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Setor turístico se prepara para alta no verão

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ALTA ESTAÇÃO - Apesar do ano negativo, o setor turístico está otimista com a alta estação

Vinícius Albuquerque – Repórter de Economia

A chegada do feriado de Natal e os preparativos para a “virada” para 2009 marcam as últimas semanas de um ano que se encerra. Estas datas são também o período mais marcante para um setor que amargou um ano ruim, mas que termina com boas expectativas para 2009. Se a crise econômica trouxe incertezas para diversos segmentos, a cotação do dólar em alta ofereceu ao setor turístico um novo alento. Os efeitos já poderão ser sentidos neste período de alta estação que segue até o carnaval.

Um crescimento de 5% a 10% em relação ao mesmo período do ano passado está sendo estimado pelos hoteleiros de Natal. Os números são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH RN) que atribui o aumento no fluxo ao mercado nacional. “Tivemos um cancelamento de 30% dos pacotes internacionais procurados pelos brasileiros. Esse público terminou migrando para o Nordeste. Com isso, temos boas chances de trazer estes turistas para Natal”, declara o presidente da ABIH RN, Enrico Fermi.

As perspectivas são otimistas, apesar de não representarem uma recuperação do período mais pujante pelo qual passou o turismo potiguar. Segundo Fermi, a ocupação esperada ficará entre 75% e 80%; no ano passado, este número não passou dos 70%. Em 2005, período do auge do setor, as taxas chegaram a 95%, fator que deve se repetir neste ano apenas em alguns hotéis de grandes cadeias, de acordo com o presidente da ABIH.

“Este foi um número que alcançamos em outro momento, quando os vôos charteres estavam a todo o vapor. Hoje estamos tentando recuperar isso”, explica. Para ele, o dólar já poderia trazer influências positivas para atrair o turista estrangeiro. Porém, o que falta são vôos. Fermi relata uma solução apresentada neste período:  juntamente com o empresário Murillo Felinto (da diretoria da ABIH), ele conseguiu viabilizar mais vôo no fim do ano vindo de Portugal para o réveillon. “Os vôos da TAP já estavam lotados”, informa.

Entre os pólos emissores dentro do país para o RN está à frente São Paulo (capital e interior) como o estado que mais envia turistas a Natal. Porém, uma parcela menor que complementa o total de visitantes nacionais traz também os turistas do Centro-Oeste, de cidades como Brasília e Goiânia. Na verdade, a retomada da ocupação ocorrerá de maneira mais forte na capital que possui cerca de 26,2 mil leitos. Fermi argumenta que os destinos paradisíacos dos litorais Sul e Norte do estado sentirão os efeitos positivos, mas não crescerão tanto porque estão baseados no turismo internacional.

“Esses pólos cresceram em cima do turista estrangeiro. Surgiram grandes empreendimentos, hotéis e pousadas focados neste público que se mesclava com o regional no período de feriados. Na realidade, o dólar alto ajuda, mas há também uma reação da crise mundial”.

Divulgação

Com um cenário favorável, Enrico Fermi alerta que é preciso investir na divulgação.  De acordo com ele, o setor está se preparando para o período No entanto, a divulgação ainda não é suficiente para o presidente da ABIH RN.

O grande “entrave” para a questão sempre levantada pelos empresários, porém é justamente o volume de recursos. “Temos outros destinos que têm um verba publicitária muito maior, como Pernambuco, Bahia e Ceará e que estão aproveitando este momento”.

Poder público está otimista

“As expectativas para a alta estação são ótimas em termos de mercado nacional”, declara o secretário estadual de Turismo, Fernando Fernandes. Segundo ele, o reflexo do dólar em alta não vai ocasionar ainda a volta de visitantes estrangeiros para o Rio Grande do Norte, mas influenciará o turismo nacional. “O turista brasileiro vai ficar mais no Brasil. O turista estrangeiro não virá ainda porque, tradicionalmente, estes pacotes são vendidos meses antes. Mas ele virá mais sim, e esse reflexo poderá ser sentido no próximo ano”, explica.

