Semio Timeni Segundo – Mestre em Administração, Consultor Empresarial e Coach
Hoje o mercado é muito mais exigente! São clientes com mais informações, concorrentes mais agressivos, o marketing, o RH, as finanças… Um universo de elementos que não era tão complexo há 15 ou 20 anos. E não tem escapatória: se você quer crescer – ou até mesmo sobreviver! – neste mercado você precisa aumentar seus conhecimentos. Um dos caminhos para alcançar este objetivo é fazendo um MBA. Esta sigla em inglês virou moda nos últimos anos no Brasil, seguindo tendência internacional, pois se credita a estas três letras o poder de introdução ou atualização no mundo da Administração para aqueles egressos de um curso superior (não precisa ter feito um Curso de Administração para cursa-lo).
O MBA, de “Master of Business Administration” ou Mestrado em Administração de Negócios, é reconhecido no Brasil como “Pós-graduação Latu Sensu”, ou seja, uma especialização, diferente da maioria dos países do mundo, que o reconhece como Mestrado. Por aqui quem acaba o MBA não tem o direito de ostentar o título de Mestre.
Ok, o MBA é uma forma de educação continuada das mais procuradas no nosso país. Mas daí nasce a dúvida: será que um MBA é a solução para melhorar seus conhecimentos?
Em recente artigo publicado em seu blog no site da conceituada revista Psychology Today sob o título “Why the value of the MBA has declined?” (numa tradução livre, “Por que o valor do MBA diminuiu?”) , o consultor americano e especialista em Liderança Ray Williams questiona diversos aspectos ensinados pelos MBAs naquele país.
O principal deles é que os métodos tradicionais de ensino, como estudos de casos, leituras ou discussões em grupos, estão conduzindo os alunos a respostas prontas para problemas ocorridos no passado. Para o autor, muitas vezes a escolha de professores com grande competência intelectual mas sem experiência prática afasta o verdadeiro aprendizado do adulto, bem mais conectado com as questões comportamentais.
Uma outra crítica, também muito pertinente, principalmente depois dos adventos da crise financeira de 2008, é a que faz o artigo “Is this time to retrain B-Schools?” (algo como “Está na hora de retreinar as Escolas de Negócios?”), do Jornal The New York Times. O artigo aponta que alguns dos executivos e empreendedores que causaram as quebras de instituições financeiras americanas tinham um MBA no currículo, levantando a dúvida se o fato de muitas escolas de negócios darem grande peso ao ensino de como tirar o máximo de lucratividade, sem o devido peso nas questões éticas, não teria influenciado no processo que culminou com uma grave crise internacional.
Pela experiência americana, sociedade precursora dos cursos de MBA e responsável por um terço dos estudantes no mundo, podemos aprender para questionar qual o real direcionamento que queremos dar à educação continuada. Será o MBA a solução para aumentar seus conhecimentos? Sim, com certeza! Mas será que as Escolas de Negócios brasileiras estão atentas a pontos como os aqui levantados? Será que tem dado a verdadeira relevância a questões éticas no mundo dos negócios? Será que o ensino está focado no aprendizado de adultos, que acarreta uma abordagem comportamental, de utilização tangível e individual?
Assim, por mais que um MBA possa trazer de conhecimentos para sua vida, fica a pergunta: ao escolher um curso, que tal observar se ele está construído dentro dos temas desta nova década? Mais que um nome de uma instituição reconhecida – que remete ao passado desta – que tal procurar um MBA que atrele, verdadeiramente, crescimento à sua vida.
Afinal, “mera mudança não é crescimento: crescimento é a síntese de mudança e continuidade, e onde não há continuidade não há crescimento”, já ensinava o poeta irlandês C.S. Lewis. Pense nisso. Bom trabalho. Sucesso!