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Sete países, 90 dias e muitas histórias

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Dois no mundo – Karla Larissa – Especial para a Tribuna do Norte

O Camboja foi o sétimo país de nossa Volta ao Mundo, que esta semana completa 90 dias. Chegar ao país não foi fácil. Fizemos o trajeto por terra, saindo de Bangkok, na Tailândia até Siem Reap, pequena cidade cambojana próxima aos templos de Angkor.
Karla Larissa e Fred Santos vestidos com sarong no templo Goa Lawah, em Bali
A travessia foi um verdadeiro inferno. A cidade da fronteira cambojana, Poi Pet, é um caos, com muitos cassinos, vendedores ambulantes, carros, motos e pedintes. Os policiais responsáveis pela retirada do visto são completamente corruptos e o que deveria custar 20 dólares por pessoa acaba quase sempre saindo mais caro. Há também um forte esquema para enganar os turistas, que envolve agências de viagens, hotéis, empresa de ônibus e motoristas de tuk tuks. Ao final, a viagem que deveria durar cerca de 6 horas acabou em 12 horas.

Mas ainda bem que, no caso do Camboja, a primeira impressão não foi a que ficou. O país que tem uma trágica história recente e que ainda se recupera de um passado sombrio nos surpreendeu. E os khmer, como são chamados os cambojanos, nos conquistaram sempre com um sorriso no rosto, apesar de tudo o que viveram.

Angkor

Siem Reap é uma cidade pequena e charmosa com muitos restaurantes, bares e, principalmente, hotéis e albergues para hospedar os turistas que visitam os templos de Angkor.

O complexo de templos foi construído entre os séculos 9 e 16 e ficou abandonado por centenas de anos até ser redescoberto em 1860. Hoje o Angkor é Patrimônio da Huminadidade e um dos sítios arqueológicos mais importantes. O principal templo, o Angkor Wat é a maior construção religiosa do mundo. O templo, que inicialmente era hindu e depois budista, é rico em detalhes, com muitas esculturas.

Angkor era antiga capital do Império Khmer e o curioso é que na cidade todos os prédios eram de madeira e apenas os templos eram construídos com pedras, que eram exclusivas para os deuses.

Outro templo muito famoso em Angkor e para mim um dos mais bonitos é o Bayon, que possui 54 torres com quatro faces cada uma e um total de 216 rostos sorridentes. O interessante é que não se sabe ao certo quem está sendo retratado nesses rostos, que alguns acreditam ser de Buda.

O templo Ta Prohm com suas árvores gigantes é também um dos mais famosos, pois foi nele onde Angelina Jolie gravou algumas cenas do filme Tomb Raider.

Visitamos Angkor por dois dias para dar tempo de conhecer todos os templos. Como estava no período de chuvas não tivemos a sorte de ver nem o amanhacer nem o por do sol no Angkor Wat, que são os momentos mais aguardados por quem visita o grandioso templo.

De Siem Reap seguimos para uns dias de descanso nas praias do Camboja, em Sihanoukville e Koh Rong, depois fomos para a capital, Phnom Phen.

Museus possuem registros do genocídio cambojano

Phnom Phen é uma cidade pequena e, apesar de agradável, tem poucos atrativos turísticos, como o Royal Palace e Silver Pagoda, o Museu Nacional, os mercados e o rio Tonle Sap.

Mas a maioria das pessoas que viaja pela capital do país visita o Museu Toul Sleng ou S21 e os campos de extermínio do Khmer Vermelho, onde estão os registros do genocídio cambojano.

Entre os anos de 1975 e 1979 cerca de 3 milhões de pessoas foram mortas pelo regime de Pol Pot, o que representa um quarto da população do país na época. A maioria dos mortos era de  formadores de opinião, médicos, professores, advogados, servidores públicos e pessoas da classe média. O Khmer Vermelho também destruiu as grandes cidades do país e tudo que representava qualquer tipo de desenvolvimento.

