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Sobre o amor?

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Vicente Serejo
Olhe, JLM, este cronista da Rua da Frente não sabe escrever crônicas de amor. Pra ser sincero, perdeu a mão, como se dizia. Vive de arremedos. Nesse mister, os grandes cronistas são imbatíveis. Como Vinícius de Morais, aquele que sempre vivia um grande amor; Antônio Maria, o que se fazia de desamparado para conquistar o coração das mulheres; Paulo Mendes Campos, para quem o amor era frágil, e feneci por qualquer motivo; e Rubem Braga, o amoroso no seu belo recado à primavera. 
Acho que agora, salvo melhor juízo, ou por arte dos anjos caídos, ficou fácil saber dos amores que morrem. Ou, mais comovente, dos que nem ao menos começam. Dos que morrem envergonhados e escondidos no brilho triste dos olhos. Não há mais como conquistar leitores, principalmente jovens, contando histórias de amor. Ficaram antigas e sem graça aquelas histórias de amores eternos. O sexo, agora, só exige o desejo – dispensa a amizade, o namoro, o casamento com as formalidades sociais.  
Outro dia, os olhos foram fisgados por uma frase do filósofo Luiz Felipe Pondé, posta no éter da Internet, e que diz bem assim: “As qualidades que a mulher gosta no amante ela odeia no marido”. Claro, e vice-versa. Os olhos, antigos, são treinados em velhos saberes, caminhos por onde a vida se faz verdadeira e sincera. Veja: a estatística brasileira sobre a infidelidade conjugal demonstra que os homens vencem por bem pouco, quase nada. Os amantes já são infiéis meio-a-meio, reciprocamente.   
Diante de todas essas novidades, de um mundo moderno, que história de amor poderia contar um cronista que nunca pensou em trocar de mulher? Tenho lido livros que falam da vida neste terceiro milênio, mas nenhum deles vai além do já sabido desencanto que é viver os dias da velhice. Mesmo que os slogans saiam por ai, tangendo falsas verdades, vendendo a felicidade que jamais o carteiro irá trazer. Não. Não há melhor idade. A melhor, e a única, ficou na juventude. Não há mais sonhos.  
Lembro que uma vez li numa camiseta a frase de Oscar Wilde com a verdade mais simples do mundo: ‘A única coisa digna de aplauso é a juventude”. Basta pôr os olhos nas cenas amorosas de Juma e Jove, personagens da novela Pantanal na sua nova versão. Eles são tão puros e tão naturais que nada parece indiscreto. Não se nota o olho da câmera a invadir a intimidade deles dois. É a própria vida, sem artificialismos, que brota ali, entre eles, e seus olhos acesos pelo fogo selvagem do desejo.  
Você cobra o que não é possível. Não sei contar histórias de amor. Aliás, como as cartas – na visão irônica de Fernando Pessoa – toda história de amor é também meio ridícula, não acha? Já não bastam as frases melosas nas quais o leitor de vez em quando tropeça na coluna? Frases que lambuzam um estilo tão comum, tão vulgar? Talvez, e mesmo contraditoriamente, assumir que se é assim acaba sendo o mérito. E não ter a fortuna do bom estilo torna o ofício mais leve. Se pesa tanto arrastá-la…
FAKE – Não é verdade que há uma crise nas relações do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves com a cúpula do PT. Nem os setores petistas que discordaram da aliança confirmam a iminência de uma renúncia.  
ASSÉDIO – Agora vale o lugar comum: nem tudo são flores. A UFRN acaba de criar um grupo para o enfrentamento do assédio sexual com a missão de sugerir as medidas, inclusive as de curto prazo. 
MAIS – Pode parecer estranho, mas, a rigor, a UFRN admite, no texto do seu informe, que é preciso um suporte de apoio aos denunciantes e também nos casos reais de assédio nas relações de trabalho. 
ELOGIO – Depois de três tentativas fracassadas – o conserto não suportava uma chuva intensa – a Prefeitura resolveu reconstruir a drenagem na Rua Israel Nunes, em Morro Branco. Merece o registro. 
VAGAS – Agora já são três as Dioceses vacantes no Regional Nordeste II por idade dos arcebispos: chega aos 75 anos o arcebispo de Recife e Olinda, Dom Fernando Saburido, o respeitável beneditino.
AGORA – Aguardam a nomeação de substitutos as Arquidioceses de Recife, Natal e a Diocese de Salgueiro, Pernambuco, a que está vaga com a transferência de Dom Magnus para o Crato, no Ceará. 
FUMA – De Nísia Bezerra de Medeiros ainda do poema XXIX do seu livro ‘Grito Interdito’, como um aviso: “Fuma o teu cigarro, / mesmo que seja em vão; / é um jeito doentio / de acalmar o coração”. 

LUTA – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, ouvindo um papo sobre a luta política que vem por ai: “Os atos retóricos tem a mesma força para construir ou desconstruir um candidato”. 
RISCO – O Museu da Rampa pode até resistir às suspeitas de fraudes se nada ficar provado. O que é bom. Mas, certamente, não resistirá ao grave risco de sucumbir às complicações intrauterinas de um ‘Plano Museológico e Expográfico do Complexo Cultural’. É o jeito pedante de dizer coisa nenhuma.
COMO – Sabe-se que a concepção moderna de museu tem um desafio fundamental: não ser apenas, para usar um neologismo, museologizante. Deve preservar e conservar, mas vinculado à produção de saber para ir além de expor o acervo, mas também de ser interativo para visitantes e o público local. 
MAIS – Os museus que não desenvolvem uma linha de incentivo à pesquisa acabam como estruturas sem uma vida própria geradora de saberes que renovem sua ação. O que só é possível com parcerias financiadoras de estudos, como a UFRN, que hoje dispõe de uma fundação de pesquisa, a Funpec.   
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