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Sem consumo, a energia do RN vai para outros Estados

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ENERGIA - Novas tecnologias vão mudar a queima das cerâmicas no futuro

Energia do petróleo (gás e óleo), eólica, nuclear, solar, hidrelétrica, das marés, térmica, da biomassa, entre outras. O Brasil tem todas essas oportunidades à sua disposição para ampliar  sua matriz energética e a oferta de energia, contribuindo como nenhum outro País, para a redução do aquecimento do planeta. O Rio Grande do Norte, embora ocupando pouco mais de meio por cento do território nacional (0,60%), é um dos poucos estados do Nordeste a oferecer também todas essas oportunidades de fontes energéticas em um território tão pequeno, com um detalhe: a maior parte dessa energia é de fonte limpa ou renovável.

 Essa diversidade levará o Estado a ter um excedente de energia e, de qualidade, que poderia ser utilizado aqui mesmo, ao invés de injetar na rede para atender outros estados, como Pernambuco e Ceará, ambos em franco processo de industrialização com a instalação de grandes refinarias de petróleo, siderúrgicas, estaleiros, entre outros empreendimentos de porte consumidores de energia. Um dado importante é que a energia necessária para abastecer o Estado já está contratada pela empresa distribuidora, a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), pelo menos, até 2013, portanto, sem risco de racionamento até lá. 

 Para o secretário Estadual de Energia, Jean-Paul Prates, “o grande pré-sal do RN é a energia eólica. Nosso potencial é gigante’’, chamando atenção para um problema, a falta de linha de transmissão que ele classifica como  “um deserto de transmissão que atrapalha o desenvolvimento de nosso potencial eólico”. Mesmo com a estrutura de transmissão pronta, a energia será levada além das fronteiras para abastecer quem consome mais. O secretário não reconhece que no futuro será assim e promete lutar contra para mudar esse quadro que se desenha para o futuro do RN. 

O secretário  Jean-Paul Prates aceita, embora inconformado, que hoje a situação é essa. O gás natural produzido aqui há mais de dez anos abastece as indústrias da Paraíba e de Pernambuco, via Gasoduto Nordestão e, mais recentemente, o Ceará pelo Gasfor. Para ele essa situação é “inconcebível, intolerável e de reversão necessária e emergencial”. Acrescenta que “há anos, mesmo quando atuando apenas como consultor da Governadora Wilma de Faria e de administrações anteriores, tenho alertado para o fato de que o Estado é provedor energético regional, ou seja, tem potencial para gerar energia (aí incluídas todas as fontes), para mais do que é capaz de consumir. O alerta é que isso não quer absolutamente dizer que tenhamos que ser condenados a enviar sempre a maior parte das nossas produções de energia elétrica, petróleo e derivados, gás e biocombustíveis para outros estados se desenvolverem em detrimento do nosso próprio aproveitamento – que deveria ser prioritário”.

   Para evitar essa “evasão da riqueza energética”, o secretário disse que o Estado precisa fazer o dever de casa, ao reivindicar quantidades de energia ou de energéticos para uso interno. Seria organizar a matriz potiguar e combinar esse potencial com programas de incentivo industrial, automotivo, energético, entre outros. Além dos parques eólicos previstos para o litoral. Ocupando quase todo o espaço disponível, há outros grandes projetos, como o parque eólico a ser instalado em uma área de dois mil hectares na Serra de Santana, no Seridó. O secretário Jean-Paul revela que ao assumir a secretaria foi bombardeado com perguntas sobre parques eólicos, mas o próprio Estado não tinha qualquer registro oficial ou lista de projetos sistematizada. Essa informação sobre os projetos “encontra-se dispersa em boatos e conhecimentos específicos vinculados a fontes isoladas (consultores e empresários). No momento a secretaria está elaborando o Cadastro Estadual de Projetos Eólicos.    

As projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revelam um risco muito pequeno de déficit de energia – mesmo que seja de um único megawatt – inferior a 5%, nos próximos cinco anos, para todas as regiões do país. No caso de déficits maiores do que 1% de toda a carga – equivalente a uma demanda em torno de 1.000 MW maior do que a oferta -, o risco cai para níveis inferiores a 3%, segundo o ONS. 

 O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, considera “praticamente nulas” as chances de problemas no abastecimento de energia. Os cálculos feitos pelo ONS já levam em conta os últimos leilões promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), incluindo a contratação de energia de reserva gerada a partir do bagaço da cana-de-açúcar e a revisão das estimativas para a carga nacional. 

 O Rio Grande do Norte também produz energia da cana-de-açúcar (biomassa), adquirida pela Cosern às usinas e destilarias do Estado. Diante de tantas fontes fica descartada, pelo menos por alguns anos, o projeto de elevar a parede da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, no Assu, para geração hidrelétrica.

Já a Termelétrica do Açu, segundo o seu presidente, Francisco Queiroz, deverá iniciar as operações no próximo ano, embora esteja com o sistema de geração de energia elétrica pronto. Mas. O ONS só dará o despacho de operação se os reservatórios da Chesf baixarem nos próximos meses, comprometendo a geração das hidrelétricas. Ou seja, fica como reserva de geração. Como se trata de uma usina térmica de co-geração usando gás natural, no próximo ano, a TermoAçu vai produzir 600 toneladas de vapor para a Petrobras injetar nos poços de petróleo, aumentando a produção em 10 mil barris/dia. Com isso, a estatal desativará ou transferirá as estações de vapor em vários campos.