Apesar de tão terrível e ter proporções tão grandes quanto o genocídio dos judeus pelos  nazismo, o assassinato em massa  dos cambojanos é uma história pouco contada no Ocidente.

Estar nos dois locais não foi fácil. Ver ali de tão perto o cenários de tortura e assassinato me fez ficar com um nó na garganta e chorar várias vezes.

Tudo era feito com requintes de crueldade e nem as crianças eram poupadas. Os bebês eram mortos arremessados às árvores na presença de suas mães. Pol Pot dizia que não podia permitir vinganças.

No campo de extermínio, um monumento abriga milhares de caveiras. Tudo é muito chocante.

Certamente aquele foi o dia mais difícil de nossa viagem pelo mundo. Mas o que nos levou ao S-21 e ao Killing Field não foi nenhum sentimento mórbido. Histórias como a do genocídio cambojano e muitos outros que ocorreram no século 20 não podem jamais ser esquecidas para que não se repitam.

Agora só resta aos cambojanos tentar reconstruir o país que ainda tem uma enorme chaga aberta.

Bali: muito mais que um paraíso  para surfistas

Do Camboja, continuamos a nossa viagem na Indonésia, com a primeira parada na ilha de Bali, famosa por ser o paraíso dos surfistas, inclusive, muitos brasileiros à procura de ondas perfeitas. Mas a verdadeira Bali está no interior. Por isso, resolvemos nos hospedar em Ubud, que é considerado o coração da ilha, e descobrimos em Bali uma cultura exclusiva.

A ilha é a única da Indonésia, país com maior número de mulçumanos do mundo, a ter maioria hindu. Mas o hinduísmo de Bali não é mesmo da Índia. A começar que eles acreditam que existe um único Deus, mas com muitas representações. Além disso, os hindus balineses não dispensam carne de vaca, o que para os hindus indianos é impensável. Em Bali, a poligamia também é permitida, apesar de não ser tão comum hoje em dia. Os balineses vivem sua fé em cada detalhe do seu cotidiano. Em todas as casas há três templos, dedicados a Brahma (deus criador), Vishnu (deus protetor) e Shiva (deus da destruição). Assim, em Bali há mais templos do que casas. E somam-se ainda aos templos particulares os muitos templos públicos que existem em toda a ilha.

Pelas ruas e casas são espalhadas muitas oferendas. As colocadas no chão são para os espíritos maus e as do alto para os bons espíritos. Aliás, Bali significa oferenda ou sacrifício oferecido aos deuses.

Chegamos em Bali em dias de festas para Brahma. E em uma visita a um dos templos públicos, assistimos à celebração. Em parte do templo, alguns hindus oravam e faziam oferendas, enquanto em outra, muitos assistiam e apostavam em uma briga de galo, jogavam baralho e entre outros jogos.  Fomos convidados a almoçar com eles e provamos um prato local, comendo usando apenas as mãos, sem talheres, como é de costume no Sudeste Asiático. Nos dias em que estivemos em Bali, visitamos ainda alguns dos grandes templos (Uluwatu, Monkey Forest, Tana Lot, Taman Ayun, Ulun Danu e Goa Lawah), que são mais turísticos, e foram estratégicamente construídos nos lugares mais bonitos da ilha. Tudo para agradar as várias representações de Deus.

Também são para os deuses e espíritos as danças balinesas. A mais famosa delas, Kecak, dançada em antigos rituais, chama atenção pelo número de homens que entoam uma música hipnotizante, enquanto uma história é representada.

Além das praias, a paisagem de Bali é formada por muitas montanhas, lagos, vulcões e campos de arroz. Muitas delas foram mostradas no filme Comer, Rezar e Amar, adaptação do best seller de mesmo nome, que tornou a ilha ainda mais famosa mundialmente.

Bali pode ir do paraíso ao inferno. O trânsito é caótico com congestionamentos impressionantes. A ilha também costuma não agradar a quem procura praias para banho. Mas quem busca mais que sol e mar pode achar em Bali um lugar encantador e aprender com os balineses um outro estilo de vida.

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