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Semopi aterra cratera para fazer drenagem provisória

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Igor Jácome, RobertoLucena, Pedro Andrade
repórteres

A Prefeitura do Natal começou a aterrar, na tarde de ontem (19), a cratera que se abriu entre Mãe Luiza e Areia Preta no último final de semana. O objetivo é fazer uma drenagem provisória e evitar que o terreno sofra mais erosão. Durante a madrugada desta quinta-feira, um novo deslizamento de terra destruiu pelo menos mais duas casas da avenida Guanabara e fez com que outros três imóveis entrassem  na área de risco. A terra ainda soterrou dois carros que passavam pela avenida Sílvio Pedrosa, sendo um deles ocupado por turistas chilenos. Ninguém se feriu. O município tem o prazo de seis meses, dado pelo Ministério da Integração, para executar os projetos de recuperação da área entre Mãe Luiza e Areia Preta.
Serviço de aterramento começou ontem e deve demorar pelo menos cinco dias para ser concluído
Segundo o secretário de Obras de Natal, Tomaz Neto, o serviço de aterro, que começou por volta das 16h, deve demorar pelo menos cinco dias para ser concluído. Ele vai possibilitar maior estabilidade da área e facilitar o desvio da água pluvial, levada até o local pelo sistema de drenagem, para cair sobre as lonas estendidas. “Pode ser que a chuva leve um pouco desse material, mas pelo menos a gente evita que haja mais erosão. Estamos usando toda a terra que foi lá para baixo”, disse o secretário Tomaz Neto. Ele explica que se isso não fosse feito, o buraco continuaria a aumentar. “Ia acabar levando metade de Mãe Luiza”, coloca. O aterramento ocorrerá dos dois lados pela Guanabara, mas não será suficiente para fechá-lo. 

#SAIBAMAIS#A Semopi ainda não estimou quantas carretas ou toneladas de terra serão usadas. Também não há previsão de quando os projetos de recuperação da área começarão. A prefeitura já tem escritórios preparando os projetos que serão apresentados ao Ministério da Integração. Também ainda não há estimativa de quanto custarão as obras. Segundo Tomaz Neto, a prefeitura vai tornar o terreno atingido, entre os condomínios Infinity e Aldebaran, em Areia Preta, área inabitável. “Vamos fazer uma escadaria e por baixo dela, em concreto armado, um sistema de drenagem que vai levar a água da chuva para a praia”, destacou. Já o esgoto futuramente será desviado para a estação de tratamento da Companhia de Águas e Esgotos.

A Prefeitura terá um prazo de seis meses, dado pelo Ministério da Integração, para obras de recuperação de áreas desastres. Se ultrapassar o período, os recursos disponibilizados serão bloqueados e o município terá que apresentar justificativas para a prorrogação de prazo.

Ocupação indevida

Uma das preocupações das autoridades é a ocupação indevida das áreas de risco. Retiradas do local no sábado (14), horas antes do desastres, várias famílias já voltaram às casas localizadas em área de risco, na rua Atalaia, pouco acima da Guanabara. A Defesa Civil informou que não liberou o retorno dos moradores ao local e que lá eles estarão em risco.

A dona de casa Edneide Gama não deu conta do perigo. Ela permanece em casa, um segundo andar localizado na rua Atalaia, há poucas dezenas de metros da cratera. “A gente só sai daqui se o buraco chegar na rua. O povo está é aproveitando as pessoas fora de casa para roubar”, diz. Na casa, ela mora junto com o marido, filha e netas. Vários vizinhos também voltaram nos últimos dias. Outros só voltam ao local para buscar o que foi deixado para trás. 

Evacuado no último sábado, o prédio Infinity, localizado na Silvio Pedrosa, já tem moradores de volta. O sindico permanece no local. A reportagem tentou falar com ele, mas o pedido de entrevista foi negado. Já o síndico do Aldebaran, localizado do outro lado do terreno por onde a terra deslizou reclamou da falta de informações do poder público. Apesar das máquinas atuarem na retirada de areia da avenida Silvio Pedrosa, em Areia Preta, a Defesa Civil não estima quando a via será liberada ao tráfego. Por enquanto, o único fluxo no local será o do maquinário.

Protesto

Moradores de Mãe Luiza fizeram manifestação na manhã de ontem, bloqueando o fluxo de veículos na Via Costeira e o acesso ao bairro pela avenida João XXIII, das 10h20 às 12h15,e prometem um novo protesto para a manhã de hoje. O grupo pediu mais celeridade nas providências da Prefeitura do Natal e novas vistorias nas casas das ruas Guanabara e Atalaia, onde a cratera atingiu moradias e deixou outras interditadas por risco de desabamento. Cinco viaturas da Polícia Militar, sendo duas do Batalhão de Choque, e o comandante geral da Polícia Militar do RN, coronel Francisco Canindé Araújo, acompanharam o protesto, mas não interferiram  no bloqueio das vias, feito com entulhos, galhos, placas e um sofá velho. De acordo com Everaldo Batista Vilela, morador da Atalaia, falta atenção aos moradores atingidos pelo deslizamento. Márcia Maria do Nascimento, 48, reclamou da demorar em iniciar o cadastramento das famílias (feito somente ontem.

“Estou pagando aluguel, minha família está distribuída nas casas dos parentes e amigos e queremos resolver logo isso”, disse sobre o pagamento de aluguel social pela Prefeitura.

Durante a manifestação, que ocorreu pacífica, exceto as aglomerações quando motoristas tentavam furar o bloqueio, o fotógrafo José Aldenir Souza Machado foi ameaçado, enquanto fotografava a conversa entre polícia e moradores, por um PM que apesar de não usar fardamento com nome, foi identificado como major Fábio. “Se você não pode ajudar, saia daqui e não atrapalhe”, disse o policial. Ao responder que estava trabalhando, o major retrucou: “continue e lhe coloco na viatura”.

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