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Sob o sol da diversidade

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SOL - Festival mostrou panorama das bandas indies do país

Isaac Ribeiro, Rafael Duarte e Tádzio França – repórteres

O Largo da rua Chile foi mais do que suficiente para acolher o público da segunda edição do Festival DoSol, realizado no último fim de semana, na Ribeira. Espaço para circular não faltou, pois o público não foi dos maiores — uma média de mil pessoas por noite. Mas a estrutura do evento melhorou com relação ao ano passado; exceto o som dos dois palcos interligados, que comprometeu o show de várias bandas, principalmente na sexta-feira e no domingo. 

O primeiro dia de festival foi o da “diversidade”. Os Poetas Elétricos (RN) abriram o festival com sua música performática, seguidos pela cantora potiguar Simona Talma, estreante em festivais de rock. Depois vieram Parafusa (PE), Mad Dogs (RN) e Seu Zé (RN). A recepção do público ainda era fria e o som continuava a não colaborar. Com a entrada dos olindenses do Bonsucesso Samba Clube, o som melhorou um pouco.

A platéia só esquentou mesmo com a entrada do DuSouto no palco. Os problemas técnicos não foram suficientes para atrapalhar a energia da banda, que vive um dos seus melhores momentos e acaba de lançar CD em nível nacional, remasterizado pela gravadora Nikita. Os potiguares mostraram mais uma vez que estão prontos para palcos maiores e melhores — e com som profissional de verdade.

Experiência Ápyus (RN) não conseguiu fugir do anticlímax. O Ludov (SP) fez um show bem chatinho. E longo.

Programado inicialmente para entrar em cena a 1h30, o Mundo Livre S/A, bastião do movimento manguebeat, começou seu show às 3h45. Quem agüentou, viu a banda alternar clássicos de sua carreira com canções mais recentes. Viu também os primeiros raios de sol iluminarem a Ribeira. Cai o pano.  (IR)

A noite mais “indie” foi a de menor público

Pode-se dizer que o sábado foi o dia “indie” do festival.  Boa parte das bandas possuíam regulares carreiras no “underground”, com certo respaldo de crítica e público, algumas com CDs lançados, e todas com downloads gratuitos para serem ouvidas em banda larga ou pulsos discados. Talvez por isso, tenha sido o dia de menor público do evento, em torno de 600 pessoas.

A festa começou em clima de matinê hardcore:  pesada, barulhenta, mas, “emotiva”, por volta das 16h30. Assim foram Drunk Driver, Doris e Distro, no palco interno do bar. Cantando em inglês – mas mantendo o peso e a “emotividade” – o Deadfunnydays abriu os trabalhos nos palcos externos. Mas o público do largo só deu sinais de vida quando o baiano Los Canos disparou seu rock direto e ‘garageiro’ no recinto.

Os Bugs mostraram as novas – e boas – canções de seu EP “Exílio”, seguidos pelo brasiliense Bois de Gerião, que elevou o astral da área ao acrescentar metais, Clash e Led Zep no seu receituário pop.  Desafiando os tímpanos presentes, os gaúchos Walverdes destacaram-se ao tocar alto – vale repertir, bem ALTO! O barulho, no entanto, envolve ao destilar The Who e Kinks (suas maiores influências) de forma distorcida e bem resolvida.

A mais longa noite do DoSol seguiu até o fim, de forma irregular. Destaques: o  humor e a demência com causa do Autoramas (RJ), instaurou o clima “trilha sonora de Tarantino” no local, enquanto os aguardados Forgottens Boys (SP) deram o que seus fãs queriam: garage rock no talo, Stones anabolizado, e “hits” subterrâneos. (TF)

Devotos levantou a poeira do largo

No domingo, como era previsível, o hardcore instigou a molecada e atraiu o maior público do festival. Mas foi o desfile de adereços impostos pelo estilo HC que chamou a atenção. O calor das rodas de pogo, por exemplo, não evitou que uma figura tirasse do armário um sobretudo!? De resto, aquela coisa de sempre: cabelos moicanos coloridos, pulseras e correntes. Tudo em nome da tal da atitude. 

