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Sindicalista é detido por desacato

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BARREIRA - Sindicalista é preso e passageiros são retirados dos ônibus

Detido na manhã de ontem por desacato à autoridade e por resistência à prisão, o vereador e presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário (Sintro), Júnior Rodoviário,  determinou ainda na delegacia uma paralisação em massa do transporte de ônibus de Natal. O protesto contra a detenção do sindicalista durou 50 minutos e causou transtornos à população.

Júnior Rodoviário foi detido por policias militares às 9 horas de ontem. Ele, segundo os PMs, impediu o embarque de passageiros da empresa Progresso, na Rodoviária, e ao ser abordado, desacatou os policiais. “Ele nos insultou dizendo que a empresa rouba com o apoio da polícia e da secretaria”, contou o soldado André. O policial pediu reforço e, mesmo com a chegada de um policial mais graduado, o vereador teria voltado a insultar os policiais.

Os PMs deram voz de prisão ao vereador que teria resistido à prisão. Foi necessário o uso de algemas para conduzi-lo ao veículo e, depois, para a Delegacia de Cidade da Esperança.
Júnior Rodoviário nega ter sido indelicado. Ele disse que, em momento algum, desacatou os PMs. Pelo contrário, ele se diz vítima. “Estamos numa greve e o ônibus não poderia embarcar. O soldado me empurrou para sair da frente do ônibus e depois me chutou”, garantiu.

Já na delegacia, por volta das 11 horas, diretores do Sintro telefonaram para o sindicato determinando uma paralisação geral nos ônibus da capital. Um dos diretores disse que tinha ordens de Júnior Rodoviário para realizar o protesto enquanto o sindicalista estivesse detido. 

Alguns PMs ouviram a ordem dos sindicalistas e ficaram revoltados com o posicionamento do sindicato. Um dos policiais envolvidos na operação garantiu, inclusive, que o desacato do vereador foi gravado em vídeo num celular.

O delegado Vicente Filho ouviu as partes envolvidas e lavrou um Termo Circunstanciado de Ocorrência. O caso vai ser julgado pelo Juizado Especial Criminal e a pena, nesse processo, poderá ser de prestação de serviço púbico. “Nesse instante, os policiais são considerados vítimas e o vereador, lamentavelmente, é o acusado. Mas nada impede que no decorrer do processo essa ordem se inverta”, explicou o delegado.

Paralisação causa revolta em usuários de ônibus

Enquanto o vereador e presidente do sindicato dos trabalhadores de transporte rodoviário do Rio Grande do Norte (Sintro), Júnior Rodoviário, estava preso, outros integrantes do sindicato organizaram por meio de celulares, uma paralisação dos ônibus da capital. Durante 50 minutos, na hora do almoço, cerca de 50 ônibus parados congestionaram o trânsito das avenidas Rio Branco e Deodoro da Fonseca, em frente à sede do Sintro. A população, obrigada a descer do ônibus, ficou revoltada.

O jornalista Hudson Helder estava no primeiro ônibus que foi parado, pelos integrantes do sindicato. “Eles atravessaram um carro na frente do ônibus em frente ao sindicato e mandaram os passageiros descer”, afirmou. De acordo com ele, o motivo da paralisação não foi explicado aos passageiros. “Algumas pessoas começaram a descer”, disse o jornalista.

A comerciante Miriam Martins ficou revoltada com a paralisação. “Eu preciso abrir meu comércio logo e não tenho como voltar para casa, quero meu dinheiro de volta”. Para ela, que só tinha dinheiro para uma passagem e compromisso marcado, a paralisação significou um dano. “Estou esperando para ver o que vai acontecer”, disse, sem descer do ônibus.

O agente de trânsito, que preferiu não ter o nome divulgado, disse que a paralisação atrapalhou todo o trânsito do Alecrim. “Estamos começando a desviar o trânsito desde a avenida Alexandrino de Alencar”, afirmou. De acordo com ele, caso o fluxo não fosse desviado, o tumulto seria ainda maior.

Diretor do Seturn critica manifestação do Sintro

O diretor de comunicação do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Natal (Seturn), Augusto Maranhão, acredita que a paralisação, da maneira como foi realizada, é ilegal. “Entendemos que é uma irresponsabilidade, usar a população e as empresas como massa de manobra e de pressão política sindical”, afirmou. Para ele, não existe legalidade na paralisação e o problema da prisão do presidente do sindicato, Júnior Rodoviário, deveria ser resolvido sem envolver a população.

Segundo ele, o Seturn vai entrar com uma ação junto à Procuradoria do Trabalho, para tentar penalizar a ação do Sintro. “Estamos indo à Procuradoria do Trabalho denunciar o presidente do Sindicato dos Rodoviários, para que corra um termo de ajuste de conduta e que atos dessa natureza não voltem a acontecer”, disse. Quanto aos motoristas e cobradores que pararam os ônibus, Augusto Maranhão esclareceu que eles não serão penalizados. “Não vamos penalizar os motoristas, eles foram obrigados a parar”, afirmou.

Sintro protesta contra as irregularidades

O presidente do Sintro, Júnior Rodoviário, explicou que o sindicato estava protestando contra irregularidades na empresa Progresso. Segundo ele, os motoristas da empresa são submetidos a uma jornada de trabalho superior ao que determina a legislação, não recebem corretamente o vale alimentação, e ainda não recebem hora-extra.

O Sintro deflagrou uma greve na empresa na manhã de ontem, “deixando apenas a frota de emergência”, conforme exigência legal. “Nós fomos para lá para evitar que os ônibus deixassem o terminal. O DER (que cuida do transporter intermunicipal) e o DNIT (interestadual e internacional)  já tinham sido comunicados da paralisação, mas a PM se intrometeu no assunto”, disse.

A empresa Progresso informou que as supostas irregularidades denunciadas pelo Sintro são improcedentes.

O gerente da empresa Progresso, Marcos Salustina, disse que logo após a detenção de Júnior Rodoviário, membros do Sintro passaram na frente da sede da empresa, em Cidade da Esperança, e fizeram ameaças. “Eles rondaram por lá dizendo que iam se vingar no gerente”, disse.

Marcos Salustina, acompanhado de dois funcionários, esteve na Delegacia de Cidade da Esperança e registrou queixa de ameaça.

Segundo ele, a Progresso virou alvo do Sintro por causa da demissão de dois funcionários. “As reivindicações não têm procedência”, disse.

O gerente disse que a assessoria jurídica da empresa Progresso vai acionar o Sintro na Justiça para a reparação dos prejuízos. “Estamos sofrendo prejuízos altíssimos por causa dessa paralisação”, disse Marcos Salustina.

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