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Seio, mama, peito – (I)

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Vicente Serejo

Começo pelo ‘seio’, Senhor Redator. É assim que está posto na capa de ‘A História do Seio’, de Marilyn Yalom, e que parece ter merecido a sua única tradução em português, publicada pela Teorema, de Lisboa, em 1997. Com o tempo que a tudo aplaina, o pudor foi sendo afastado aos poucos, e hoje as expressões ‘seio’ e ‘mama’ ficaram reservadas à sisudez. O peito ganhou a liberdade de poder existir livremente, sem a censura daquele velho e desdenhoso dar de ombros.
Aliás, como detalhe de humor, gosto de repetir a reação de Luiz Maria Alves quando um copidesque do Dário de Natal tascou na cabeça da página policial – era sempre a sexta página do primeiro caderno: “Mulher assassinada com tipo na mama”. Alves subiu as escadas da redação, foi à mesa do redator que traduzia os textos de Pepe dos Santos, o inesquecível repórter policial, e ordenou: “Neste jornal, seu Givaldo Batista, peito é peito. Mama é para consultório médico”.  
Ora, Alves era um defensor da objetividade rigorosa no texto jornalístico. Seguia, como se fosse uma Bíblia, o ‘Manual do Jornalismo’, de John Hohenberg, um americano traduzido no Brasil pela Fundo de Cultura, em 1960. Nos anos setenta, já era raro. Encontrei num sebo do Rio um exemplar em perfeitas condições e pedi para Alves trocar seu exemplar pelo meu. E até hoje tenho, como lembrança, aquele calhamaço na estante, timbrado com sua rubrica: ‘L. M. Alves”. 
Lembrei o detalhe porque encontrei, outro dia, no tumulto babélico desta mesa, o recorte de uma crônica de Ricardo Araujo Pereira, na edição de 11 de julho passado, da Folha, com um título assim: ‘O Simão Bolívar dos Seios’. Pereira é português e faz parte do grupo humorístico ‘Gato Fedorento’. E lá, no meio do texto, está a citação do livro de Marilyn Yalom que existe aqui. É um ícone da história das mentalidades, tese que defendeu na Universidade de Harvard.
Até o final do segundo milênio o ‘seio’ prevaleceu sobre o ‘peito’, expressão muito mais sensual e reveladora do esplendor da carne, a mesma que nos olhos carrancudos e parnasianos, eram pomos. Um recorte que guardei nas páginas da história de Marilyn Yalom já comprova a então supremacia do seio: a crônica ‘Seios’, de Luís Fernando Veríssimo, 2004, bem humorada; mas, na matéria de ‘Veja’, ‘o peito pequeno’ já venceu, com seu fulgor, a preferência masculina.  
A matéria da revista é minuciosa. Em agosto de 1997, há mais de vinte anos, as mulheres e cirurgiões plásticos chegaram à conclusão que o peito ideal teria no máximo 200 mililitros. Ou seja: um quinto do volume de um litro. A moda do peito pequeno também serviu para acalmar as mulheres por ventura de pouco peito – a expressão mais comum à época – que aplicavam próteses de silicone. Naquele ano, a cirurgia de aumento do peito chegou a cair 50%. Amanhã tem mais.   
ALIANÇA – Consultada, uma fonte de Brasília confirmou, por telefone, enquanto as plataformas do mundo virtual caíam: aliança do MDB com o PT aqui no RN hoje só depende Garibaldi Filho.
IDEAL – Feita a aliança, e se seguir o corte do figurinista que é Lula, Garibaldi Filho é o nome para o Senado. Nas contas petistas, é uma chapa majoritária competitiva no cenário político atual.
VALOR – A jornalista Cinthia Lopes, do blog Típico Local, revelou o que muitos desconheciam:  o pequeno e bonito Museu de Arte Popular de Francisco Dantas, no Oeste, a 360 km de Natal.  
VALOR – O museu prova que não se pode promover turismo cultural sem incentivar o que brota, naturalmente, semeado pelas mãos do povo. E é apenas a instituição de um pequeno município. 
POSSÍVEL – O Instituto Gentil, em Campo Grande, criado há 25 anos, inaugura dia 15 sua nova sede. Com auditório moderno, conectado com o mundo, um instrumento de informação e saber. 
EGITO – Quem retorna é o advogado Armando Holanda, depois de 15 dias de viagem ao Egito. Enfrentou as águas do Nilo, as Pirâmides e o deserto, confiado na sua imortalidade. E fez bem. 
MISTÉRIO – A pergunta que só a Fundação José Augusto pode tentar responder com ajuda da polícia: quais quadros foram roubados da Pinacoteca do Estado e quem roubou para vendê-los? 
SINAL – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, ouvindo o ruído misterioso da trama sutil: “De todas as formas de conspiração a mais terrível e sombria é a conspiração do silêncio”. 
DNA – Separar o joio do trigo e fazer do novo partido o verdadeiro centro para nele abrigar uma semente de terceira via, precisa passar pelo teste de DNA. Com os cromossomos de Leonardo Bivar e Antônio Carlos Magalhães, o novo partido nasce com o DNA de um centrão requintado.

TRAÇO – O mais habilidoso no novo partido é inventar-se como um fundador da voz do centro, quando, a rigor, na visão de alguns, não tem como ser oposição. Mas tem uma grande qualidade no jogo político do bolsonarismo dissimulado: tem tempo de tevê e a grana do fundo partidário.
TESTE – A campanha política de 2020 será o grande teste do partido diante da força e ousadia do Centrão. O calor da luta vai dizer quanto tem de bolsonarismo e até onde terá o desejo de unir o Estado à Nação. Na política não há disfarce: a prática revela o que a retórica, às vezes, esconde.
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