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Superlotada, MEJC tem 20 gestantes nos corredores

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Milka Moura
Repórter
                                                                                                
A Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), na zona Leste de Natal, não dispõe mais de leitos para atender gestantes. Com a superlotação, 20 pacientes estão  internadas no corredor da maternidade. A informação foi confirmada superintendente da instituição, Luís Murillo Lopes de Britto nessa quinta-feira (4). Atualmente, a MEJC conta com 140 leitos, dos quais cinco estão separados para tratamento de grávidas infectadas pela Covid-19. São quatro leitos clínicos e  uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), todos ocupados. 
Crise no atendimento obstétrico no Rio Grande do Norte provocou o fechamento da MEJC para o recebimento de novas pacientes
A situação levou o superintendente a apelar para que a população evite procurar a Maternidade, por não possuir condições de atendimento. “Estamos no limite. Os corredores estão cheios. A gente  pede encarecidamente que as pessoas não procurem mais a Maternidade, pelo menos por essa semana. Nós não temos condição de dar assistência, pois estamos com a maternidade lotada”, disse Luís Murillo. 
A Maternidade Escola Januário Cicco recebe gestantes de alto risco, incluindo as portadoras de covid-19. Segundo o superintendente, por obrigação, a unidade precisa ter leitos de UTI disponíveis para atender as internadas, caso haja complicações. Com o cenário atual de ocupação total e dos leitos críticos mobilizados para atender casos de covid, não existem mais maneiras de cumprir esse protocolo. 
Além de pacientes de Natal, a Maternidade também recebe mulheres de outras localidades. A primeira região de saúde, localizada em São José do Mipibu e que engloba mais de vinte municípios, é a que mais envia grávidas à MEJC. 
As pacientes que chegam na Maternidade de São José do Mipibu, que não atende casos de alto risco, em trabalho de parto ou não, com características de gestação de  risco (pressão alta, diabetes), também são encaminhadas para a Maternidade Escola. Pelo ranking da unidade, as cidades que mais encaminham pacientes são: São José do Mipibu, Macaíba e Ceará-Mirim. 
Com o cenário de crise, não existem condições estruturais de ampliar os leitos e atendimentos na Unidade, e continuar prestando assistência para pacientes com diagnóstico de covid que chegam ao local.  “Nossos leitos covid estão 100% ocupados. Nós não temos condições de ampliar esses leitos, porque isso é uma obrigação do Estado”, declarou Luís Murillo.  
Luís Murillo fez apelo para que municípios não enviem grávidas
Exaustão 
A sobrecarga nas demandas atinge também a equipe de saúde. De acordo com a diretora médica da MEJC, Sônia Barreto, os trabalhadores estão exaustos, pois estão precisando lidar com o atendimento dos internados acima do número previsto. Além do excesso, alguns profissionais de saúde também acabam  infectados pelo novo coronavírus, sendo afastados para tratamento, diminuindo o número de funcionários disponíveis. “A equipe também está exausta.
Toda a equipe de saúde que tinha que atender aquele número de pacientes, está atendendo 20%, 30% a mais”, explicou Sônia Barreto.  
O desequilíbrio vivido pela Maternidade é também reflexo da crise da covid-19 no Rio Grande do Norte. Para Maria Da Guia de Medeiros Garcia, gerente de Atenção à Saúde, não houve planejamento do Governo do Estado com essa nova onda de casos. O Hospital Da Polícia, por exemplo, já serviu como local de atendimento para pacientes gestantes com covid-19, deixando a MEJC com os acolhimentos usuais.
Maria Da Guia lembrou que apenas a MEJC e o Hospital Santa Catarina estão recebendo grávidas infectadas. A internação de uma paciente com covid pode chegar a até 14 dias, e não existe local para abrigar essas mulheres.
“Tem mulher que há cinco dias está deitada em uma maca no corredor. Isso é desunamo. É preciso que o Rio Grande do Norte acorde. A assistência materno-infantil é muito deficiente no Estado, a gente diz isso duzentas, trezentas vezes, e todo ano estamos aqui nas crises que ninguém consegue resolver. Faltou planejamento nesse momento com certeza, faltou chamar quem era protagonista dos hospitais para resolver esse problema e não estar só mandando as pacientes para cá, porque são vidas. E nessa hora, principalmente, é a vida da mãe e do bebê”, desabafou.
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