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Seca barrou progresso da civilização maia

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São Paulo (AE) – Os impactos causados pela mudança climática no período clássico da civilização maia tiveram papel determinante para o colapso de um dos povos mais desenvolvidos da América pré-colombiana, aponta estudo publicado na revista Science que chegou às bancas neste final de semana. Um levantamento, feito por pesquisadores de diversos países, mostra que os períodos de seca coincidem com o aumento dos conflitos internos que levaram à derrocada da população. Liderado pela Universidade da Pensilvânia, dos EUA, e pelo Instituto de Tecnologia de Zurique, o estudo determinou os períodos chuvosos da região entre 300 e 1000 d.C. – os dados foram obtidos pela análise de estalagmites em antigas cavernas. Com o aumento das secas, a partir de 660, inscrições em monumentos de pedra que faziam referência a guerras internas se tornaram cada vez mais frequentes.

Para os pesquisadores, essa relação serve de alerta para os povos contemporâneos. James Baldini, da Universidade de Durham University, que também participou do estudo, lembra que a mudança nas condições climáticas, ao prejudicar a agricultura, alavancou a crise em uma sociedade evoluída. “O apogeu e a queda dos maias é um exemplo de uma civilização sofisticada que falhou em se adaptar com sucesso às mudanças climáticas. Períodos de alta nas chuvas aumentaram a produção da agricultura e levaram à explosão demográfica e a uma superexploração dos recursos”, afirma o professor. “O clima progressivamente mais seco levou à desestabilização política e beligerância, à medida que os recursos foram esgotados.”

As mudanças no clima da região foram resultado de uma alteração na Zona de Convergência Intertropical (cinturão de ventos na linha do Equador que circunda o planeta) e em eventos causados pelo El Niño. Especialista em história das Américas, o geógrafo e historiador Marcelo Lambert, do Centro Universitário Metropolitano de São Paulo (FIG-Unimesp), afirma que as mudanças no clima tiveram influência, direta e indireta, em diversos níveis. “Era uma sociedade ritual e a seca abalou as crenças. A partir do momento em que não havia chuva, os sacerdotes enfrentaram uma crise de fé”.

Marroquinos sofrem com a escassez de água

Berlim (DW)- O lençol freático na planície de Suz já foi de dez metros, e era fácil obter água para irrigar os campos. Porém o nível diminui três metros por ano, colocando os pequenos agricultores em xeque.  Os habitantes de Suz, região da cordilheira do Atlas, sempre viveram da agricultura. Eles plantam principalmente cereais e comida para seu gado. Porém muitos dos poços tradicionais, onde os pequenos agricultores pegavam água para suas plantações, secaram. Um dos motivos é a agricultura em larga escala, cujas estufas e sistemas de bombeamento literalmente rouba a água dos outros produtores.

“Muitos agricultores perderam seu meio de subsistência com o bombeamento da água subterrânea, pois o nível do lençol freático caiu tanto, que os poços tradicionais não o alcançam mais”, observa Jürgen Gräbener. Ele trabalha no Marrocos para a empresa alemã de consultoria Eco Consult, e conhece a situação da região, onde o nível dos lençóis freáticos cai quase três metros, a cada ano.

Antigamente os agricultores não precisavam cavar muito, para chegar até a água, já que o nível do lençol freático era de cerca de dez metros. Hoje é muito mais difícil irrigar os campos. A água provém de mais de 200 metros de profundidade, e as grandes empresas agrárias são praticamente as únicas que ainda conseguem utilizá-la. Nesta região seca, os açudes já estão vazios antes do fim da estação, a água não basta para a agricultura intensiva.

Esta forma de exploração de recursos se desenvolveu nos últimos 30 anos, quando o Marrocos começou a adaptar sua política à economia mundial, com a suspensão das barreiras às importações e o corte de subsídios. “A agricultura de larga escala em estufas é o principal fator de exportação em todo o Marrocos, o mais importante fator para a economia da região”, disse Jürgen Gräbener. Todos os anos, quase 700 mil toneladas de verduras são produzidas na planície de Suz, em grande parte destinadas ao mercado europeu.

As perspectivas não são nada positivas para os agricultores. O plano oficial do governo é continuar expandindo a região de Suz nos próximos anos, tornando-a um dos mais produtivos centros agrícolas, capaz de competir com outros, em nível internacional.

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