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‘Seremos uma cidade aeroportuária’

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O primeiro voo para  o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, já tem data e hora marcada: 22 de maio, às 8h30. A previsão é que um voo decole do Augusto Severo e aterrisse no novo terminal. Entretanto, o equipamento também ajudará aeconomia do Rio Grande do Norte a alçar voo. Pelo menos é essa a expectativa do Consórcio Inframérica, construtor e gestor do novo terminal pelos próximos 28 anos. Durante a 20ª edição do seminário Motores do Desenvolvimento, realizado nesta semana, o CEO do consórcio, Alysson Paolinelli, deixou clara a intenção de transformar o aeroporto, projetado como porte médio, em um aeroporto industrial, com forte participação no transporte de cargas.

Na palestra “O novo aeroporto da Grande Natal, seus planos e desafios”, Paolinelli detalhou os investimentos atuais no terminal. Até o final do ano, o investimento do consórcio deve chegar a R$500 milhões, principalmente na realização de obras no entorno. De acordo com o CEO do Inframérica, várias empresas já manifestaram interesse em se instalar ao redor do aeroporto – novos negócios voltados tanto para a prestação de serviços quanto indústrias interessadas na facilidade do transporte de cargas. “As empresas que se instalarem vão poder contar com um aeroporto de transporte, um centro logístico e uma zona de processamento de exportação (ZPE de Macaíba) de cargas”, salientou.
Alysson Paolinelli é presidente do consórcio inframérica
Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, Alysson Paolinelli detalha as perspectivas do consórcio com o início das operações e o que falta para que, enfim, o aeroporto saia do papel.

O aeroporto começa a funcionar no dia 22 ou ainda há perspectiva de que essa data mude?
No dia 22 o aeroporto entra totalmente em operação. Nós temos muita coisa a ser feita. No dia 30 de abril, entregaremos todo o sistema de tecnologia para que as companhias conectem os seus sistemas ao sistema de informática do aeroporto. As companhias têm 15 dias, a partir do dia 1º de maio, para fazerem a transição e, no dia 19 de maio, a Anac vem fazer a homologação. Existe um plano de transição que se inicia na noite anterior do dia 22, no Augusto Severo, se estende durante a noite, e a primeira decolagem acontece na manhã do dia 22, às oito e meia da manhã. Existe todo um plano criado pela Aeronáutica desde outubro passado. Mas tudo isso vai ser comunicado e detalhado na hora certa. A partir do dia cinco de maio nós começamos um plano de comunicação para avisar a população das mudanças. Existe todo um trabalho que será feito pelas companhias aéreas e agências de viagens. Na última reunião, o ministro (da aviação, Moreira Franco) mostrou preocupação, e por isso todos montaremos esse plano de comunicação.

A construção do terminal de passageiros está finalizada?
Estamos em 99%, fazendo apenas os acabamentos da pintura e aguardando a transição dos sistemas. Esses sistemas são de processamento de bagagem, de checkins e os painéis de informação do passageiro. Todos esses sistemas têm que estar conectados entre si. O Inframérica já fez a sua parte. O que precisa ser feito é as companhias se conectarem ao meu sistema.

Ainda há a possibilidade de que os dois aeroportos (Augusto Severo e Aluízio Alves) funcionem durante a Copa?
Não para a aviação civil. A partir do primeiro voo do Aluízio Alves, aviões comerciais não poderão mais pousar no Augusto Severo. A Aeronáutica estabeleceu um cronograma em que o Augusto Severo e o Aluízio Alves entram como aeroportos alternados para outros aeroportos do nordeste, como Recife e Fortaleza. Eles funcionam como uma alternativa para receber os aviões caso alguma coisa aconteça e o aeroporto não possa receber o voo original. No caso da Copa, o Augusto Severo deverá funcionar para a aviação executiva.

O que falta para as companhias aéreas?
As companhias vão ter 15 dias, a partir do dia 1º, para fazer a transição de sistemas.

E o simulado para a Copa, que a Anac iria realizar antes da abertura, já tem uma nova data para acontecer?
Sim, mas eu não tenho certeza. Deve acontecer entre os dias 18 e 19 de maio.

