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Sem repasses da Sesap, empresas param de recolher lixo no Hospital Ruy Pereira

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Hana Dourado
Repórter

Resíduos hospitalar estão acumulando há pelo menos um mês no Hospital Estadual Doutor Ruy Pereira dos Santos, em Natal. Por causa do acúmulo de lixo, o odor vem afetando a rotina de pacientes, acompanhantes e até mesmo alunos de uma escola da rede pública que fica vizinha a unidade de saúde. Nesta terça-feira (23), dezenas de sacos contendo lixo comum e algumas bombonas com lixo hospitalar se acumulavam ao lado do necrotério do hospital.

De acordo com as informações repassadas à TRIBUNA DO NORTE, que esteve no hospital, o acúmulo de lixo vem ocorrendo por falta de pagamento às empresas Stericycle e Santos & Fernandes, responsáveis respectivamente pelo recolhimento de lixo hospitalar e lixo comum. Sem receber os repasses da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) há quase dois meses, as prestadoras de serviço optaram por não recolher os resíduos. A paralisação teria começado há aproximadamente 30 dias e não tem previsão para acabar.
Acúmulo de lixo na porta de acesso ao necrotério do hospital
Sem o trabalho das empresas, a área destinada para o descarte temporário dos resíduos produzidos no Ruy Pereira virou um verdadeiro lixão. O diferenciação do que é lixo hospitalar do que é lixo comum se resume aos locais que eles estão dispostos. De um lado – aonde fica o prédio do hospital – fica o lixo comum. No outro – ao lado do muro que separa o hospital da Escola Estadual Alberto Torres – fica o lixo hospitalar. No meio, há um espaço reduzido para circulação.

A equipe de reportagem esteve no local e constatou dezenas de sacos de lixo comum empilhados. Ao lado, 11 bombonas com lixo hospitalar – sendo duas destampadas – estavam enfileiradas. Além disso, uma grande quantidade de tralhas e equipamentos hospitalares antigos, se misturavam dando ares de lixão. As tralhas, seriam oriundas do Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Rio Grande do Norte (Itorn).

Segundo um funcionário do hospital, que pediu para não ser identificado, por causa do acúmulo de lixo a presença de baratas e moscas, até mesmo ratos, é constante. Em alguns casos, baratas e ratos acabam circulando pelo hospital, já que existe uma entrada ao lado da área de descarte. O acesso, inclusive, é usado para levar as pessoas que faleceram ao necrotério. “É um desrespeito com o morto e com a família. Eles descem pelas escadas e precisam ter cuidado com o lixo ou com a lama que fica na porta. Imagine um familiar tendo que vir aqui nessa situação”, comentou indignado.

O forte odor do lixo acumulado também é um problema. Enquanto o lixo se acumula, pacientes internados nas alas de enfermaria precisam conviver com o mau cheiro constate. Com o pai internado no terceiro andar, Maria Fátima lamentou a situação. “É difícil porque a gente tem que ficar com a janela aberta e o cheiro é forte”.

O odor proveniente do acúmulo de resíduos no hospital é tão grande, que chega ao ponto de prejudicar a rotina da Escola Alberto Torres. De acordo com a administração da escola, nos últimos três anos, alunos e professores convivem com o mau cheiro. O problema chegou a ser responsável pelo remanejamento de alunos das salas de aula. “Têm crianças que ficam sem comer por causa do odor. Em outros caso, alunos precisam mudar de sala de aula. Ano passado, durante a realização do Enem, os candidatos sofreram bastante. A gente tem cuidado para não atrapalhar o hospital. Eles também deveriam ter cuidados com a escola”, conta a vice-diretora Abigail de Souza.

Por causa do forte cheiro, a direção da Alberto Torres teme pela saúde dos alunados. Isso porque o centro de convivência dos alunos fica exatamente ao lado da área de descarte do lixo. A escola e o hospital ficam separados apenas por um muro. “É um espaço muito usado pelos alunos, principalmente para lanchar. O que garante que eles não estão suscetíveis a doenças? O que garante que muro não esteja infectado?”, questiona Abigail. Ainda de acordo com a vice-diretora, a escola entrou em contato algumas vezes com o hospital para procurar uma solução que atendesse a instituição e o próprio Ruy Pereira, mas não obteve sucesso. A Escola Estadual Alberto Torres possui atualmente 284 alunos, distribuídos nos turnos matutino e vespertino.

Após circular pela área de descarte no hospital Ruy Pereira, a TRIBUNA DO NORTE procurou a direção da unidade de saúde para discorrer sobre o caso, porém não foi atendida. De acordo com nota da assessoria de imprensa da Sesap, está sendo priorizado o pagamento de contratos que garantem serviços essenciais às unidades hospitalares e, nesta quarta-feira (24), será pago o valor de R$ 31.860,00, referente a abril, à empresa prestadora de serviço. Segundo a Coordenadoria de Orçamento e Finanças (COF), está sendo estudado o pagamento das parcelas referentes a maio em junho para o mais breve possível.

Atualizada às 18h12

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