sexta-feira, 29 de março, 2024
30.1 C
Natal
sexta-feira, 29 de março, 2024

Sete em cada dez jovens que fizeram Enem acreditam ter feito boas provas

- Publicidade -

Mariana Ceci
Repórter

Os candidatos que fizeram as
provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) 2019 estão prestes a
conhecer os resultados do exame, que será divulgado nesta sexta-feira
(17). No Rio Grande do Norte, cerca de 94 mil pessoas aguardam os
resultados, que serão utilizados para buscar vagas nas instituições de
ensino superior do país. Um levantamento feito pelo Instituto
RadarNE/TRIBUNA DO NORTE durante os dois dias de prova revela que 71%
dos natalenses consideram que tiveram um desempenho dentro do esperado
nas provas objetivas, enquanto 70% acreditam que foram bem na redação.

#SAIBAMAIS#“Uma
questão importante a se analisar é o contingente de pessoas que
acredita que teve um desempenho muito ruim. Na redação, esse número foi
maior do que na prova objetiva”, afirma Maurício Garcia, sociólogo e
diretor do RadarNE. De acordo com a pesquisa, 17% dos jovens tiveram um
desempenho considerado “abaixo do esperado” na prova objetiva, enquanto
23% acreditam que não foram “nada bem” na redação.

O número de
pessoas que considerou que teve um desempenho acima do esperado na prova
objetiva, por sua vez, foi de 12%, enquanto na redação, esse número
caiu pela metade, com apenas 6% de pessoas avaliando que foram “muito
bem”.

“Isso tem a ver tanto com o tema da redação, que foi
considerado complexo por algumas pessoas, como pelas próprias
deficiências em redação e leitura do sistema educacional”, completa
Maurício.

Uma das maiores surpresas na prova objetiva, de acordo
com os professores e estudantes que fizeram a prova, esteve na mudança
de formato das questões em relação aos anos anteriores, que foi sentida
por alunos como Vinicius Lima, de 21 anos.

“A prova objetiva foi
uma surpresa. O modelo de prova foi bem diferente dos anos anteriores.
Senti o impacto principalmente na prova de Humanas, onde os conteúdos
que caíram foram muito diferentes e houve uma redução no número de
questões de história”, afirma.

Ao longo dos últimos dez anos, a
prova do Enem vem priorizando a parte de história do Brasil. Uma média
das questões de todas as provas já feitas do Exame mostram que 18,5% das
questões relacionadas ao tema costumam ser sobre o Segundo Reinado,
enquanto 18,6% tratam dos governos pós-ditadura militar, 16% falam da
Era Vargas, 14% da República Velha, e 7% da Ditadura Militar.

Esse
ano, no entanto, os estudantes se surpreenderam a não se deparar com os
temas, para os quais se prepararam ao longo do ano inteiro com base nas
provas anteriores. “Eram assuntos que caíam muito. Se formos pegar
provas de 2017 e 2018 vamos encontrar pelo menos uma questão tratando
desses temas”, afirma o professor de história Luís Felipe Nascimento,
diretor do Inovati Cursos Preparatórios.

“Houve uma mudança
drástica no quantitativo de questões de história. Se antigamente
tínhamos de 11 a 13 questões de história, em 2019 tivemos entre 5 e 6.
Consequentemente, a quantidade de conteúdos abordados também é
reduzida”, explica.

De acordo com Vinícius Lima, que pretende
ingressar no curso de direito da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), outra mudança sentida foi a extensão da prova, que teve
alternativas e questões mais curtas. “Isso acabou gerando uma certa
confusão, porque como as respostas eram mais objetivas, não sabia se
algumas estavam corretas por parecerem incompletas”, destaca.

Resultados
A
nota individual dos candidatos poderá ser acessada a partir da
sexta-feira, 17, pela Página do Participante, no portal ou aplicativo do
Enem.

Após a divulgação dos resultados, as pessoas poderão
utilizar as notas para ingressar nas instituições de ensino superior,
que pode acontecer tanto através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu),
Programa Universidade Para Todos (Prouni), Ingresso direto, Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies) e universidades portuguesas.

