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Sem limpeza, lixo se acumula no CRI

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Ricardo Araújo
repórter

Sacos de pipoca e biscoito recheado espalhados pelo chão, paredes coloridas descascadas, cadeiras de rodas enferrujadas. O único Centro Especializado em Reabilitação em Natal, o CRI, um dos locais de referência, inclusive, para o tratamento de crianças com microcefalia, vive dias de abandono. Sem auxiliares de serviços gerais desde o fim de novembro, a sujeira se acumula da porta de entrada aos banheiros. Fraldas, papéis higiênicos e até mesmo lixo hospitalar oriundo do Laboratório de Genética Humana sediado na unidade aguardam recolhimento. Ontem, pacientes que moram em Canguaretama e no Sítio Lagoa do Poço, no distrito de Goianinha, deixaram de ser atendidos não pela falta de equipe especializada, mas pelo sujo acumulado nas salas de procedimento.
Moradora de São Gonçalo do Amarante, Eliane Neves foi uma das poucas mães que conseguiu atendimento, ontem, para o filho Samuel
#SAIBAMAIS#“Está tudo muito sujo. Já faz alguns dias que a situação é essa: lixo por todo canto e os banheiros podres”, relatou Eliane Silva Neves, dona de casa. Ontem, ela conseguiu que o filho, Samuel Silva de Andrade, de cinco anos, fosse atendido. Duas vezes por semana, quando o tratamento é confirmado, ela se desloca de São Gonçalo do Amarante para Natal com o filho portador da Síndrome de West para atendimento multidisciplinar. “A gente vem e, muitas vezes, ele não é atendido. Quando não falta fonoaudiólogo, dentista, terapeuta ocupacional, é por causa do lixo”, lamentou.

De mais longe ainda, Pedro Paulo, de cinco anos, veio. A mãe, Rosinete Barbalho, e a criança portadora de Síndrome de Down deixaram o município de Canguaretama quando ainda era madrugada na sexta-feira. “A gente vem de longe, se esforçando, dividindo o carro com outros pacientes e quando chega, não tem atendimento por causa da sujeira. A médica disse que não tinha condições”, lamentou a mãe com o menino nos braços, enquanto esperava o transporte para fazer a viagem de volta.

Desde o primeiro semestre deste ano, quando o CRI constatou deficit de 27 profissionais de especialidades diversas, a situação tem se agravado. Ontem, por causa do sujo, a fonoaudióloga de plantão liberou todos os pacientes. Além dos auxiliares de serviços gerais, faltam também auxiliares de cozinha. Só um copeiro ficou responsável pela preparação dos lanches dos pacientes e acompanhantes, servido às 10h da manhã e às 3h da tarde. As refeições – café da manhã e almoço – até mesmo dos servidores da unidade estão suspensas. “Se a gente não trouxer de casa, não tem onde comer”, disse um dos servidores pedindo anonimato. Outro serviço que poderá para em breve é o de segurança privada no CRI. O contrato com a Interfort, segundo apurado pela reportagem, não foi pago.

Ontem à tarde, a TRIBUNA DO NORTE passou mais de uma hora nas instalações do Centro Especializado em Reabilitação, na Av. Alexandrino de Alencar. Nenhum dos diretores estava na unidade. O diretor-geral, Sarcinelli Avelino, foi procurado para comentar a situação do CRI, mas os servidores não souberam informar para onde ele tinha saído na tarde ontem. O diretor técnico, Ítalo Targino, disse por telefone à reportagem que a situação deverá ser regularizada em breve. “Me reuni com o secretário George Antunes, da Sesap, e ele informou que até a próxima semana o serviço de limpeza será regularizado”, declarou. Questionado sobre a escala dos profissionais que atendem no CRI, ele disse que estava prejudicada por causa da greve dos médicos da rede estadual de Saúde e, também, por causa da sujeira, que acabava fazendo com que alguns profissionais não realizassem os atendimentos.

Nota “SERVIÇOS TERCEIRIZADOS”
Em nota, emitida no final da tarde de ontem (9), a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN) esclareceu a situação dos contratos. No texto a Sesap informou que “está concluindo os processos licitatórios para a prestação dos serviços de Higienização e Vigilância, sendo este último direcionado para as unidades do interior do RN” e que “de acordo com a Coordenadoria de Orçamento e Finanças (COF) da Sesap, ambos os contratos serão aprovados
na próxima terça-feira (13), pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado (CDE-RN), para posterior formalização”.

Números
27
é o déficit de profissionais em diversas especialidades. Situação na unidade tem se agravado nos últimos meses.

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