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Sérvia anuncia prisão de Mladic

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Bruxelas (AE) – O presidente sérvio, Boris Tadic, anunciou ontem que o homem mais procurado por crimes de guerra na Europa, o general Ratko Mladic, foi preso. “Em nome da República da Sérvia, nós anunciamos que Ratko Mladic foi preso”, afirmou Tadic. Mladic é acusado de ser um dos executores do pior massacre que ocorreu na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945). Ele comandou as forças sérvias durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). Mladic estava fugindo desde 1995, quando foi indiciado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia, sediado em Haia, na Holanda. Ele é acusado por genocídio, no episódio da morte de 8 mil muçulmanos bósnios em Srebrenica e também por outros crimes de guerra cometidos durante a Guerra da Bósnia.

Escoltado por policiais sérvios, Ratko Mladic (de boné) chega a um Tribunal de Justiça de BelgradoMladic foi apresentado na noite de ontem em um tribunal em Belgrado. Ele vestia um boné de um time de beisebol na cabeça e parecia andar com dificuldades. A rádio B-92 de Belgrado disse que ele está com um braço paralisado, provavelmente efeito de um derrame. A polícia sérvia disse que Mladic, procurado há 16 anos, estava com pistolas quando foi detido, mas não ofereceu resistência. “Nós finalizamos um período difícil da nossa história”, disse Tadic.  Mladic foi capturado no vilarejo de Lazarevo, um local com 2 mil habitantes e 100 quilômetros ao noroeste de Belgrado.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) comemorou o anúncio, dizendo que Mladic estava implicado em alguns dos piores massacres da história moderna da Europa. “Após quase 16 anos de seu indiciamento por genocídio e outros crimes de guerra, sua prisão finalmente oferece uma chance de a justiça ser feita”, afirmou o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen. Cerca de 100 mil pessoas morreram na Guerra da Bósnia, de três comunidades étnicas: sérvios, bósniacos (muçulmanos eslavos) e croatas.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, elogiou a captura de Mladic e afirmou que o acusado agora precisa responder às vítimas que sobreviveram nos tribunais.

Atos de insanidades contra civis duraram seis dias

Especialistas em direito internacional dizem que a prisão de Mladic enviará uma mensagem a figuras como o governante da Líbia, Muamar Kadafi, de que nenhum líder político acusado de crimes de guerra pode escapar da Justiça. “A impunidade realmente foi retirada para os criminosos de guerra”, disse Richard Goldstone, promotor que indiciou Mladic junto ao ex-líder dos sérvios bósnios, Radovan Karadzic, em 1995 “Hoje o mundo está diferente e as perspectivas desses criminosos de guerra serem julgados aumentou bastante”.

Entre outros horrores, Mladic é acusado da matança de 8 mil homens e meninos muçulmanos na cidade bósnia de Srebrenica, a qual, antes de ocorrer o massacre, a comunidade internacional acreditava que era um local seguro para civis, guardado por tropas holandesas da ONU.

Mladic então tomou a cidade e foi visto entregando balas e doces para crianças muçulmanas em uma praça central. Ele garantiu aos civis que tudo estava bem. Algumas horas mais tarde, seus soldados começaram uma orgia de matanças, estupros e torturas que durou dias.

O juiz do TPI Fuad Riad disse, durante o indiciamento de Mladic em 1995, que o tribunal tinha evidências de “uma selvageria inimaginável: milhares de homens executados e sepultados em valas coletivas, centenas de homens sepultados vivos, homens e mulheres mutilados e degolados, crianças mortas na frente das mães, um avô que foi forçado a comer o fígado do próprio neto”.

Mesmo com a captura de Slobodan Milosevic e de Radovan Karadzic, Mladic conseguiu continuar foragido, em parte por causa do apoio dos ultranacionalistas sérvios, que o consideravam um herói. Muitos sérvios comuns ajudaram Mladic a se esconder e acredita-se que ele tenha assistido, incógnito, até a partidas de futebol em Belgrado. Existia uma recompensa de 10 milhões de euros pela cabeça de Mladic, oferecida pelo governo sérvio, e outra de 5 milhões de euros oferecida pelo Departamento de Estado do governo americano. Ele foi capturado na casa de um primo por parte materna, disse Radmilo Stanisic, prefeito de Lazarevo.

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