Rio – Dos R$ 47 bilhões desembolsados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no ano passado, cerca de R$ 19 bilhões foram direcionados para o segmento de transporte, que ficou com 40,4% do total. Nesse valor estão inclusos a fabricação de automóveis, caminhões e aviões e também os serviços para o transporte de passageiros (metrô, por exemplo) e de materiais (como dutos). O grande destaque foi a liberação de R$ 1,8 bilhão para a construção de gasodutos da Petrobras. Esse tipo de empreendimento está na categoria de “serviços de transporte terrestre”, conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
O setor transporte sempre teve grande participação na carteira do banco e ampliou sua presença no governo Lula. Até 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, os recursos liberados para a fabricação de equipamentos e serviços de transporte oscilavam em torno de 30%. Naquele ano, por exemplo, para um desembolso total de R$ 37,4 bilhões, o BNDES liberou R$ 11,9 bilhões para a fabricação de equipamentos e serviços de transportes, dos quais mais da metade (R$ 6,5 bilhões) foi para “outros equipamentos de transporte”, onde se destacam os aviões fabricados pela Embraer. O banco “compra” cerca de metade dos aviões produzidos pela fábrica de aviões e revende para empresas de leasing internacionais.
Isoladamente, a fabricação de aviões é o que tem maior participação na carteira do BNDES, mas vem perdendo posição. No biênio 2002/2003, o setor representou mais de 17% dos desembolsos dos banco estatal e no ano passado essa participação caiu para 12,9%. Enquanto os financiamentos para a fabricação de aviões permaneceram estáveis, os empréstimos para as montadoras de automóveis quase dobraram no período.