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SMS investiga 56 casos suspeitos

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Dos 89 casos notificados de arboviroses na zona Leste de Natal nas últimas 9 semanas, 24 tiveram a confirmação para Chikungunya, 9 foram descartados e outros 56 seguem em investigação. A informação foi concedida em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (4), no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), na capital potiguar. A maior parte dos casos está concentrada nos bairros de Petrópolis e Tirol, e um grupo de pesquisadores foi designado para avaliar as amostras coletadas e analisar as possíveis arboviroses presentes.

Para a Subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica, Alessandra Lucchesi, comportamento do mosquito mostra risco de epidemia

A subcoordenadora da vigilância epidemiológica do Estado, Alessandra Lucchesi, afirma que a 4ª Regional de Saúde, em Caicó, ainda tem maior registro de casos para a Chikungunya no Estado

Semana passada, equipe de especialistas que trabalha na investigação dos sintomas divulgou que 140 pessoas em Natal tinham apresentado osmesmos sintomas desde o carnaval. Ontem, a SMS atualizou os dados oficiais e divulgou que são 89 notificações. Destas,  56 casos que permanecem em investigação podem ser tanto de Zika, Chikungunya, como Dengue. “Alguns deles ainda estão aguardando o resultado dos exames, e outros não estavam em oportunidade de exame”, explica Alessandre Medeiros, diretor do CCZ. De acordo com ele, os testes precisam ser feitos em até 10 dias após os primeiros sintomas, caso contrário, a identificação da arbovirose específica torna-se difícil.

De acordo com Juliana Medeiros, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde do município de Natal, o aumento da quantidade de vetores já havia sido registrado nesses bairros pelos agentes de saúde, nos monitoramentos semanais realizados em todos os bairros da cidade. “Toda semana, mapeamos e monitoramos todos os bairros da cidade com base no número de ovos coletados nas ovitrampas”, explica.

As ovitrampas são uma espécie de armadilha, espalhadas em intervalos de 300 metros pela cidade. Ela simula as condições ideais para que os mosquitos depositem seus ovos, e permitem que os agentes de saúde  façam o monitoramento da presença e quantidade de vetores naquelas localidades.

No dia 11 de março, os agentes começaram a perceber que a densidade de vetores presentes na região do Tirol estava alta. “Após identificarmos que havia uma alta densidade vetorial, fizemos uma ação no dia 23 para coletar o material biológico das pessoas que apresentavam os sintomas, e esse material foi levado para análises clínicas”, afirma Juliana. De acordo com ela, não é possível afirmar que o vírus que circula no bairro do Tirol é um vírus novo. 

A situação que aconteceu no bairro do Tirol no início desse ano foi similar ao que aconteceu no bairro de Nossa Senhora da Apresentação no mesmo período do ano passado, porém em menor quantidade. No Tirol, foram feitas 1.142 notificações ao longo das 13 semanas epidemiológicas do ano de 2019. Em 2018, no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, foram 1.940 notificações registradas, 40% a mais.

A subcoordenadora da vigilância epidemiológica do Estado, Alessandra Lucchesi, também esteve presente na coletiva. Ela ressalta que, apesar do bairro do Tirol ter registrado um aumento no número de notificações, a capital potiguar ainda não tem a maior incidência de casos. “A maior incidência é na 4ª Região em Saúde, a de Caicó, para Chikungunya e Dengue. Para Zika,  a maior incidência é na 5ª região, nas proximidades de Santa Cruz. Este ano, no entanto, ainda não tivemos nenhuma confirmação de Zika”, afirma Alessandra.

Juliana Araújo: SMS fará investigação para caracterizar infecção

Juliana Araújo, da SMS, afirma que ações de busca e monitoramento são feitos em toda a cidade

Os representantes reforçaram o pedido para que a população atente a locais com água parada acumulada, atrativos para as fêmeas do Aedes aegypti colocarem seus ovos. Em Natal, cerca de 17% dos imóveis ficam fora do acesso dos agentes fiscalizadores do Centro de Controle de Zoonoses nas buscas por possíveis focos de mosquitos, por estarem fechados. A maior parte deles, na zona Leste, local onde acontece o aumento de notificações.

