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Somos todos Baudelaire

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Alex Medeiros
O poeta Volonté entrou sexta-feira no Restaurante Nemesio com uma carga pesada envolta e reforçada em três sacos azuis. Parecia transportar as dores e os risos do mundo; e acho que estava mesmo. Era parte da obra do poeta Charles Baudelaire e alguns livros de terceiros enaltecendo e interpretando o pai do simbolismo, guru de gerações boêmias e malditas. Alguém lembrou dos 200 anos de nascimento, mas Volonté lembrou dos 153 da morte.

Neste domingo, 31, fechando agosto o mês de cachorro doido, é aniversário de morte do autor de Flores do Mal, que partiu com apenas 46 anos deixando um legado de influência sobre quase todos os grandes poetas que vieram depois. E foram muitas as gerações de versos rebeldes a beber na sua fonte, principalmente no século XX dos perdidos de Paris, das tribos beatniks, da revolução do poema processo e do barulho lisérgico da geração mimeógrafo.
A minha turma e a de Volonté na juventude tinha Baudelaire como um apóstolo da transgressão, carregado em bolsas ou debaixo do braço num culto quase religioso. Todos nós tínhamos em mão As Flores do Mal e O Spleen de Paris.

Uma vez escrevi aqui sobre o resgate de poemas do mato-grossense Nicolas Behr, e falei do surto baudelairiano da minha geração, que replicou a mineira Isabel Câmara no verso “Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire”.

Inspirados nele, os então jovens poetas produziam versos em série de “ensurdecer” a rua (como o próprio Charles escreveu) “com esse linguajar de luz tão correntio”. Era vingança pela censura de Napoleão III às suas flores.

Cada vez que folheio os velhos livros das primeiras estantes de tijolo e madeira, constato que Baudelaire, diferente do tempo, nunca passa. A obra atemporal quanto mais antiga, mais determina o caráter da literatura moderna.

Duvidam que ele não sabia disso, da perpetuação da sua linguagem? Ninguém é romântico e pornográfico ao mesmo tempo se não for o homem estranho de si mesmo. Houve até aviso: “Eterna superioridade do dândi. Que é o dândi?”

Inventor de um um universo hipersensível, não convencional, mas coerente e decididamente moderno e disposto a causar desconforto na sociedade, Baudelaire foi acima de tudo sincero com ele mesmo. Até na dor e infelicidade.

O culto à sua obra no século XX, e ainda neste, é como uma redenção da humanidade ao pecado da desvalorização à sua poesia na época em que ele vivia. Hoje se sabe dos enormes postulados de liberdade que ele difundiu.

Morto quarenta anos antes do movimento bolchevique na Rússia, parece que profetizava sobre a escravidão filosófica dos seguidores de Marx e Engels, quando escreveu “A revolução, pelo sacrifício, confirma a superstição”.

Baudelaire não nos deu apenas a si mesmo, mas entregou de bandeja ao mundo não anglo-saxão a obra genial do americano Edgar Alan Poe, como seu primeiro tradutor. E todos nós devemos a Sartre um Baudelaire de curar juízo.

Após quase um século de preconceito com sua poesia corrosiva, Baudelaire superou as barreiras dos arquétipos morais e do mito da má influência. Sua veia romântica explodiu numa simplicidade arrepiante, e por isso não passa.

O filósofo alemão Walter Benjamim, que tanto o leu e estudou, o batizou de “o eterno voyeur”. Acho que ao lê-lo, sua obra nos observa. O poeta Paul Valéry disse que era possível encontrar poetas melhores que Baudelaire, mas nenhum seria maior. O mundo está cheio de jardineiros das suas flores.


Terrorista

Roda nas redes há dias um vídeo com o ministro Roberto Barroso na época em que era advogado do comunista italiano Cesare Batistti. Defende que os assassinatos foram “pontuais”, porque os mortos eram contra o proletariado.

Eleição

O presidente Jair Bolsonaro escreveu mais uma vez nas suas redes que não vai participar das eleições para prefeito e nem apoiará ninguém. “Tenho muito trabalho na Presidência”, disse, destacando a retomada da economia.

Grafismo

Depois da intervenção gráfica nas paredes do Espaço Ruy Pereira e Bar Zé Reeira, a prefeitura tem mais pontos da cidade para colorir com as artes dos grafiteiros. O presidente da Funcarte, Dácio Galvão está à frente do projeto.

Poemúsica

E está disponível nas redes sociais de Dácio Galvão o videoclipe da canção Porto do Madeiro, que irá integrar o próximo CD com seus versos musicados. O material é da parceria com Leo Campos, Lucila Meirelles e Augusto Calçada.

Politicagem

A audiência esportiva na TV e rádio não tem mistério nem novidades. É fácil identificar os motivos que estão transferindo telespectadores do Sportv para a Fox Sports. O canal global inseriu pauta política em todos os seus horários.

Visitante

Quem andou por Natal e Mossoró foi o ex-jogador Bernardo, que atuou no São Paulo, Corinthians, Vasco e Bayern de Munique. Na companhia do gestor Eugênio Ribeiro, viu um jogo do ABC. Bernardo é representante do Bayern.


Neymar
Até o jornalista Valério Andrade saiu do seu estilo manso de sempre para se indignar com Neymar e com quem o bajula: “Deve fortuna ao imposto de renda, é blindado pela Globo, enquanto o Leão arranca dinheiro do cidadão honesto”.
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