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Souza, o nosso último camisa 10

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FUTEBOL - O meia Souza do América tem uma habilidade impressionante

Everaldo Lopes – Repórter e Pesquisador

Somente com a chegada do profissionalismo ao futebol brasileiro, no começo dos anos 40, é que os torcedores foram se acostumando a ver suas equipes comandadas no gramado pelo jogador mais qualificado,  geralmente o responsável pelas melhores jogadas, aquelas que na grande maioria redundavam em gol. Eram os primeiros camisas 10 que estavam despontando. Hoje, figura a cada dia mais rara nos times brasileiros, no caso do futebol potiguar o itajaense Souza parece ser o último camisa 10 de talento diferenciado, pelo menos nascido no RN.  Fora dos grandes centros, cada estado foi sendo agraciado com os ídolos camisa 10, e o RN também teve os seus, de Jorginho a Wallace,  de Véscio a Danilo Menezes, ou de Dedé de Dora a Hélcio Xavier (Hélcio Jacaré). O mesmo  aconteceu inicialmente  no futebol carioca com Zizinho no Flamengo,  Ipojucan e Jair Rosa Pinto no Vasco, Orlando “pingo de ouro” no Fluminense e Didi no Botafogo. Mais adiante, outros grandes meias foram surgindo no futebol carioca, paulista e outros centros de futebol mais evoluído, como Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo, onde despontaram os  fantásticos Rivelino, Zico, Pelé (o mais famoso camisa 10 do futebol mundial), Dirceu Lopes, Ademir da Guia, Gerson, Tostão, Rivaldo, e vai por aí a sucessão de camisas 10 famosos.

No futebol do RN, durante seu “reinado” ninguém superou a Jorge Tavares, o Jorginho, somente passando seu posto 15 anos depois para o pernambucano Alberi. Enquanto isso, o América projetava seu camisa 10, Wallace Costa, que ainda brilharia no rival ABC.  Ninguém dava passes tão “açucarados” ao companheiro,  melhor do que Wallace. Quando o mossoroense Jorginho despontou, em 1948, as camisas ainda não tinham  número às costas. Após a antiga CBD  exigir o cumprimento das normas da International Board, Jorge ficou com a jaqueta 10, para somente entregar a seu sucessor quando parou de jogar, em 67.

No América, o mais badalado camisa 10 foi Véscio, enquanto o Alecrim FC revelava João Paulo e, pouco tempo depois, o pernambucano Vasconcelos.  Os três tinham a “cara” da camisa 10. Quando Alberi chegou para o ABC em 1968, foi só vestir a jaqueta e nunca mais passá-la a ninguém, até mudar de clube. Esteve no América durante três anos, no Alecrim FC,  no futebol sergipano e amazonense. sempre com a 10. Nenhum outro camisa 10 superou os famosos Jorginho, Alberi e Danilo Menezes, pelo menos enquanto tiveram bola pra mostrar.  Danilo é uruguaio naturalizado brasileiroi, chegou em Natal para o Brasileirão de 72 indicado por Célio de Souza, e permaneceu no ABC até encerrar sua brilhando carreira.

Com o adeus dos três, cada um a seu tempo, chegaram Dedé de Dora e Hélcio Xavier, no ABC e América, inegavelmente mais dois fora de série, sendo que o curraisnovense De Dora exibiu seu talento também no América e no Cruzeiro/MG.  O futebol do RN ainda ganharia um camisa 10 talentoso, que foi o gaúcho Didi Duarte. Todos eles foram meias de ligação e ao mesmo tempo artilheiros. Ninguém no futebol potiguar vestindo a 10 fez tantos gols como Jorginho, Alberi, Hélcio, Didi, Danilo e De Dora. Vale salientar que,  nem todos eles nasceram em solo potiguar. Somente Jorginho, Véscio, João Paulo, Dedé de Dora, talvez Gonzaga e Osiel, e mais recentemente, por apenas uma temporada, o itajaense Souza, que despontou e antes de completar 20 anos deixou o RN para vôos bem mais altos, somente retornando ao América em 2006. É inegável que, em termos de projeção, nenhum superou o atual camisa 10 americano. Passou pela Seleção Brasileira e por grandes clubes, inclusive no exterior. Souza foi e é ainda um talento raro no futebol. Com o surgimento da chegada de talentos vindos de fora, lentamente foram sumindo os camisas 10  famosos. O ABC teve outros meias de passagem meteórica, o América também, e até os mossoroenses na medida em que iam enriquecendo seus elencos.

Vindo de um ainda distrito de Assu – Itajá, o futebol do RN ganhou outro camisa 10 ex-seleção brasileira, que foi Souza, a partir de 92, aos 17 anos. Só ele e Danilo Menezes foram seleção nacional, do Brasil e Uruguai, respectivamente. Souza ainda está em plena atividade, devendo jogar mais um ou dois anos, e parar. Sem dúvida, é o único a pendurar as chuteiras e poder viver só de rendimentos. Alcançou uma fase áurea, esteve no exterior, é dono de vários imóveis.  Pode parara e passar a viver só de rendimentos. Seu condomínio com 30 casas em Ponta Negra já lhe dá um excelente rendimento mensal. Com Souza, parece ter fim o ciclo dos grandes camisas 10 forjados no RN.

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