O Município segue atuando de forma a minimizar chances de agravo. O carro fumacê e as buscas ativas estão sendo utilizados, e o monitoramento continua sendo feito em todos os bairros. 

Hipóteses levantadas até o momento:

Chikungunya modificada por um outro vírus em circulação ou presente nas pessoas
Essa hipótese leva em consideração que o vírus da Chikungunya pode ter sofrido modificação por outros vírus em circulação. Isso explicaria porque os pacientes que tiveram a presença do Chikungunya no sangue têm sintomas diferentes da doença.

Arbovirose Ross River, presente na Austrália, pela semelhança de sintomas:
à Transmitido pelo Aedes aegypti,  o Ross River provoca dores nas articulações e manchas na pele, mas, diferentemente dos sintomas identificados em Natal, as manchas surgem somente 10 dias depois da doença.

Arbovirose Barmah Forest, também presente na Austrália:
O Barmah Forest tem a mesma semelhança de sintomas, e a maior delas é a mancha vermelha na pele. É semelhante ao Ross River, mas os sintomas duram um tempo maior. Outra semelhança é que o Barmah é encontrado em gambás. Segundo uma das médicas presentes na reunião, existem espécies de gambás no Parque das Dunas – área próxima do Tirol, onde os casos foram mais relatados.

Arbovirose Mayaro, presente no Brasil, mas nunca identificada no Rio Grande do Norte:
Casos de Mayaro, uma arbovirose semelhante às existentes em Natal, foram relatados em Goiânia. à Os sintomas são semelhantes e a proximidade das cidades com a mata (no caso de Goiânia, o pantanal; em Natal, o Parque das Dunas) é um fator em comum.

Sintomas recorrentes:
1. Manchas na pele presente do primeiro ao sexto dia da doença;

2. Dores nas articulações no primeiro dia;

3. Febre nos primeiros dias;

4. Dor na planta do pé nos primeiros dias (sintoma menos frequente que os outros);

5. Úlceras (feridas) na boca

6. Olhos vermelhos (sintoma menos frequente);

Diferenças dos novos casos para os casos conhecidos da Zika e Chikungunya:
1. As manchas na pele são presentes nos casos de Zika, mas com coceiras intensas. Nos novos casos, os pacientes não relatam queixas de coceiras intensas, mas relatam febre.

2. As dores nas articulações são menos intensas do que os casos de Chikungunya. Nos novos casos, os pacientes conseguem andar, mexer os dedos. Nos mais conhecidos de Chikungunya, a dor é intensa ao ponto do paciente não conseguir se mover direito.

3. As dores na planta do pé são relatadas desde o primeiro dia nos novos casos. Nos casos mais conhecidos de Chikungunya, essa dor na planta do pé surge na segunda semana da doença.

4. A febre dos pacientes com os novos casos é baixa. Nos casos de Chikungunya e Dengue, a febre é normalmente alta.

5. A Chikungunya tem formigamento. Os novos casos não registraram esse sintoma.

Perfil

Os casos surgiram no Tirol, motivando uma investigação da equipe de saúde municipal e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O infectologista e professor universitário Kléber Luz não descarta que a doença esteja presente em outros locais da cidade.

24 pessoas até agora foram confirmadas com a presença do vírus da Chikungunya;
58 anos é a média de idade dos pacientes
Febre:
58 (90%) tiveram febre

Desses, 42 tiveram febre no primeiro dia da doença, 15 tiveram febre no segundo dia e 1 teve febre no quarto dia

Manchas na pele
De 51 fichas analisadas:

42 pessoas apresentaram manchas na pele

Dessas, 28 tiveram coceira

Os pacientes com mancha na pele também tiveram vermelhidão  na palma da mão e orelha queimando

Dores nas articulações
De 55 fichas analisadas:

43 tiveram dores no primeiro dia da doença;

Não tem articulação específica com dor. Todas as articulações tiveram casos registrados.

Dor na planta dos pés
De 64 fichas analisadas:

22 apresentaram o sintoma nos primeiros dias.

Olhos vermelhos
De 64 fichas analisadas:

12 apresentaram o sintoma

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