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Sem-terra fazem protesto no país

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EFEITO - Movimento foi lembrado com invasões, bloqueio de rodovias e saques a caminhões que carregavam alimentosCarajás (Pará) – Cerca de 2 mil pessoas participaram no final  da tarde de ontem de um ato político na Rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás,  durante o qual homenagearam os 19 trabalhadores rurais mortos pela Polícia Militar  no dia 17 de abril de 1996. Também protestaram contra a falta de punição dos  responsáveis pelo crime. Às 17h15, como vinham fazendo desde o dia 1º, os sem-terra  interromperam o trânsito na rodovia, na altura da Curva do S, onde ocorreram  as mortes, e só voltaram a liberá-lo meia hora depois. Presente ao ato, o líder do movimento, João Pedro Stédile, avisou que as ações  dos sem-terra deverão continuar até julho e que há uma nítida disposição, entre  os acampados, para manter a pressão sobre o governo.

Por todo o País o episódio foi lembrado, pelos movimentos dos sem-terra, com  saques, invasões, marchas e discursos. Foram dez fazendas invadidas no Pontal  do Paranapanema, em São Paulo, outras duas em Minas, sete saques de alimentos  em Pernambuco, outro no Mato Grosso do Sul e uma invasão com destruição de eucaliptos  em uma fazenda na Bahia, além de marchas, protestos e discursos em Alagoas,  Rio Grande do Sul e Paraná. Até em Washington, nos Estados Unidos, um pequeno  grupo marchou debaixo de chuva para a Embaixada brasileira, onde entregou um  documento ao embaixador Roberto Abdenur.

Na solenidade de Carajás, o representante do presidente Luiz Inácio Lula da  Silva, ministro Paulo Vanucchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos,  justificou o ato em discurso feito de um palanque montado ao lado da rodovia.  Disse que a cerimônia era uma forma de se chamar a atenção para as questões  da reforma agrária e da violência cometidas no Estado contra os sem-terra.  Também estavam presentes o presidente do Instituto Nacional de Colonização  e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, e o chefe da Ouvidoria Agrária Nacional,  Gercino Silva. Em entrevista coletiva que deu no acampamento montado à beira  da estrada, o representante do presidente Lula apoiou a reivindicação dos sem-terra  por uma revisão das investigações e dos julgamentos realizados até agora em  torno do assassinato dos 19 trabalhadores, dez anos atrás. “Discordamos de muitas  ações do MST. Mas sabemos que a consciência jurídica do País, neste caso, está  com o movimento. O Brasil não pode se satisfazer com a idéia de que só dois  oficiais sejam condenados.”

O ministro de Direitos Humanos destacou que o governo federal não pretende  se imiscuir em assuntos que, segundo as leis, são da competência do Estado do  Pará. Mas também enfatizou que pretende conversar e até “pressionar” o governo  e o Tribunal de Justiça paraense para uma revisão dos julgamentos: “Queremos  dividir responsabilidades. Uma chacina como essa não pode ter o resultado jurídico  que teve.” Nos demais discursos, os oradores criticaram repetidas vezes o ex-governador  Almir Gabriel, do PSDB, que governava o Estado na época do massacre. A movimentação  na Curva do S – que fica entre Eldorado e Marabá, na PA-150 – começou logo pela  manhã e durante todo o dia milhares de pessoas circularam pelo local, inclusive  estudantes trazidos de regiões próximas.

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