sexta-feira, 19 de abril, 2024
31.1 C
Natal
sexta-feira, 19 de abril, 2024

Serra critica ‘loteamento de cargos’

- Publicidade -

Na primeira visita ao Rio de Janeiro para compromissos como pré-candidato do PSDB à Presidência, o ex-governador José Serra demonstrou desconfiança ontem em relação ao corte de mais de R$ 10 bilhões no Orçamento da União, para desaquecer a economia, e atacou duramente o que considera loteamento de cargos no governo, em especial na área da saúde e nas agências reguladoras. O tucano disse que, se eleito, fará “de cara” a reforma administrativa e prometeu reduzir cargos comissionados (que não dependem de concurso público).

Serra disse não ter meios para analisar os cortes anunciados pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Precisa ver se é corte de verdade, se é espuma”, respondeu. “Se tiver desperdício para cortar, tudo bem. Cortar coisas essenciais não. Vamos ver o que eles dizem”, disse o tucano.

Ex-ministro da Saúde, Serra citou o exemplo da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para atacar o aparelhamento estatal do governo Lula. “A Funasa foi destruída, ficou no chão”, afirmou, em entrevista ao Programa Francisco Barbosa, da Rádio Tupi. Durante almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro, Serra voltou ao assunto e disse que, no atual governo, as agências reguladoras “foram pervertidas porque foram loteadas politicamente”.

Em meio a negociações do PSDB com partidos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que têm cargos no governo, como PTB e PP, Serra avisou que não aceitará indicações de políticos. “Estou aberto a alianças, mas o pessoal sabe o que penso. Nunca aceitei indicação. Quando um deputado ou senador me dizia que tinha um nome, em respondia “então não me fala, porque não será nomeado”.

Durante a visita ao Rio, Serra deu entrevistas a duas rádios populares e à emissora de TV católica Rede Vida, além de falar durante uma hora e meia para os empresários reunidos na Associação Comercial. Foram quase quatro horas de declarações sobre os mais variados temas. O pré-candidato voltou a dizer que, se eleito, será o “presidente da produção” e fez uma série de promessas na área de segurança e educação. Disse que estuda a criação de um braço fardado da Polícia Federal, para atuar nas fronteiras e reprimir o tráfico de armas e drogas.

Mantega ironiza declarações do adversário

Brasília (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, respondeu ontem com ironia e provocação ao questionamento do candidato à Presidência da República, José Serra, sobre se o corte de R$ 10 bilhões “é para valer ou se “é só espuma”. Mantega disse que Serra poderia ficar tranquilo porque o governo não tem por hábito “cortar espuma, nem fazer onda” e aproveitou para lembrar que o ex-governador de São Paulo, no cargo de ministro do Planejamento do governo passado, não fez nenhum superávit primário.

De fato, o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso se caracterizou por uma brutal queda do superávit primário em relação aos 5,21% alcançados no último ano de governo de Itamar Franco. Os quatro primeiros anos de Fernando Henrique foram de déficit nas contas. Somente a partir de 1999, quando o país enfrentou uma crise cambial e se socorreu no Fundo Monetário Internacional (FMI), os superávits foram crescentes e, em 2002, alcançou 3,5% do PIB , já com a exclusão dos gastos da Petrobrás do cálculo das contas públicas. O pré-candidato do PSDB foi ministro do Planejamento e da Saúde, cargo que assumiu em janeiro de 1998.

Pela manhã, no Rio, Serra questionou a autenticidade da decisão de cortar despesas de custeio e ainda sugeriu que se o governo identificar desperdício “tudo bem”. “Mas, se não tiver, aí não”, afirmou. Mantega não gostou das declarações do ex-governador e distribuiu à imprensa um comentário para afirmar que o governo “não corta espuma” e marcou para o 31 de maio o detalhamento da redução de despesa.

O ministro insistiu que o corte é para atenuar a demanda do governo, que está impulsionando a economia para um crescimento acima de 6% este ano.

Segundo ele, o governo está fazendo um movimento anticíclico semelhante ao adotado em 2008, quando estourou a crise financeira nos Estados Unidos. Lembra que naquele ano foi criado o Fundo Soberano e que o governo poupou R$ 14 bilhões. “O ex-governador de São Paulo deveria estar feliz por nosso governo estar fazendo superávit primário há 7 anos e meio seguidos, ao contrário do governo anterior, do qual ele foi ministro do Planejamento, quando não se fez nenhum superávit primário””, respondeu Mantega.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas