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Servidores vivem amedrontados

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Uma simples batida na porta com um pouco mais de força é suficiente para os funcionários do Hospital Dr. José Pedro Bezerra (Santa Catarina) – segundo maior de Natal – na zona Norte da capital, e do Hospital Dr. Deoclécio Marques de Lucena,  em Parnamirim, ficarem apavorados. Segundo relatos de funcionários, que trabalham principalmente no Pronto Socorro das unidades de saúde, a insegurança na rotina laboral, impactada pela criminalidade e pacientes agressivos, se agravou após deflagração da greve dos vigilantes, iniciada há 21 dias. “Medo e impotência”, foram os sentimentos destacados pelos profissionais de saúde.
Equipe de enfermagem do Deoclécio Marques teme continuar trabalhando em clima de insegurança
#SAIBAMAIS#Com apenas dois vigilantes para resguardar a segurança do lugar, os funcionários do Hospital Santa Catarina temem ataques de bandidos e pacientes. Conforme relatos, no fim de semana passado um homem entrou no hospital e causou tumulto, assustando mulheres paridas e seus recém-nascidos. A diretora-geral da unidade, Maria José de Pontes, confirmou o episódio e alegou que são incontáveis os relatos de assaltos na porta do hospital e que os funcionários se sentem “constantemente amedrontados” diante de ameaças de pacientes.

Uma das reclamações da diretora e dos funcionários é a situação de apenados que são transferidos para o hospital e ficam sem qualquer segurança. “Os presos ficam apenas algemados, sem polícia ou agente penitenciário. Nos sentimos amedrontados, independente de ter vigia ou não, trabalhamos em uma área que tem estatística de risco elevada. Já aconteceu, no momento do atendimento de um lado estar a vítima e do outro o bandido”, disse Maria José. A diretora alertou que são constantes ameaças de resgate de presos que estão dentro da unidade.

Sem segurança, os profissionais fecharam o portão de entrada do pronto-socorro no último dia 15 deste mês. Apenas pacientes encaminhados pelo SAMU ou em risco de morte estão sendo recebidos. Os demais pacientes que apresentam quadros de menor gravidade estão sendo encaminhados pelos profissionais para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA).

“Infelizmente, há inúmeros relatos de violência registrados dentro do pronto-socorro contra os profissionais. A diferença é que, quando temos os vigilantes, temos a quem recorrer caso de ameaça ou em algum tumulto. Sem vigilantes, os profissionais do pronto-socorro, que já é muito exposto, ficam desamparados”, afirmou a enfermeira Anastasia de Andrade.

Funcionários do  Hospital Dr. Deoclécio Marques de Lucena realizam suas atividades com medo de novos ataques de pacientes, como o que aconteceu na noite de terça-feira (26)  — e atribuem à fragilidade da segurança da instituição —, e que precisam contornar as situações de ameaças à integridade física e psicológica para continuar trabalhando. Um homem de 40 anos, atacou a equipe de enfermagem que estava fazendo um curativo no paciente e quebrou a porta do trauma.

Sempre que percebe alguém com comportamento diferente, uma técnica de enfermagem do hospital, que pediu para não se identificar, fica apavorada. Ela relata a rotina de medo vivida por ela e pelos colegas. “Mesmo sem a greve, quando os vigilantes ficam na porta do hospital não existe revista ou critério para entrada de acompanhantes”, disse a funcionária. Um grupo de técnicas de enfermagem reclamou que o uso de drogas dentro do hospital é rotineiro.

“É muito comum ver pessoas usando drogas nos banheiros e até mesmo nos corredores. O nosso conselho de enfermagem é omisso, relatamos as situações mas nada é feito”, disse uma das funcionárias. O grupo alegou, que caso nenhuma medida seja tomada nos próximos dias, a porta de entrada do pronto-socorro do Deoclécio também deve ser fechado. “Não vamos continuar atendendo assim”.

Sem receber os pagamentos de maio, junho e julho, no dia 13 de julho, os vigilantes entraram em greve por tempo indeterminado. No maior hospital do Estado, o Walfredo Gurgel, dos oito vigilantes que compõem a escala de plantão, apenas um prestavam serviço ontem (27). Sem pessoal suficiente para a segurança interna, as visitas ao setor de enfermaria foram vetadas. Já as visitas ao pacientes internados na UTI estão liberadas, porém com horário específico.

Retorno indefinido
De acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal dos Vigilantes (Sindsegur/RN), Francisco Benedito da Silva, a retomada integral dos serviços somente ocorrerá quando a Sesap quitar as dívidas com a empresa Garra Vigilância Ltda.,  referente aos meses de junho e julho, a vencer no próximo domingo. Sobre uma suposta falência aberta pela empresa de vigilância, o líder sindical afirmou que não havia sido comunicado.

“Juridicamente, ainda não tomamos conhecimento. Na prática, a gente sabe que a Garra está falida há, pelo menos, oito meses”, disse. Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) reafirmou o depósito judicial, de R$ 1.218.971,03, conforme acordo em audiência no dia 21 de julho, na 7ª Vara da Justiça do Trabalho, para efeito de pagamento dos salários dos vigilantes da Garra Vigilância  referente ao mês de maio. Os proprietários da Garra, João Batista Gomes e Leda Gurgel de Medeiros Oliveira, não foram localizados.

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