O titular da Setur declara que, se a moeda americana permanecer em um patamar alto, as melhorias do fluxo internacional ocorrerá já em julho e agosto quando começam as férias na Europa. Mas, enquanto os “gringos” não vêm, o secretário detalha que a Empresa Potiguar de Promoção Turística (Emprotur) – que tem funções de promover o destino e foi criada este ano, desmembrando esta função da secretaria – estará focando ações no turismo nacional, regional e de eventos.

E, apesar dos questionamentos e críticas feitas às ações desenvolvidas pelo poder público, Fernando Fernandes declara que terá bons resultados no fluxo turístico. Segundo ele, as expectativas é que em todo o país o crescimento do turismo nacional fique entre 15% e 17%. Como somente este segmento correspondeu a 87% dos mais de 2 milhões de turistas que circularam pelo Brasil no ano passado, o secretário acredita que o fluxo nacional compense as perdas com o internacional.

Fernandes relembrou que a governadora Wilma de Faria já garantiu recursos da ordem de R$ 10 milhões para investimentos em divulgação do Rio Grande do Norte para 2009. Além disso, o poder público estadual espera sentar na mesa, a partir do próximo ano, com empresários e prefeituras para compartilhar os investimentos no turismo. O projeto aguarda apenas a posse dos novos prefeitos, em especial a prefeita Micarla de Souza, já que Natal é o principal destino. “A partir de janeiro queremos sentar e debater este assunto. Eu, particularmente, estou otimista”.

Eventos são soluções  para baixa estação

Uma das “armas” que a capital potiguar tem em mãos para disputar espaço entre os concorrentes do Nordeste é o Centro de Convenções. Se antes, o turismo de eventos já era visto com uma solução para a baixa estação com o atual momento da economia, este vertente passa a ser ainda mais valorizada.

Atualmente, o Centro de Convenções é administrado – através de uma cessão feita pelo governo do estado – pela Cooperativa do Desenvolvimento Hoteleiro do Rio Grande do Norte (Coohtur) que investe de R$ 50 a R$ 60 mil mensalmente para manutenção do espaço. Em recuperação, foi quase meio milhão com trocas de pisos, forros, janelas e substituição de instalações elétricas e hidráulicas. “Nosso Centro é moderníssimo e está pronto para receber eventos de grande porte”, elogia o presidente da Coohtur, Fernando Paiva.

O resultado das ações de ampliação do Centro de Convenções promoveram uma melhoria substancial na utilização do espaço. De acordo com Paiva, houve ocasiões em que o equipamento funcionava cerca de 80 dias por ano. Atualmente, a ocupação é de 285 dias para eventos.

Efeito do dólar ainda não será sentido

Comemorando um bom ano de vendas impulsionado pela grande procura de brasileiros por viagens ao exterior, as agências de viagens também têm motivos para se beneficiarem da alta do dólar. O turismo regional e até mesmo o internacional que retorna utiliza os serviços destas empresas para chegar ao destino procurado.

Porém, a elevação do câmbio não trará reflexos imediatos, na opinião da presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav RN), Ana Carolina Costa. “Os pacotes para réveillon, por exemplo, são vendidos com bastante antecedência. Por isso, dificilmente os turistas estrangeiros vão poder olhar agora para o Brasil”.

Segundo Ana Carolina, o setor de agências teve um incremento de pelo menos 30% neste ano em relação a 2007. Por outro lado, este público não deve deixar de viajar por causa do dólar alto. Agora, é a vez de voltar os olhos de novo para o Brasil. “Fechamos um ano bom de vendas e a mudança do dólar não deixa de ser um fator bom também porque as classes C e D, que estavam investindo no exterior, vai escolher viajar pelo país”.

A empresária Decca Bolonha, da Potiguar Turismo – empresa que trabalha com a CVC em Natal – também não acredita que o dólar tenha influência nesta alta estação. “Antes já tinhamos uma venda boa. O dólar pode até ajudar. Mas você acha que alguém que comprou um pacote internacional vai cancelar?”, questiona.

De acordo com ela, a sua empresa terá um bom fluxo de turista em janeiro pela CVC, maior operadora do país. “O fluxo já começou, estamos esperando de 18 a 20 mil turistas em janeiro. No ano passado, foram16 mil. Na baixa estação esse número é de apenas 1,2 mil visitantes”.

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