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Sobre cancelamentos

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Alex Medeiros
Pouco tempo depois que surgiu a rede social Twitter, alguém cunhou a sentença “ser famoso nas redes é igual a ser milionário do Banco Imobiliário”. 
Tempos depois, com o Instagram, surgiram os influencers digitais, na maioria garotas bonitas e gostosas que divertiam seus muitos seguidores com imagens de glamour; o que de imediato atraiu o interesse de anunciantes que pagavam para ter nas postagens qualquer referência aos seus produtos ou serviços.
Quando todos pensavam que as redes sociais – herdeiras do Orkut – seriam apenas uma aldeia global de fricotes e exibicionismos, um delírio virtual de pequenos burgueses contando goga e vendendo uma fantasia como sendo sua realidade, elas foram descobertas pela militância político-ideológica e rapidamente passaram a reverberar as divergências do debate partidário já encrustado nos espaços físicos das pessoas e repercutidas na imprensa.

Militantes de esquerda e de direita invadiram as plataformas e os aplicativos e tiveram na dicotomia Lula-Bolsonaro uma fonte de multiplicação do confronto do mundo físico ampliado no palanque digital. E aí vieram os patrulhamentos.
Com o estímulo da grande imprensa, as pautas identitárias ganharam dimensão e então a guerrilha virtual passou a policiar até as entrelinhas nos comentários e postagens das pessoas alinhadas com a pauta conservadora.
A frescura e afetação viraram obsessão contra qualquer opinião ou declaração que se avizinhasse do preconceito enraizado nos próprios recalques da esquerda. E começou a caça aos fascistas, aos inimigos da revolução.
Nessa conjuntura de histeria, surge o “cancelamento”, movimento inquisitório com fins de apagar das redes toda credibilidade do suposto carrasco das minorias. Uma condenação virtual com requintes de linchamento público.
Entidades de esquerda, apoiada por grandes estruturas de práticas capitalistas, ganharam aplicativos de vigilância mais atentos do que os censores que antigamente aferiam matérias de jornais, letras de música e roteiros teatrais.
O auge do patrulhamento veio com o bloqueio dos perfis do presidente dos EUA, iniciado no Twitter e descambado para o resto das redes. Só que 24 horas depois, a rede social perdeu milhões em ação nas bolsas de valores.
E então lembrei da estória do Banco Imobiliário. Pois se Trump estava impedido de falar com 90 milhões de seguidores, não havia perdido sequer um dólar da sua fortuna, conhecida por todos nós. Isso explica os cancelamentos.
Uma olhada nos fatos históricos aponta que a esquerda cancela de um jeito e a direita de outro. Um é virtual e o outro é real, um é social e o outro é biológico.
Vamos para o tempo anterior à internet. O presidente republicano Richard Nixon perdeu o mandato, mas o presidente democrata John Kennedy ficou sem a vida. O coronel Ustra foi criticado na mídia, Guevara foi executado no mato.
No campo ideológico da cultura, o cantor Wilson Simonal perdeu espaço na indústria musical nos anos 1970, enquanto o compositor chileno Victor Jara perdeu as mãos e foi fuzilado. Parece haver dois mundos entre as tendências.
Nos tempos atuais, a militante de direita Sara Winter foi esbravejar contra o STF e a direita e perdeu seguidores, além de ser presa. A esquerdista Marielle Franco contrariou interesses e foi assassinada; jamais terá de novo eleitores.
No Rio de Janeiro, o Nego do Borel foi flagrado dizendo coisas racistas e foi excomungado nas redes, enquanto nos EUA o George Floyd foi enfrentar policiais e morreu. Tinha sido preso por tentar atirar na barriga de uma grávida.
Já a advogada Ana Olivatto, que atuava para o PCC, acabou cancelada por contrariar interesses (lembram Celso Daniel?). E a juíza Ludmila Lins, uma conservadora, foi execrada nas redes, mas está vivíssima e linda. Nesse assunto de cancelamentos à esquerda e à direita, um francês diria “Voici la différence!”.
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