Depois da galera bater cabeça na penumbra do Dosol Rock Bar com Fliperama, Ravanes e Pots, a coisa variou entre o melódico e a sujeira HC nos palcos externos. O DeadNomades (PB) fazia um início de show sem muita empolgação até surgir com Hey Ho, Let´s Go, do Ramones. O resultado foi uma imensa roda de pogo no meio da galera. Após uma passagem sem criatividade do Karpus (RN), o Astronautas (PE) subiu ao palco com uma expectativa positiva deixada no show da banda realizado no MADA, em 2005. No entanto, à exceção de duas ou três músicas, o rock industrial dos caras não contagiou. O Alface (RN) teve problemas com dois amplificadores e a rouquidão do vocalista Anderson Foca. De fato, a galera só veio responder, com espasmos de histeria diga-se de passagem, quando o Jane Fonda apareceu. Lançando o primeiro CD ao vivo, a banda potiguar emplacou os hits que não deixam nada a desejar aos temas dos casais moderninhos em crise das novelas Globais. Lá pelas 21h, o Devotos (PE) fez o melhor show da noite. Cannibal mostrou um carisma que nem de longe se via nas outras bandas e deixou parte do público à vontade para provocar os capixabas do Dead Fish. Apresentando o repertório do novo trabalho “Um homem só”, a banda sentiu que não ia ter vida fácil até o fim do show. Xingamentos dos dois lados à parte, o festival Dosol terminou com um saldo positivo: mostrou muito do que estava escondido na cena independente do país. Que venha a versão 2007 com mais força! (Mas com um som de primeira categoria). (RD)

Eu não estou nem aqui!

Os problemas com o som do festival não chegaram a tirar o sono de Anderson Foca, que eximiu a produção de responsabilidade.  “A gente montou o palco e estava tudo pronto para a passagem de som das bandas, mas ninguém apareceu. Então, eu não tenho nada a ver com isso”, disse se referindo, principalmente, às três primeiras bandas de sexta-feira. 

Solto na ponte aérea

O guitarrista e vocalista da banda natalense DuSouto, Gustavo Lamartine, veio do Rio de Janeiro especialmente para a apresentação no festival, retornando em seguida para a Cidade Maravilhosa. Gustavo faz curso na área de design e está adorando a temporada no Jardim Botânico. 

Dividindo tudo

Na noite de sexta-feira, havia muita reclamação das meninas na fila do banheiro químico. O problema é que instalaram três cabines para homens e apenas duas para mulheres. “Estamos em desvantagem, pois os meninos fazem xixi em  qualquer lugar, e nós não!”, desabafava uma garota. Algumas, dicidiram quebrar o protocolo e dividiam a mesma fila com os garotos. Fez sentido… no último dia, o número de banheiros aumentou para 4 e 4, para alívio do público.

À procura do som perfeito

Nem o Alface, banda do diretor do festival Anderson Foca, passou incólume às falhas do som. Na segunda música do show, no domingo, dois amplificadores, literalmente, apagaram no palco. A reação do vocalista foi imediata: atirou o microfone no chão. “É a lei de Murph, porra!”, desabafou.

Trombadinha rocker  

O guitarrista das bandas Dóris e Distro, Vinícius Menna, teve os pedais roubados durante o festival. O equipamento estava no camarim localizado atrás do palco do Dosol Rock Bar. De acordo com o músico, o prejuízo foi de mais de mil reais. Até o fim do festival o larápio não tinha sido encontrado.

Tapete vermelho

Mal acabou o show do Devotos, a banda capixaba Dead Fish já sentiu a recepção do público. Ainda sob a aura punk-rock de Cannibal e cia, que fez um grande show, a galera em coro mandou um sonoro: “Ei, Dead Fish, vai tomar no…!” mas apesar dos protestos, o número de fãs da banda capixaba era grande.

The original

O mundo muda e a MTV também. Depois de Fábio Massari, Gastão, Soninha e Edgar Piccoli, o canal musical teen atacou este ano, no Mada e DoSol, com os VJs Carla Lamarca e André Vasco. O “queridinho” do programa Chapa Coco foi mais requisitado que as bandas! Para variar, as fãs destilaram um repertório de frases originais: “Você é lindo! Te vejo todo dia na TV!”.

Menino buchudo

No final do show do Karpus, o vocalista André decidiu provocar algum amiguinho que não gosta da banda e subiu nas tamancas. “A minha banda está no palco, véio! E a sua, não”, disse o menino buchudo ao microfone deixando a galera sem entender nada da pendenga.

Contatos imediatos

Para quem acha que circula muita grana nos festivais com a venda de CDs, errou feio. O idealizador do selo Mudernage Diskos, Vlamir Cruz, contou que a média de venda por dia varia entre três e cinco CDs. Segundo ele, o rock dos bastidores é fazer contato com a imprensa e os produtores.

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