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Sputnik 50 anos depois

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Itaércio Porpino

Repórter

Nesses agitados tempos modernos, como seria a vida sem celular? E internet? Isso é tão complicado de imaginar quanto é difícil para a maioria das pessoas pensar que toda essa tecnologia só existe graças às pesquisas espaciais. Sim. E o dia de hoje, 4 de outubro, é um marco no que diz respeito às transformações no modo de viver na Terra desencadeadas da aventura espacial humana, que efetivamente teve início em 4 de outubro de 1957. Nesse dia, há exatos 50 anos, era lançado o primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik.

O satélite, levado ao espaço pela antiga União Soviética (Rússia), não tinha nenhuma função, a não ser transmitir um sinal de rádio (“beep”), que podia ser sintonizado por qualquer rádio-amador. Ele orbitou a Terra por três meses e depois foi destruído. Mas o sucesso da missão soviética bastou para gerar pânico na opinião pública norte-americana. Com medo de que os russos pudessem desenvolver tecnologia capaz de lançar bombas do espaço, os americanos se mobilizaram para dominar a mesma tecnologia. Foi o começo da corrida espacial entre as duas superpotências mundiais, que se encaravam com ameaças de destruição em massa.

A tensão da Guerra Fria terminou sem que as ameaças se concretizassem, e findou que as tecnologias espaciais acabaram gerando mudanças profundas. “Hoje, o importante é ver o que mudou no mundo e como a corrida espacial influenciou a nossa vida”, diz o professor de Física e Astronomia do Centro Federal de Educação Tecnológica do RN (Cefet), Antônio Araújo Sobrinho.

Ele lembra que a Guerra Fria fez com que os Estados Unidos criassem a NASA. Sem a corrida espacial a internet não seria possível, nem o mapeamento geológico.  “A pesquisa espacial mudou a humanidade . O celular é fruto da pesquisa espacial e as telecomunicações também dependem de satélites”, diz o astrônomo, que lembra que a transmissão da inauguração de Brasília para o Rio de Janeiro, em 1960, foi feita através de aviões fazendo o papel de satélites.

O espaço exterior é o único local do qual se pode observar a Terra como um todo. Desse modo, em temas como mudanças globais, avaliação das florestas tropicais e estudos climáticos, o uso de satélites é a única forma de obter dados de forma consistente.  “Nos dias atuais o assombro para com os fenômenos do universo e do espaço próximo foi substituído pelo conhecimento científico rigoroso e pelo uso tecnológico amplo dessa nova fronteira”, diz o astrônomo, acrescentando que o envio do homem ao espaço não só permitiu a abertura de novas fronteiras de pesquisa, como também aumentou a consciência da humanidade quanto às limitações do planeta e da responsabilidade  para a sua preservação.

E pensar que as pesquisas começaram a com objetivo militar. “Cada um queria provar que tinha mais poder tecnológico que o outro. Tinha-se a intenção de fotografar o inimigo à distância, coisa que os EUA  fazem, mas só não conseguem achar Bin Laden”, brinca o professor Araújo. As atividades ligadas ao espaço são desenvolvidas por um número relativamente pequeno de nações, entre as quais está o Brasil. Marcos César Pontes foi o único brasileiro que viu a Terra fora de sua superfície  no ano passado.

Notícias da TN no dia 5 de outubro de 1957

Em 5 de outubro de 1957, um dia após o Sputnik ir ao espaço, a TRIBUNA DO NORTE dedicava a manchete de capa ao lançamento da candidatura de João Goulart à presidência da República. Um outro assunto de destaque na edição daquele dia foi a incorporação da estrada de ferro Sampaio Correia à Rede Ferroviária Nacional.

Em suas oito páginas, o jornal tratava principalmente de política. Os espaços eram preenchidos também pelo noticiário internacional. Não existiam cadernos por editoria e as matérias eram dispostas sem o critério de hoje. Tudo muito diferente. No futebol, o Alecrim brigava em pé de igualdade com ABC e América. Em outubro de 1957, o campeonato estava na reta final, com um equilíbrio grande entre os cinco finalistas, Riachuelo, Santa Cruz, Alecrim, ABC e América, que acabou sendo campeão. 

A notícia do lançamento do Sputnik só veio a ser publicada pela TN na edição do dia 6 de outubro de 1967. O jornal noticiou o acontecimento científico na capa. Dizia assim: “Londres, 5 – A Rádio Moscou anunciou ontem à noite que a União Soviética lançou ao espaço um satélite da Terra. A emissora transmitiu um despacho da agência de notícia oficial “TASS” que diz que o primeiro satélite artificial da Terra foi lançado com êxito na União Soviética no dia 4 de outubro. Agora, o satélite gira em torno da Terra em uma trajetória elíptica e calcula-se que esteja a uma altura de 800 quilômetros.

Na edição do dia seguinte, o assunto ganhou a manchete principal do jornal pela reação de medo do governo norte-americano diante do pioneirismo russo na corrida armamentista. “Perigo aterrador o satélite soviético”, dizia o título da matéria, publicada na capa (na época, se publicava matéria na capa). A notícia destacava que “na opinião de alguns senadores norte-americanos o lançamento do satélite artificial, pela Rússia, constituiu um golpe para todo o mundo livre”.

   Nos dias seguintes, o jornal continuou publicando na primeira página notícias sobre o satélite, agora informando que seu sinal estava sendo captado por rádios-amadores de São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Bahia, e também os horários e locais em que o objeto passaria no céu do Brasil. 

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