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Silvoterapia, que significa?

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Dr. Jorge Boucinhas
Médico  e    Professor
A descoberta dos benefícios auferidos por quem entra em mais estreito contato com as bosques e florestas data de milênios e já constava na recolta dos conhecimentos clássicos, tendo, portanto, sido de muitíssimo antes de 1927, ano em que apareceram as denominações Arboterapia e Silvoterapia, respetivamente oriundas dos termos latinos arbor/is e sylva/ae.  

Como Jean-Marie Defossez, especialista na disciplina, diz, se alguém tem desejo de tocar uma  árvore, de abraçá-la ou de falar-lhe, nada de bloquear o impulso: melhor seguir avante e executá-lo, uma vez que diversas pesquisas científicas têm demonstrado que mesmo uma simples passeada numa mata exercita um notável impacto positivo sobre o ser, reduzindo estresse, ansiedade, depressão, raiva e sentimento de frustração que frequentemente acompanham os que seguem vida inteiramente urbana.  Comprovou-se que tão somente 2 horas de passeio entre plantas melhoram as defesas imunitárias, reduzem a tensão arterial e a secreção de cortisol (o hormônio dos estados de ansiedade), tudo isso a um custo zero, sem nenhum fármaco a ser utilizado.

As árvores sempre tiveram um papel importante nas diferentes sociedades.  No Japão, por exemplo, são praticados, há muito, os “banhos de floresta”, que consistem em passeios no meio do arvoredo, sendo considerados como efetiva terapia.  A execução, em adeptos, de modernos testes indicadores de tensão emocional, permitiu demonstrar que há real impacto sobre o estado fisiológico quando se os realiza, e o apoio científico tem sido inconteste, não se tendo podido contradizer os resultados.  Nos Estados-Unidos, por influência advinda da divulgação dos exercícios taoistas chineses do Qigong (Chi Kung), alguns mantém a prática do Tree Hug, que consiste em enlaçar as árvores que parecem mais sãs para “encontrar-se” com sua energia.  No Brasil a representação figurativa do ato em forma de exercício psicofísico foi muito divulgada pelo saudoso Mestre Liu Pai Lin (é o ??, Chang Chuang ou zhàn zhu?ng, Postura de Abraçar a Árvore) e é mantido ativo por seus discípulos.  Na Bélgica existe a tradição de buscar as “árvores curativas”, contatando-se com as mesma para repassar-lhes os sofrimentos, as dores, os desenganos, o que se conseguiria ao friccioná-las com um prego grande, mas sem o enfiar.

O que ocorre quando se age assim e qual seu porquê?  Isso ainda está um tanto nebuloso, com muito a desvendar.  Trata-se de uma prática muito pessoal, à qual cada um vai reagir diferentemente.  Muitos parâmetros entram em jogo, como a árvore, o estado de saúde de quem faz, o momento…  Assim, cada vez poderá ser diferente.   Há os que atribuem os benefícios à influência das cores, sabendo-se bem, desde a comprovação científica através dos trabalhos de Fritz-Albert Popp, que o verde é realmente relaxante, equilibrante.   Leva ainda a um aprofundamento e equalização da respiração que, por sua vez, aprofundam a sensação de bem estar.  Ademais, ao se entrar em contato com uma grande planta foi demonstrado, também por Defossez, que passa-se a um estado de consciência levemente modificado.  Apesar dele ter evidencado isto de forma estatisticamente confiável, aparentemente pecou pela tendência, quiçá da influência esotérica, de tê-lo atribuído a um hipotético elo suprafísico que uniria homens e vegetais, com grande circulação de energia sutil entre eles.  De fato, pelo menos até agora tal não passou de hipótese, mas que há efeitos positivos, inegavelmente os há.  Uma coisa bem demonstrada por psicólogos da University of California Los Angeles, foi que o sentimento de solidão crônica apresentada por muitos pacientes reduzia-se e, em muitos casos, até mesmo desaparecia.  E havia aumento dos linfócitos sanguíneos, que têm papel fundamental no Sistema Imunitário.  O corpo relaxava, o stress diminuía.

Todas as árvores teriam tal poder?  Aparentemente sim, mas haveria lugares mais propícios.  A proximidade do mar e as montanhas parecem mais favoráveis, enquanto as margens de estradas são parecem mui contraindicadas.

A prática é dirigida a todos, seja qual for sua idade, mas alguns não ousarão jamais tentar experiência mais plena pois seria necessário ultrapassar a vergonha e o medo do ridículo aos olhos dos outros que adviria de abraçar uma árvore, porém escutar a voz interior que convida para isso pode trazer uma interessante experiência vivencial. 

Que tal experimentar?  Se sim, todos ao campo!

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