o número de homicídios.

Foi anunciada também a construção de cinco novos presídios, mas que não suprem o atual déficit carcerário?
A solução seria criar, de imediato, 2,2 mil vagas, que era o nosso deficit. E que não se formou em dois anos, já tínhamos esse deficit. Mas já conseguimos assegurar esses recursos para cinco, três geral, um para mulher e outro para jovens. Estamos buscando os meios para que o nosso Estado tenha mais segurança.

A senhora citou as obras de reforma em doze hospitais. Qual a previsão de conclusão e o que está sendo feito, até lá, para garantir que o serviço continue sendo oferecido?
No Hospital Santa Catarina já inauguramos o pronto-socorro; no Giselda Trigueiro a UTI foi reformada e já voltou a funcionar. Também fizemos o tratamento de esgoto que não existia num hospital referência em doença infectocontagiosa, o que era um absurdo. Estamos com reformas em Mossoró, Macaíba, no João Machado (Natal). Um convênio com o HUOL disponibiliza 60 leitos, abrimos os leitos do Hospital da Polícia para dar suporte nesse período de obras. Quando concluirmos, teremos mais 54 leitos de UTI e 106 leitos de retaguarda, o que vai ajudar a desafogar o (hospital) Walfredo Gurgel, mas acreditamos que a solução será a construção do Hospital de Natal, cuja a PPP está em andamento.

O HWG foi inserido no programa SOS Emergência, já recebeu R$ 2,5 milhões, mas o usuário ainda não percebe qualquer mudança. Em que esse recurso está sendo aplicado, quais as prioridades?
Esse recurso é para equipamento, reforma, que estão sendo adquiridos, está iniciando reforma mas demora. Tudo é um processo. E estamos fazendo as reformas nos hospitais para dar esse suporte e reduzir essa situação de pessoas nos corredores. O mais fundamental é que o sistema na rede básica, dos municípios, funcione. Enquanto isso não acontecer, não adianta. Se a UPA de Cidade da Esperança estivesse operando, teria capacidade para 800 atendimentos por dia. A pequena urgência não iria para o Walfredo que continua a porta de todas as urgências. Como  as cidades tem a gestão plena do SUS elas devem ter a responsabilidade no atendimento. Estamos com duas UPAS prontas esperando entrar em funcionamento em Macaíba e Parnamirim. Essa última, inclusive, foi construída com recursos do Estado e do Ministério da Saúde e o compromisso da Prefeitura para administrar e estamos esperando que ela  coloque para funcionar.

O Hospital da Mulher teve as contas auditadas em relação ao contrato com a Associação Marca…
Quero deixar bem claro: essa auditoria foi uma decisão da governadora, tomada quando foram levantadas questionamento em relação ao contrato da  A.Marca com o Município de Natal. Tivemos o cuidado de fazer uma supervisão para saber do serviço, que é de excelente qualidade, tanto que em um ano tivemos uma redução considerável da queda de mortalidade materna e infantil. Montamos toda uma estrutura, foi feita licitação e uma segunda empresa já assumiu a administração.

Em relação a essa segunda empresa, a OS Inase, o Ministério Público pediu a desqualificação da OS, nulidade do contrato. O Estado tem condições de assumir o Hospital da Mulher?
Estamos com deficiência de neonatologista, pediatras, anestesiologistas no Estado, não há nem concursado para chamar. Teremos que fazer outros concursos para ver se aparecem interessados. O Hospital da Polícia precisa de neonatologistas. Um hospital não funciona sem médicos. Para o Estado assumir, então, vai ser com Cooperativa? Não é o mesmo sistema? Temos que pensar e já disse isso ao Ministério Público que o Hospital da Mulher tem que funcionar. Eu não convivo com  improbidade, mas o hospital tem que funcionar. Essa foi a forma encontrada para funcionar.

Os alidados da senhora têm dado seguidas declarações do que eles apontam como falta de articulação ou excesso de centralização. Há perspectiva de solução?
Não é falta de diálogo, de vontade. Mas é que são tantos os problemas do dia a dia que se envolve para poder resolver e apresentar essa série de medidas, obras, projetos que estão dando certo.

Vai ser necessário aceitar indicações para o secretariado?
A união dessa base é pensando no Rio Grande do Norte, nesse momento histórico, na força política. Essa indicação de um cargo ou de outro não passa por aí. É muito maior nosso pensamento. É de ver o estado acontecer, as obras andarem, a Copa está consolidada, com a bancada nos apoiando. É natural, se existe um grupo, ouvir uma sugestão, uma ideia. Por que não? Se eu estiver precisando de uma sugestão para determinado setor, eu mesma posso perguntar, pedir opinião sobre o nome proposto.

Nessa conjuntura, a senhora acha que pode manter a base aliada para a disputa da reeleição em 2014?
Não estou me preocupando com eleição. Este é um ano de trabalho, de ver o saneamento crescendo, buscar avançar ainda mais nas obras estruturantes para a seca, na área da saúde, de educação. Há muito a fazer, não dá tempo para pensar. Isso vai ter seu tempo. Hora de eleição é quando chegar a eleição. Não discuto essa questão. O povo está pensando é no trabalho a fazer, e que a gente possa dar essas resposta.

Surgindo o rompimento na base aliada de Dilma, com a possibilidade de Eduardo Campos (PSB) sair candidato, o DEM pode reavaliar a aliança com o PSDB?
O quadro está indefinido. Quem tem o mandato é a presidenta Dilma e, tendo a reeleição, ela pode se candidatar. Mas não se está discutindo quem vai ser candidato. Até 2014, o quadro estará formado. A presidenta Dilma tem sido com o Rio Grande do Norte de uma atenção especial e tem feito ações louváveis.

Então, senhora considera a possibilidade de apoiar a presidenta Dilma para reeleição?
Se for o melhor para o Brasil.

Como  vislumbra que estará, no final do mandato, o Rio Grande do Norte?
Vai estar estruturado para aproveitar o seu potencial, com o turismo, as matérias-primas, para movimentar a economia e o desenvolvimento. Na educação, a resposta vem em ritmo lento, mas tratamos com prioridade máxima.

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