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Senai mapeia potencial fotovoltaico em 6 cidades do RN

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Pesquisadores do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), principal referência do SENAI no Brasil para pesquisa, desenvolvimento e inovação especializada no setor de energia, começaram a medir neste fim de semana o potencial de seis municípios do Rio Grande do Norte para geração solar fotovoltaica, um setor que segue em expansão no Estado e que, no país, movimenta mais de R$ 48,5 bilhões em investimentos privados, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR).
Equipe do ISI-ER finalizou instalação dos medidores na semana passada. Informações irão compor o Atlas Eólico e Solar potiguar
O mapeamento do potencial em possíveis novas áreas de investimentos  em território potiguar é desenvolvido pelo Instituto dentro do projeto de execução do Atlas Eólico e Solar do Estado, encomendado pelo governo. Mas não é só em terra – e nem apenas nessa fonte de energia – que engenheiros, meteorologistas e geógrafos da equipe estão de olho.

Segundo o coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do ISI-ER, Antonio Medeiros, a equipe se prepara para dar início, em julho, a medições que irão apontar as melhores áreas para investimentos em geração de energia eólica no mar, a nova grande aposta do RN na área de energia, onde o Estado já lidera a produção nacional em terra.

As oportunidades vislumbradas em novas fronteiras para o Estado foram apresentadas pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec/RN) em videoconferência com diversas instituições e representantes de indústrias semana passada, quando o titular da pasta, Jaime Calado, também citou o Atlas entre os estudos mais importantes em curso para futuros investimentos no Estado.

Os trabalhos que irão subsidiar o documento tiveram início há um ano e a expectativa é que os primeiros resultados sejam divulgados em fevereiro de 2022, como uma espécie de guia para atuais e futuros investidores sobre as áreas com maior potencial de geração eólica e solar no território potiguar.

Potencial

Levantamentos já publicados pelo governo federal e também pelo setor apontam o RN como um dos grandes filões nesse campo.

Estimativas conservadoras da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, indicam que o potencial de geração offshore do Brasil, ou seja, de geração da “energia dos ventos” com usinas implantadas no mar, fica em torno de 317 Gigawatts (GW) – número 22 vezes maior que a capacidade instalada em Itaipu, usina hidrelétrica na fronteira com o Paraguai, que se apresenta como líder mundial em produção de energia limpa e renovável.

Considerando medições já divulgadas pela Petrobras, segundo as quais apenas a Bacia do Rio Grande do Norte e do Ceará tem potencial estimado em 140 GW nessa área, 44,16% da capacidade nacional prevista estaria concentrada na costa dos dois Estados nordestinos.

Medições na praia

Para o mapeamento de áreas específicas agora, a pedido do Governo do Estado, os pesquisadores do ISI-ER farão medições à beira mar, em praias que serão definidas ao longo do Litoral Norte. “Vamos começar algumas campanhas de medição a partir de julho, o que na prática significa posicionar um Lidar de varredura – um equipamento que permite medir a velocidade e a direção do vento de forma remota, a 150 metros de altura”, diz Antonio Medeiros, do ISI-ER.

O Instituto já havia realizado medições semelhantes em 2015 para a Petrobras, utilizando, porém, outros tipos de equipamentos instalados em plataformas marítimas. Os dados que serão gerados agora, por meio do trabalho conduzido para o governo, diz Medeiros, terão a função de atrair investidores, mas não excluirão a necessidade de potenciais projetos executarem suas próprias medições de vento.

“A etapa de medição de cada projeto é fundamental para reduzir as incertezas do recurso eólico, pois estamos falando de  projetos com cifras na casa de bilhões de reais. Além disso esta etapa é exigida pela  EPE”, explica, acrescentando que ao definir as áreas com melhor potencial o Atlas deverá  guiar os grandes players do mercado, possibilitando economia de tempo com estudos de localização e melhor planejamento.

RN lidera potência instalada em energia eólica

As novas perspectivas de investimentos em energias renováveis no Rio Grande do Norte se abrem em um momento em que o Estado tem a maior potência eólica instalada e prevista no Brasil para os próximos anos, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). E os desembolsos na área não param.

“O setor de energia já vem realizando investimentos de peso no RN, aproveitando o potencial do Estado para geração de energias renováveis em terra e ter agora um instrumento que dê subsídios sobre as possibilidades que existem também no mar é, sem dúvida, estratégico para o Estado ampliar investimentos, abrir novos mercados e gerar empregos”, diz o presidente do Conselho Regional do SENAI-RN e do Sistema FIERN, Amaro Sales.

“O Atlas Eólico e Solar”, segundo ele, “é um instrumento baseado em estudos de um time de pesquisadores qualificados em diferentes áreas no ISI-ER e destaca a importância da pesquisa e da inovação em prol da nossa economia”.

De acordo com informações do Governo do Estado, o RN tem ao menos R$ 7 bilhões em investimentos previstos até 2026 em energia eólica e R$ 2,3 bilhões em energia solar fotovoltaica – e outros potenciais negócios despontam no horizonte, agora no mar. “O Estado tem atualmente quatro projetos em desenvolvimento na costa, à espera de licenças ambientais”, segundo o titular da Sedec/RN, Jaime Calado.

Energia Solar

No caso da energia solar fotovoltaica, os trabalhos dos pesquisadores para elaboração do Atlas se concentrarão em áreas ainda sem grandes projetos em desenvolvimento, mas com muitos em fase de prospecção por microempreendedores, explica Antonio Medeiros.

“São empresas com menos recursos e a instalação de estações de medição inviabiliza qualquer projeto de geração distribuída. Dessa forma, para o dimensionamento dos projetos, os integradores (empresas que fazem a construção de usinas de micro e mini geração), em geral, utilizam plataformas com dados de satélite ou dados modelados, estimados, para fazerem estudos de viabilidade técnica e econômica dos projetos”, diz o pesquisador.

Ter o dado medido para o Atlas, de acordo com ele, vai possibilitar que esses integradores elaborem os projetos com menor incerteza do potencial solar facilitando as aprovações junto aos bancos e financiadores do investimento.

Municípios

O mapeamento que teve início neste fim de semana inclui os municípios de Pau dos Ferros, Mossoró, Santa Cruz, Nova Cruz, Natal, Lajes e a Estação Experimental de Terras Secas, na divisa dos municípios de Pedro Avelino, Galinhos, Jandaíra e Guamaré. A instalação das estações de medição do potencial solar foi concluída na última sexta-feira (18/06) para início imediato da coleta dos dados.

“Nosso objetivo é que daqui a um ano, o empreendedor que for fazer um projeto solar fotovoltaico em Pau dos Ferros, por exemplo, possa usar a base de dados que vamos disponibilizar para embasar seu investimento”, acrescenta Medeiros. De acordo com ele, o trabalho que resultará no Atlas Eólico e Solar do estado terá como diferencial a entrega de uma plataforma com atualização permanente de informações, uma espécie de grande banco de dados público sobre o potencial de geração potiguar para energias limpas.

A expectativa é que os equipamentos instalados agora, explica, continuem medindo o potencial eólico e solar durante pelo menos três décadas, permitindo a criação de séries históricas públicas que ajudem os empreendedores a fazerem as correlações necessárias para estudos de viabilidade técnica e econômica.

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