Para
ver as notas, o candidato deve fazer login, informando seu número de
CPF e a senha cadastrada no momento da inscrição. Caso tenha esquecido a
senha, o participante pode assistir o tutorial de recuperação de senha,
divulgado pelo Ministério da Educação em outubro de 2019.

O
Sisu, principal porta de entrada para as universidades públicas do
país, que são as mais procuradas pelos candidatos, ficará aberto entre a
terça-feira (21) e a sexta-feira (24) para inserção das notas. Ao todo,
serão 237.128 vagas em instituições públicas de ensino, distribuídas
por 128 universidades de todo país. 
Pesquisa RadarNE/Tribuna do Norte –  Enem 2019
Como os estudantes que fizeram o Enem se saíram nas provas

pesquisa

Bate-papo com: Luís Felipe Nascimento –  professor de história e diretor da Inovati Cursos Preparatórios

Luís Felipe Nascimento, professor de história e diretor da Inovati Cursos Preparatórios


Uma
questão recorrente levantada pelos candidatos que fizeram o Enem foi a
dificuldade na prova de Humanas. Como você avalia a prova de 2019 em
relação aos anos anteriores?

Houve uma mudança drástica no
quantitativo de questões de história e, consequentemente, alguns
assuntos que costumavam cair, principalmente na parte de história do
Brasil, não apareceram na prova. É o caso da Era Vargas, Ditadura
Militar, governos pós-ditadura e Segundo Reinado, que eram temas muito
frequentes nas provas do Enem desde o início de sua aplicação. Em
resumo: houve uma queda na quantidade de questões de história e uma
redução dos temas que caíam, o que provocou um estranhamento nos alunos.

Outro fator importante a se considerar é que, para compensar
essa queda nas questões de história, houve um aumento significativo no
número de questões de filosofia. Além disso, a prova de Humanas foi
muito mais objetiva do que as dos anos anteriores, que traziam textos e
alternativas maiores.

Essa mudança de modelo, para uma prova mais objetiva, tende a ser positiva ou negativa para os candidatos?
Existem
pontos positivos e negativos. Os pontos positivos é que pode fazer com
que você chegue mais rápido a uma resposta que você tem certeza que é
certa. Isso, no entanto, não se aplica tanto para textos que têm uma
complexidade maior. Para esses casos, uma alternativa que seja muito
objetivo pode ter o efeito oposto, que é o de confundir o candidato.

A
mudança, em si, foi negativa para esse ano porque o Ensino Médio é
muito focado na aprovação do Enem, e os professores preparam as aulas
pensando nos conteúdos programáticos que costumam cair mais nas provas
anteriores. Essa mudança que aumentou o número de questões de filosofia e
reduziu as de história, por exemplo, acabou sendo uma espécie de
“pegadinha” para muitos, principalmente porque sabemos que a filosofia
não é algo tratado tão à fundo em nosso país, especialmente nas escolas
públicas. São principalmente as escolas particulares que acabam tratando
a filosofia com o seu devido valor, e isso acaba tornando a prova menos
democrática, quando pensamos pelo viés de acesso aos conteúdos pela
maioria da população.

Como será a preparação para o Enem 2020? A expectativa é de que esse modelo mais objetivo seja reproduzido esse ano?
A
partir disso, os professores vão começar a pensar de forma diferente.
Quando eu for fazer uma apostila pensando nos alunos que forem prestar o
Enem 2020, eu já vou ter que mesclar um pouco mais essas duas
tendências. Uma coisa interessante a respeito do Enem 2019 é que muitas
das questões lembram questões de vestibular, que trazem um conceito e
alternativas interpretativas em relação àquele conceito, o que acaba
fazendo com que o seu conhecimento prévio pese mais do que a capacidade
interpretativa, por exemplo.

De forma gral, a prova do Enem
continua apresentando um teor social, então não houve tantas mudanças
nesse sentido. O que causou o maior estranhamento foi essa mudança no
formato das questões, que vai demandar adaptação dos candidatos e
professores para 2020.

- Publicidade -
Últimas Notícias
- Publicidade -
Notícias Relacionadas