Já existem acordos para que novas companhias venham para o novo aeroporto?
Essas negociações já estão sendo conduzidas há vários meses. Mas para que isso aconteça precisamos seguir alguns ciclos, como aumentar o número de voos domésticos aqui no Estado. Para isso, contamos com o apoio do Governo do Estado para conseguir a redução do ICMS cobrado sobre o querosene de aviação, para assim conseguir atrair novos voos domésticos. Com uma boa malha doméstica, as companhias internacionais podem se interessar porque, aí sim, terão como despachar os seus passageiros para qualquer parte do país. Assim, tornaremos Natal uma alternativa fácil e rápida para o deslocamento por conexões. Existem aí cerca de cinco milhões de passageiros que se deslocam do norte-nordeste para São Paulo e Rio, e nós acreditamos que boa parte poderia vir para Natal e daqui fazer a saída.

O senhor falou durante a palestra que o aeroporto está pronto, mas que as obras continuam. Por quê?
O aeroporto é novo, ele precisa de muitos serviços a sua volta. A partir da entrada em operação, nós temos a ideia para construção de um hotel, de postos de combustível e diversas estruturas de atendimento para operação logística. A chegada de indústrias… isso tudo são oportunidades que estão surgindo com alguns empresários que têm interesse em transformar o aeroporto em uma cidade aeroportuária. Só que isso não vai acontecer até o dia 22 de maio, nem durante a Copa, mas durante os próximos dois ou três anos. O aeroporto vai continuar em obras, ele não vai estar 100% entregue e paramos por aqui. O aeroporto precisa estar em obras para que ele possa gerar vida e se movimentar.

Com a proximidade do aeroporto à Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Macaíba, desenvolveu-se a teoria de que o ASGA poderia se tornar um centro de processamento de carga. Isso é possível?
Nossa estratégia é colocar no aeroporto de SGA dentro do contexto do que está sendo desenvolvido em volta – não só inserindo-o em São Gonçalo do Amarante, mas na economia de todo o estado. Estamos em negociações para atrair indústrias para a ZPE de Macaíba; outras estão interessadas em construir seus centros logísticos ao lado do aeroporto. Quando falamos em indústria, vemos a potencialidade do nosso centro de carga. Custo, oportunidade de receita e transporte de carga são os três princípios que as companhias analisam antes de iniciar uma nova rota. Estamos finalizando o centro de transporte de cargas para 10 mil toneladas. Assim podemos fomentar exportações pelo aeroporto; fazer com que industrias de tecnologia se aloquem naquela região. Com isso, vamos transformar o que você chama de cidade em cidade indústria.

Que tipos de indústrias vocês estão trazendo?
Com o aeroporto próximo à ZPE, o transporte fica muito mais simples para as exportadoras de insumos. Temos um grupo de negócios, de tecnologia e energia, que podem ser muito oportunos para o Rio Grande do Norte. Mas esse é um trabalho difícil de convencimento. Para atrair, eu tenho que ter muitos voos, muitas aeronaves para transporte de cargas e tornar o aeroporto atrativo.

O aeroporto passou por uma análise da Anac, entre os dias 14 e 16 de abril. O que foi analisado?
Foram analisados 660 pontos e nós tivemos seis pequenos ajustes, mas que não afetam a operação. A Anac fez a análise do lado ar: pista, pintura, iluminação, processos de segurança. A Anac já inspecionou e nós estamos aguardando o documento, o que deve acontecer até o dia 19 de maio. Essa inspeção não existe mais. O que acontece é o dia 19 de maio é a homologação das companhias aéreas.

Os acessos são um gargalo? É verdade que o Consórcio pagou para que uma empresa terminasse de construir a parte do Governo?
Ainda não são um gargalo. A gente vem acompanhando de perto e o Governo do Estado faz um esforço para que seja entregue. Temos uma previsão de que o acesso norte seja entregue até o dia 10 de maio. E o que nós fizemos foi um acordo com a construtora, que também era responsável por construir algumas vias dentro do aeroporto. O que nós fizemos foi liberar os recursos para construtora, pedimos que ela focasse no acesso que o restante nós daríamos conta. Porque sem acesso não teríamos como funcionar.

A iluminação foi concluída?
Até onde sabemos, os buracos na pista já foram feitos pela prefeitura de São Gonçalo do Amarante, faltam apenas os postos. Mas sabemos que, até o início das operações, tudo estará concluído.

O senhor falou que é necessário alinhar o masterplan do aeroporto com o de São Gonçalo do Amarante. Como isso está sendo conduzido?
Eu não posso construir um aeroporto para o turismo, se São Gonçalo pensa em fazer um aeroporto indústria. Nós temos uma parceria muito boa com a prefeitura para construir um único caminho para o aeroporto. O município está prevendo uma mudança no plano diretor para atrair o empresariado. Essa parceria entre o público e o privado é o fundamental.

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