O País terá que gerar  de 4 mil a 6 mil megawatts por ano, caso, como se espera    a economia siga crescendo na faixa dos 5% a 6% ao ano. O potencial de geração hidráulica do País, tende a se concentrar  cada vez mais na Amazônia. Com isso, a energia gerada terá custos cada vez maiores de transmissão, e um impacto ambiental que tornará as licenças objeto de ampla e detalhada negociação. Daí a aposta crescente nas gerações mais rápidas como eólicas e térmicas, principalmente no curto prazo.

Inovação com recursos naturais através da energia solar

 Se inovar é enxergar o óbvio, como diz o especialista Clóvis Tavares, ao  destacar que “inovar é buscar formas diferentes de enfrentar desafios e que isso influencia o sucesso de uma empresa ou se, “inovar é provocar, é mexer com os princípios”, então dois pesquisadores potiguares seguiram esse caminho, para duas descobertas sem uso ou pouco uso de energia convencional. No futuro esperam ajudar a construção civil, principalmente, na edificação de casas populares.

O projeto de doutorado do engenheiro civil Moisés Leite, que há quatro anos iniciou estudos com a fibra de coco para fabricação de argamassa é construir uma casa,  ou uma biocasa, para beneficiar as pessoas sem condições de adquirir um imóvel. O pesquisador pretende ampliar os seus estudos para fabricação de pias, azulejos, vasos sanitários e concreto, feito a partir do bagaço de coco.  A construção de casas populares com o seu projeto terá um custo final até 60% menor do que o valor de mercado.

O pesquisador Jorge Alberto Cardoso Bouth, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte também desenvolveu uma pesquisa com fibra natural, para fabricação de tijolos, sem a queima. Isso significa uma tripla vantagem para a natureza: a queima é natural, a fibra é natural e os custos são bem menores, além de confirmar a resistência do material. Com o título “Tijolo de solo-cimento com reforço de fibras vegetais”, a invenção, concluída há poucos meses também pode ajudar muito à redução de custos da construção civil do Rio Grande do Norte, Trata-se de um tijolo maciço de solo-cimento, que é feito de argila, cimento e água, reforçado com fibras vegetais, com secagem natural e sem a tradicional queima. A pesquisa de mestrado da UFRN teve como orientador o professor e doutor Wilson Acchar.

A invenção proporciona um menor custo de produção, e maior aplicabilidade em construção de moradias para populações de baixa renda, com as seguintes características: a argila é um material de construção micro-fina e porosa, por isso é capaz de “respirar” como nenhum outro material de construção, e neste processo o ar fresco chega filtrado ao interior fechado, enquanto que o ar gasto saí através das paredes;  a argila sem passar pelo processo de queima regula a umidade do ar, e é capaz de absorver muita umidade em pouco tempo, bem como de armazená-la, e quando há pouca umidade no ar, é liberada no espaço. Essa capacidade de absorção é 30 vezes superior aos tijolos queimados.

 Os materiais básicos são misturados, e adicionadas as fibras vegetais para dar o reforço necessário ao bloco.

Ventos e sol podem garantir energia de  2/3 da população  

De acordo com o Greenpeace, em 2030, a energia solar poderá atender às necessidades energéticas de dois terços da população mundial e a geração eólica em alto-mar, no Mar do Norte, poderá fornecer energia para 71 milhões de residências na Europa. Essas são as principais conclusões dos relatórios internacionais Geração Solar e Revolução Elétrica do Mar do Norte, lançados recentemente pelo Greenpeace.

O relatório Geração Solar, que está em sua quinta edição, foi produzido em conjunto com a Associação Européia da Indústria Fotovoltaica. Em 2030, estima-se que estejam instalados mais de 1.800 GW de painéis fotovoltaicos no mundo. Essa capacidade deve gerar 2.600 terawatts/hora (1 tera = mil gigas) de eletricidade por ano, ou 14% da demanda global, atendendo a 1,3 bilhões de pessoas em áreas cobertas por sistemas elétricos e outros 3 bilhões de pessoas em áreas rurais sem acesso a eletricidade.   O setor fotovoltaico será também o responsável pelo crescimento de economias locais. O número de empregados no setor, trabalhando na fabricação, instalação e manutenção dos painéis, pode crescer dos atuais 120 mil para 10 milhões no mundo em 2030.

“A energia solar produzida pelos painéis fotovoltaicos tem um potencial energético enorme no Brasil e no mundo. Para viabilizar este potencial, é essencial o apoio governamental através da aplicação de medidas políticas como as tarifas feed in. A aplicação deste mecanismo em diversos países tem garantido o crescimento do setor, permitindo que o consumidor possa operar seu próprio sistema solar em casa e ser remunerado pela geração excedente de energia”, afirma Ricardo Baitelo, da campanha de Energia do Greenpeace Brasil. Ele já esteve em Natal participando o seminário “Motores do Desenvolvimento do RN”, promovido pela TRIBUNA DO NORTE. O relatório Revolução Elétrica do Mar do Norte, coordenado pelo 3E, aponta as vantagens da interconexão de parques eólicos offshore entre o Reino Unido, a Escandinávia, os Países Baixos, a França e a Alemanha. O megawatt-hora da energia eólica custa no Brasil em média R$ 200, enquanto o das térmicas a diesel e a óleo chega a R$ 600.  Mesmo sendo mais cara do que a energia gerada por hidrelétricas, a energia eólica,  custa menos que as outras formas que o Brasil utiliza  para garantir sua segurança energética, como as usinas térmicas a óleo, a diesel e a carvão.

  O Rio Grande do Norte também ganhará o seu o primeiro parque de energia solar, no próximo ano, na área da Petrobras, em Guamaré, Será mais um projeto piloto da estatal em território potiguar, dentro da sua estratégia de se transformar em uma empresa de energia e não apenas de petróleo, gás e biocombustíveis.

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