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Sergio Marchionne deixa uma lacuna

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Pairou um dúvida muito grande sobre quem estaria à altura de substituir Sergio Marchionne, há quase um ano, quando o CEO da FCA (Fiat Chrysler Automobiles) anunciou que deixaria o cargo em2019. Mas, a forma como chegou a resposta foi chocante e muito triste. O “falecimento” de Marchionne, aos 66 anos, foi anunciado na manhã do dia 25 do mês passado (julho), resultado de complicações após uma cirurgia.

Sergio Marchionne administrou a FCA(Fiat Chrysler Automobiles) com inusitada competência e espírito empreendedor

Sergio Marchionne administrou a FCA(Fiat Chrysler Automobiles) com inusitada competência e espírito empreendedor

O estado crítico de saúde do executivo havia levado a FCA a anunciar no dia 21, sábado, Mike Manley, diretor da Jeep e da Ram, como o novo CEO do grupo.

Mike Manleyteve pouco tempo para se preparar para assumir tamanha responsabilidade. Dia 25 deste mês, ele abriu a apresentação dos resultados do segundo trimestre da FCA com uma homenagem ao seu antecessor, “um homem especial e único”.

Não obstante ter que explicar a queda na receita e nos lucros, além de uma redução nas previsões para este ano, Manley pôde confirmar que a empresa estava, finalmente, livre de dívidas, uma das principais metas de Marchionne. O ex-CEO conseguiu se livrar de uma pilha de US$ 13 bilhões em débitos.

Sergio Marchionne é considerado uma das maiores “estrelas”de todos os tempos na indústria automotiva, tendo resgatado a  FIAT da quase falência no ano de 2004 e repetido o milagre na Chrysler, em 2009. Trabalhando ardentemente até para os padrões de altos executivos, ele alegou que seu traje habitual, um suéter preto, o poupava de perder tempo escolhendo um terno. Ele podia ser brusco, mas era erudito e franco em uma época na qual os gestores se tornaram cada vez mais cautelosos.

Marchionne na inauguração da fábrica da FCA na cidade de Goiana (Pernambuco)

Marchionne na inauguração da fábrica da FCA na cidade de Goiana (Pernambuco)

A formação de contador o ajudou a ter uma visão clara sobre as deficiências da empresa. Por isso, ele propôs megafusões, para dividir custos. Outros executivos de indústrias automotivas compartilhavam seu diagnóstico, mas preferiram alianças vagas, que geram economias, mas não numa escala de uma fusão. Marchionne foi um dos poucos que conseguiram êxito ao unir gigantes. E estava sempre à procura de oportunidades. Alguns analistas sugeriram que ele estaria elaborando uma última grande transação antes de falecer.

Qualquer negócio desse tipo será, agora, com Manley. A FCA sempre prometeu que o sucessor de Sergio Marchionne viria de dentro do grupo. Mike Manley, britânico, e ex-vendedor de automóveis, subiu muito na empresa, chegando a liderar a divisão JEEP. Esteve fortemente envolvido no mais recente plano de 5 anos, que fala em grandes saltos em comercialização e lucratividade.

Manleynão terá  tarefa tão difícil quanto a de Marchionne. Além de cortar gastos, e unir Fiat e Chrysler, Sergio Marchionne desmembrou empresas como a CNH, o braço industrial da Fiat e da Ferrari, esta, fabricante de carros esportivos. E preparava o negócio de peças da empresa, para um vida própria. Além disso, investiu em Utilitários Esportivos populares e lucrativos nos Estados Unidos, antes da Ford e da General Motors. E redirecionou fábricas na Itália para marcas premium, como Alfa Romeu e Maserati.

Isso não significa dizer que o trabalho de Manleyserá fácil. O plano de 5 anos prevê a venda de mais pick-ups JEEP e RAM, que geram dois terços das receitas.

Manleytambém terá de lidar com a ameaça de uma guerra comercial, a emergência dos carros elétricos, veículos autônomos e dos serviços de mobilidade. Fará isso sem a ajuda de Alfredo Altavila, executivo rival na disputa pelo cargo de Marchionne, que deixou a FCA recentemente.

A escolha de Mike Manley foi decisão de John Elkann, presidente da Exor, holding da família Agneli, controladora do grupo.

Agora, terão de enfrentar os novos desafios de mercado, enquanto a concorrência para a Fiat, hoje a sétima montadora de automóveis do mundo, não para de crescer.

O “feito” de Sergio Marchionne é que ele construiu um grupo que, por enquanto, é forte para se manter sozinho, caso seja necessário.

*Tradução de Cláudia Bozzo.
2017 The Economist Newspaper Limited. Direitos reservados publicados sob licença. O texto original em inglês está no site.

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