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Sem muito a comemorar

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Marcelo Queiroz
presidente da Fecomércio/RN

Tenho sido constantemente procurado pela imprensa para dar declarações sobre as nossas expectativas – as da Fecomércio e dos empresários do Comércio, Serviços e Turismo –  para o final de ano. Infelizmente, tenho sido obrigado a dizer que elas não são nada boas. O que temos visto recentemente é um definhamento do crescimento das vendas do comércio varejista potiguar, que pela primeira vez na história registrou queda nas vendas por três meses seguidos (em junho, julho e agosto, segundo dados do IBGE). O aumento acumulado de vendas de janeiro a agosto, que foi de 9,1% no ano passado despencou para 1,7% no mesmo período deste ano.

É claro que cabe o seguinte comentário: ainda é um crescimento. Bem menor, mas um crescimento. Tudo bem. Mas o problema é o nível de queda deste crescimento e, pior, a falta de perspectivas de emplacarmos algumas altas no quadrimestre final do ano que sejam capazes de reverter esta desaceleração, que já caminha a passos largos para uma recessão.

Entre setembro e dezembro, nossa estimativa é que tenhamos números que fiquem entre 1% e 4% de aumento, sendo dezembro, naturalmente, o mês em que esperamos a maior alta. Se isto se configurar, deveremos fechar 2014 com um aumento total nas vendas próximo dos 2% o que representaria menos de um quarto dos 8,8% que emplacamos em 2013.

Esta redução do crescimento das vendas é ainda mais preocupante quando olhamos para os números do emprego, que já começam a ser afetados pela queda nas vendas.

Em setembro, último mês cujos dados foram disponibilizados pelo Ministério do Trabalho, registramos o menor saldo de empregos dos últimos anos no nosso setor de Comércio, Serviços e Turismo. Foram 1.123 empregos a mais no mês, contra, por exemplo, 1.606 registrados em 2013. Vale pontuar ainda que boa parte deste saldo positivo se deve a um aquecimento de empregos no setor de Serviços que tivemos este ano na esteira da Copa do Mundo de Futebol.

Mas é possível perceber que estamos no limite deste saldo positivo. O caminho para o qual estamos seguindo é o da retração no emprego. As sondagens feitas recentemente mostram que pouco mais da metade dos empresários admitem contratar mão de obra temporária para este final de ano. Nossa estimativa de cerca de 6 mil vagas temporárias no Rio Grande do Norte não deverá se concretizar.

Nossa esperança reside nos novos governos, que assumem em janeiro de 2015. Precisamos de políticas, projetos e ações de estímulo ao desenvolvimento. Gerar emprego e renda, financiar o setor produtivo e aumentar o investimento público nos parecem modelos muito mais eficientes que o de simplesmente estimular o consumo.

Em resumo, o final de 2014 deverá ser melancólico para o nosso setor. Felizmente, os números ainda apontam um quadro recuperável. Mas é preciso agir logo. Portanto, que venha 2015!

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